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FILHOS DE MILITARES SERÃO MINORIA NA ESCOLA DA PM EM BLUMENAU
Terça-Feira, 24 de Outubro de 2017

Recentemente o Análise em Foco antecipou que duas escolas do município seriam fechadas para dar lugar a uma terceira, gerida pela Polícia Militar com recursos e estrutura da rede pública estadual. Logo em seguida observamos também que a extensão do benefício gerado pela iniciativa dependeria da quantidade de vagas que seriam abertas para a comunidade na unidade da PM, pois os estabelecimentos de ensino mantidos pela corporação dão prioridade para filhos de policiais militares.

Agora trazemos, também em primeira mão, informação do tenente-coronel Jefferson Schmidt, comandante do 10º Batalhão de Polícia Militar de Blumenau, que ficará responsável pela gestão da nova unidade militar de ensino. De acordo com ele, das 70 vagas que estarão disponíveis na primeira etapa de implantação do colégio militar (divididas em duas turmas de 6ª e 7ª série), apenas 27 serão ocupadas por filhos de militares, de forma que a maioria estará disponível para estudantes da sociedade civil.

Schmitt esclarece que existe uma lei estadual estabelecendo que 90% das vagas de um colégio militar devem ser destinadas a filhos de militares, o que impede a ampliação de espaço para alunos da sociedade civil quando a demanda pelas vagas prioritárias é grande.

– No caso de Blumenau vamos lançar as vagas e fazer uma chamada para serem preenchidas por filhos de agentes da corporação. Como são apenas 27, a maioria poderá ser ocupada por outros estudantes – explica o comandante do 10º BPM.

Proporção

O secretário de Desenvolvimento Regional de Blumenau, Emerson Antunes, acredita que a proporção das vagas pode ser ainda maior a favor dos estudantes civis.

– Não vai ser surpresa se ficar 20 x 50 – calcula, atribuindo a possibilidade ao fato de que, na opinião dele, alguns dos filhos de militares hoje matriculados em outras escolas podem não querer mudar.  

Antunes vê outro efeito positivo da abertura de um colégio militar em Blumenau: motivar outras escolas a evoluir. Como as unidades administradas pela Polícia Militar, com estrutura e recursos da rede estadual, têm modelo pedagógico exemplar e dão ótimos resultados em termos de desempenho dos alunos, a de Blumenau poderia se transformar numa espécie de âncora para o desenvolvimento da rede municipal de ensino.

Impacto

Na avaliação do secretário o impacto do fechamento de duas escolas do município, envolvidas no arranjo que permitiu trazer o colégio militar para Blumenau, terá impacto relativo na rotina dos estudantes e dos professores – a acomodação de ambos gerou receios na comunidade acadêmica, que reclamou de falta de esclarecimentos sobre o assunto. Uma das escolas fechadas, segundo Antunes, tinha apenas 200 alunos (pouco para os padrões da rede municipal, cuja média é de 2,2 mil alunos por escola, segundo dados do IBGE), que serão transferidos para unidade próxima, localizada a 900 metros da que será fechada, de acordo com ele. A outra, com número semelhante de matrículas, hoje não teria nenhum aluno dentro de seu zoneamento (área próxima da escola), atendendo apenas a estudantes vindos de ônibus de região distante alguns quilômetros.

Para acomodar os cerca de 400 alunos que serão transferidos das unidades fechadas, o estado irá reformar o prédio onde funciona hoje uma unidade estadual de ensino e entregá-lo para o município, que já tem estrutura administrativa no local.

– Você reduz o custo administrativo fazendo esta unificação, já que o baixo número de alunos nas duas escolas fechadas não justificava a manutenção de estruturas administrativas distintas – analisa Antunes.

Cobrança

Do ponto de vista administrativo, não há dúvidas de que a mudança faz todo sentido. Resta saber se fará sentido também do ponto de vista social, fazendo diferença (a favor) para quem deve fazer: estudantes, pais e alunos. Afinal, são eles que precisam ser beneficiados pela iniciativa, não os agentes públicos responsáveis por ela. Muitas vezes, e isso não é novidade para ninguém, as coisas são decididas em gabinetes e não nas ruas, à revelia dos interesses da sociedade.  

Fiquemos todos de olho, portanto, no desenrolar dos próximos capítulos desta longa novela, para conferir se o final será feliz ou não. Nenhum motivo para torcer contra, muito pelo contrário. Que os esforços empreendidos levem a um aprimoramento da educação no município, é o que todos desejam.

Se isso não ocorrer, contudo, a cobrança será inevitável.

OBS: publicação sobre o destino do lixo reciclável produzido pela Oktoberfest, prevista para esta quarta-feira, foi replanejada para sexta, em função do realinhamento das demandas editoriais 




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