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TRAGÉDIA DA SAMARCO É SÓ MAIS UMA EM CONTEXTO FAVORÃVEL A DESASTRES
Sexta-Feira, 13 de Novembro de 2015

Uma semana depois da tragédia da Samarco, ainda há mais perguntas
do que respostas sobre o episódio que devastou uma região inteira no interior
de Minas Gerais. Elaboramos uma compilação das dúvidas que persistem e aguardam explicações mais claras:

1) Foi feita uma vistoria na estrutura da barragem momentos antes
de seu rompimento e nenhum problema foi encontrado, é possível seguir confiando
neste tipo de trabalho daqui por diante?

2) Vai ser possível identificar se houve alguma falha na construção
ou nas vistorias que lhe deram pareceres favoráveis?

3) Quem assina estas vistorias?

4) O que dizem os respectivos laudos de cada uma?

5) Quem acompanhou a construção da barragem e assegurou que ela
poderia entrar em funcionamento sem riscos?

6) Quais foram os fornecedores de matéria-prima para a obra e os
prestadores de serviço responsáveis por sua execução?

7) Fez-se circular logo após o ocorrido que tremores de terra teriam
sido detectados na região tanto antes quanto depois do rompimento da barragem.
O mais forte deles teria atingido 1,5 graus na Escala Richter (que vai até 7) 
–
nada tão incomum para este tipo de evento, que na maioria das vezes ocorre sem
sequer ser sentido. Isso quer dizer, então, que tremores de intensidade tão
baixa poderm derrubar barragens no Brasil? OBS: para efeito de comparação, vale
lembrar que São Paulo, em 2008, sofreu com um tremor de 5,2 graus na Escala
Richter, sem que nenhum prédio da cidade tenha caído.

8) E, afinal: os elementos contidos na lama que escorreu pelo vale
mineiro após o rompimento da barragem oferece algum risco para a saúde das
pessoas? Quais órgãos já produziram laudos sobre o assunto?

9) Quem vai indenizar as famílias atingidas, como as indenizações
serão calculadas e quando serão pagas? Além disso, para onde elas serão
levadas?

10) Os responsáveis pela ocorrência serão identificados e julgados, quando
isso será feito?

Perspectiva

São respostas a perguntas como estas que podem deixar a sociedade
um pouco mais tranquila (ou não) em
relação à qualidade das edificações e ao controle do poder público
sobre elas. É uma questão de perspectiva de futuro, inclusive: podemos
acreditar que a segurança dos processos construtivos é prioridade ou devemos
esperar pelo pior?

Convém ressaltar que acidentes desta natureza, no Brasil, não são
tão raros assim. Só depois daquele famoso prédio do
construtor/deputado Sérgio
Naya
, construído com areia da praia e pouco concreto no Rio de Janeiro, outros
já vieram abaixo no país, servindo de prova para a
ineficiência e o descomprometimento
dos órgão e entidades responsáveis pela fiscalização das obras produzidas pelo
crescimento urbano.

Enquanto questões como as mencionadas acima não forem respondidas
em cada uma destas tragédias, elas continuarão a ocorrer, infelizmente. Dentro do
atual contexto, o rompimento da barragem da Samarco pode até ser um dos casos
mais graves deste cenário assustador, mas seguramente não será o último.

E o pior: pode até deixar de ser um dos mais dos mais graves,
dependendo do que ainda está por vir. A própria Samarco, aliás, já informou que
está fazendo um reforço estrutural em outra de suas unidades naquele mesmo
complexo. É de dar calafrios.




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