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FAÇA O QUE EU DIGO, NÃO O QUE EU FAÇO
Sexta-Feira, 09 de Outubro de 2015

Também recentemente, o AeF publicou artigo posicionando-se contra a manutenção do Bolsa Família. Pelo menos dentro dos atuais parâmetros. Da forma como é distribuída a subvenção estatal hoje, contribui mais para empobrecer o país do que para enriquecê-lo, em nossa
opinião.

Internauta do Análise em Foco, que além de petista roxo e de carteirinha também é leitor atento e crítico, chamou nossa atenção citando
dois programas sociais dos quais não falamos no artigo supra-citado. Um do
município outro do estado.

No caso do programa municipal, o internauta Marlon Thiago Dunke refere-se ao CartãoBluSUAS, com o qual 800 famílias de Blumenau podem comprar alimentos de sua preferência e necessidade. O dispositivo é parte das políticas e ações do Centro de Referência de
Assistência Social
(Cras), que, além de amparar materialmente quem vive em
situação de risco social, também oferece suporte multidisciplinar, incluindo apoio psicológico, orientação profissional, dicas de saúde e esclarecimentos sobre
alimentação. Note, portanto, que existe uma diferença sensível entre o modelo
do Bolsa Família, que consiste na distribuição de dinheiro ao povo, e o do Cras,
que faz todo um esforço no sentido de realmente transformar a vida das pessoas
atendidas.

Normativa federal

O Cras, aliás, é uma normativa federal, que obriga os municípios a oferecer centros de assistência social a seus cidadãos. Por que, então, não se usa os R$ 25 bilhões por ano gastos com
o Bolsa família no reforço do Cras, que presta um serviço bem mais útil à nação
e a quem necessita? Seguramente os resultados seriam bem mais consistentes do
que os obtidos com a oferta de dinheiro fácil ao povo. Poderia até não render
voto, como rende a distribuição da mesada estatal, mas certamente transformaria
o país de fato.

Já o programa Santa Renda, do governo do estado, consiste num complemento do Bolsa Família. Para cada benefício de R$ 70,
por criança, oferecido pelo programa federal, a iniciativa estadual oferece
mais R$ 10. Assim, uma família com quatro filhos entre 0 e 15 anos, por exemplo, pode receber,
mensalmente, até R$ 320, juntando os dois benefícios.

Santa Catarina atende cerca de 33 mil famílias com o Santa Renda, ou 132 mil cidadãos, aproximadamente. O gasto anual do governo do estado chega a quase R$ 15 milhões â€“ daria para melhorar bastante a qualidade das escolas estaduais com esse dinheiro, provocando mudanças mais positivas no meio social.

Neste caso, portanto, tem-se os mesmos problemas e anacronismos do Bolsa Família – até porque são programas similares –, e as
mesmas críticas que se faz a um devem ser feitas ao outro.

Diferença

A diferença é que enquanto o Bolsa Família contempla quase 30% da população brasileira (56 milhões de pessoas), o Santa
Renda
se restringe a 1,9% dos catarinenses. Blumenau e o Cartão BluSuas levam
ajuda a apenas 1% dos blumenauenses, e ainda reforçam o programa com políticas
suplementares.

Há diferenças gritantes entre os três programas, como se pode perceber, e aquele adotado pelo município Ã©, indiscutivelmente, o mais recomendável, eficiente e transformador, sem sombra de dúvida. Lembrando que ele é induzido por uma determinação federal, cabendo a cada município investir na fundamentação do dispositivo. É o mais típico caso, portanto, do “faça o que eu digo, não o que eu façoâ€. 




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