Análise em Foco > Personalidade
PSD APROFUNDA DISCUSSÃO SOBRE CANDIDATURA CONTRA PSDB EM BLUMENAU
Quarta-Feira, 21 de Outubro de 2015

A um ano das eleições que vão escolher o novo prefeito de
Blumenau, o cenário político local vem sofrendo uma reviravolta silenciosa mas
determinante. Se até pouco tempo atrás a união do PSD de Jean Kuhlmann e João
Paulo Kleinübing
com o PSDB de Napoleão Bernardes parecia líquida e certa,
agora já parece mais distante. No cerne do impasse que persiste, estariam dois
fatores fundamentais e antagônicos: a dificuldade do prefeito em convencer
cartolas social-democráticos de seu seu punch administrativo e a resistência
que seu principal adversário, o deputado estadual Jean Kuhlmann, ainda encontra
dentro do próprio partido.

O núcleo central da resistência partidária que está dificultando a
construção da candidatura de Kuhlmann estaria no feedback que ele dá para o
estrato partidário que inclui os vereadores do PSD em Blumenau. Faltaria
humildade a Kuhlmann, como pensam alguns? Nada disso. Seria ele arrogante, como
sugerem outros? Também não. Na instância pessoal, o deputado estadual parece
não ter dificuldade alguma para ser aceito. O problema parece ser mesmo o
tratamento que ele dispensa para com alguns colegas, gerando focos de
descontentamento.

– Temos um suplente de vereador que fez 4.257 votos e está sem
nenhum espaço. É preciso dar suporte para esses quadros, para que mantenham o
potencial de suas trajetórias eleitorais – observa um vereador
social-democrático, em conversa reservada com interlocutor do portal.

Para ele, o suplente em questão (Almir Vieira) poderia estar
lotado no gabinete de Kuhlmann*, onde trabalha um ex-vereador
de outro partido (Leoberto Cristelli, do PR). A Secretaria de Desenvolvimento
Regional
seria outra possibilidade para acomodar nomes bem sucedidos na urnas,
avalia o parlamentar do PSD blumenauense:

- É difícil entender por que o cargo de secretário regional não é
preenchido por um vereador eleito (o atual titular da 15ª SDR é Cassio de
Quadros, ex-procurador do município, ex-chefe de gabinete de JPK no Executivo
blumenauense e ex-secretário de Comunicação de Blumenau
).

Nem lá, nem cá

O mesmo vereador, contudo, que já foi defensor declarado da
parceria com os tucanos, agora diz que episódios recentes envolvendo tratativas
políticas e administrativas em Brasília teriam esfriado a volúpia entre os
dois partidos. Ele alega ter participado destas tratativas, durante as quais
Napoleão Bernardes, segundo ele, teria perdido oportunidade de ganhar o abraço
definitivo do PSD.

Pelo que denota o relato do parlamentar, o tucano pode ter optado
por manter a carta sob a manga ao invés de entregá-la ao adversário para
recebê-la de volta com um carimbo de identificação – a pauta das tais
tratativas teria sido a viabilização de recursos para a construção da nova
ponte do centro (aquela, da novela recente) junto ao Ministério das Cidades,
comandado pelo social-democrático Gilberto Kassab, fundador do PSD.  

Como se vê, portanto, a coisa ainda está meio na base do “nem lá
nem cá
â€, e qualquer um dos jogadores tem condições de avançar no jogo se
conseguir posicionar suas peças corretamente no tabuleiro. Mas o que se pôde perceber na visita feita ao
gabinete do vereador do PSD, no entanto, foi certa euforia em torno da
possibilidade de Kuhlmann voltar a concorrer – entre os assessores do parlamentar
tem gente que ajudou a puxar carroça e carregar pedra na primeira eleição de
João Paulo Kleinübing para prefeito, entre 2003 e 2004, quando ele ainda era só
uma aposta incerta. Como JPK desta vez nem pensa na prefeitura e já começa a
costurar pré-candidatura a governador, seu exército pode estar pronto para
lutar mais uma vez ao lado de Kuhlmann em Blumenau . Diz-se ainda que o
ex-prefeito e hoje secretário estadual de Saúde seria o principal opositor da
aliança com o PSDB de Bernardes.

- O Jean vai vir pra levar esta eleição – já andam cantando pelo gabinete do vereador, apesar de todo o aparente descontentamento do chefe
com o deputado.

Aposta

A aposta da parcela social-democrática que defende a candidatura
do partido é de que Napoleão Bernardes chegará desgastado ao pleito de 2016.
Aposta um tanto óbvia, diga-se de passagem, pois o poder desgasta qualquer um
que se elege com 70% dos votos no segundo turno, como aconteceu com o tucano em
2012.

Por ter sido eleito quase como um super-herói dentro de um
contexto em que mal dá para ser um mortal esforçado, é claro que boa parcela do
eleitorado vai achar que Napoleão não agradou – principalmente porque o eleitor
só enxerga aquilo que vê com os olhos, e muitas das (boas) iniciativas da
gestão tucana em Blumenau não podem ser ostentadas como grandes obras ante o
olhar dos eleitores. Os cortes no funcionalismo e nas gratificações salariais
de servidores (inclusive do prefeito), as iniciativas de transparência e a
adoção de métodos inovadores de gestão são ações importantes para a
administração pública, mas que costumam passar longe da percepção do eleitor e
podem acabar não se revertendo em bônus eleitoral para Bernardes 
 â€“ o que não diminui a importância destas iniciativas, evidentemente. 

Titãs

É exatamente por isso que o futuro do atual prefeito na eleição do
ano que vem possivelmente vai ser decidido por seu marketing de campanha. Só o
carisma fantástico que ele ostenta já não será mais suficiente, como foi em
2012. Será preciso convencer o eleitor de que algumas de suas realizações, embora
não apareçam na retina das pessoas, são importantes para melhorar a qualidade
da gestão pública e os serviços que ela presta ao cidadão.

Caso o novo embate entre Kuhlmann e Napoleão se consolide, portanto, vai ser
um duelo de Titãs. De um lado, o candidato da máquina municipal, mostrando o que fez pela gestão do município; do outro, o da máquina estadual, mostrando aquilo que ele não fez e que pode ser feito. 

Para quem puder, melhor não ficar nem perto desta briga. Já quem
não puder se afastar dela, melhor tomar muito cuidado para não acabar pisoteado. 

Trecho alterado após a publicação para fim de adequação de conteúdo




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