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A CLAREZA QUE INSTIGA
Sábado, 12 de Dezembro de 2015

Expor argumentos de forma tão claraobjetiva nem sempre é tarefa fácil para alguém na posição do diretor-executivo da Associação Empresarial de Blumenau (Acib). Para figuras como Charles Schwanke, gestor da tradicional entidade blumenauense, certas afirmações podem causar
desconfortos, desnecessários para quem não gosta muito de mexer em tubo de ensaio com glicerina.

Por isso é sempre bom e instigante
quando um entrevistado responde como Schwanke respondeu à entrevista que segue.
Principalmente na terceira pergunta. Geralmente uma boa entrevista se divide em
um trecho light, para não assustar o entrevistado e estimulá-lo a falar, e outro
mais hard, onde se tenta arrancar dele aquilo que é mais importante e/ou
interessante. É exatamente aí que muitas fontes escorregam e saem pela
tangente. O diretor-executivo da Acib, no entanto, evitou a escapatória e foi
direto ao ponto, como gostamos nós, editores, e você, internauta.

Confira:

Análise em Foco – De que forma, objetivamente, o IBB pode fomentar a inovação na cidade e na região?

Charles Schwanke: Poderá melhorar a cultura e a infraestrutura do ecossistema de inovação de Blumenau com
desdobramentos para as cidades vizinhas. O IBB trabalhará na conexão com as
diversas iniciativas na cidade, apoiar a inovação local e estruturar
iniciativas que atendam as necessidades das empresas locais.

AeF – Como está o ecossistema regional da inovação hoje? Quais suas vantagens e deficiências?

Schwanke: Precisamos fortalecer e melhorar a performance de diversos pontos do ecossistema de inovação local
como: informação, inovação, internacionalização, investimentos, talentos,
território, setores, sociedade, rede catarinense, nacional e internacional. Na
parte de informação precisamos melhorar a comunicação e o networking dos
diversos atores com uma agenda única de eventos e informações. Na inovação
precisamos inspirar a criatividade, a proteção intelectual, ampliar e
fortalecer a incubação de empresas, dinamizar a transferência de tecnologia e a
inovação aberta. Na internacionalização temos que promover mais o intercâmbio
com outras instituições e empresas, organizar missões técnicas e atrair
investimentos baseados em inovação. No campo dos investimentos atuar na
ampliação do crédito, promover investimentos, avais e garantias de crédito.
Nosso desejo é criar o Anjos Blumenau, grupo de investidores locais para as
empresas locais. Atrair, reter e qualificar os talentos locais. Na questão do
território precisamos melhorar o plano urbanístico com a facilidade de ter todas
as informações sobre a infraestrutura e imóveis disponíveis. Uma boa cidade
para se viver ajuda em muito o desenvolvimento do ecossistema de inovação.
Temos dois projetos que caminham nesta direção: o Centro de Inovação e o
Distrito de Inovação. Quando falo de setores, me refiro a uma agenda
tecnológica, mapeamento dos clusters, projetos dinamizadores e a governança
deste ambiente. No tema sociedade precisamos pensar para as novas gerações, boa
qualidade de vida para as famílias, ações para uma melhor qualidade de vida
para as pessoas da terceira idade, apoio as associações e ONGs que atuam no
campo social. E por ultimo criar uma rede de conexões com os 13 centros de
inovação de SC e interconectados com uma rede nacional e internacional de
universidades, entidades empresariais, parques científicos e tecnológicos,
incubadoras, e outros habitats de inovação.

AeF â€“ Existe uma cultura local de investimento em startups, por exemplo? É possível avançar neste terreno?

Schwanke: Ainda não existe no plano
local de uma cultura de investimento em startups. Sabemos que existem muitos
investidores, gente que tem dinheiro aplicado em operações bancárias e investe
forte no mercado imobiliário. Precisamos mostrar a estes investidores que os
recursos podem ser melhor aplicados em empresas nascentes que podem dar uma
melhor rentabilidade. Essa cultura está muito presente na California, Vale do
Silicio. Mas aqui é muito incipiente. Mas dá para avançar muito neste campo que
é um dos itens para melhorar o ecossistema de inovação local. O Brasil ficou em
10º lugar entre os países com mais investimentos de capital de risco em 2014,
com 0,3 bilhões de dólares, enquanto os EUA em 1º lugar aplicaram 49,5 bilhões
de dólares. Aqui em Blumenau temos alguns casos de empresas que tiveram aporte
de capital de risco, como é o caso da Seekr.

AeF â€“ O sistema político, econômico, administrativo e fiscal do país, assim como o quadro de dificuldades conjunturais que ele gera (enfrentamos mais uma crise), atrapalha bastante qualquer iniciativa empreendedora no Brasil. É possível inovar neste ambiente?

Schwake: Não dá para dizer que não atrapalha esta crise política e econômica. Mas ao
mesmo tempo abrem-se muitas oportunidades. No Brasil existem muitas empresas se
dando bem no campo dos aplicativos com o crescimento da venda e usos dos
smartphones. São hoje 2,6 bilhões de unidades no mundo. Só no Brasil são 76
milhões de usuários. As áreas com maior competitividade estão na área das lojas
online, plataformas de vídeo, compras coletivas, delivery, bancos comerciais,
chamada de taxis, como o Easy Taxi e o 99Taxis, entre outros. A inovação é uma
área transversal que pode ser levada a todos os setores econômicos, urbanos e
sociais. Aqui em Blumenau temos a incubadora do Instituto Gene que é uma
entidade voltada ao empreendedorismo e inovação, onde boas ideias podem ser
incubadas naquele espaço. Destaco também as ações e a troca de experiências que
acontecem no Núcleo de Inovação da ACIB.

AeF â€“ O que você espera para a economia e para o segmento da inovação nos próximos anos na cidade, na região e no Brasil?

Schwanke: Espero que haja crescimento no
numero de empresas e no numero de talentos em Blumenau, SC e Brasil. Precisamos
unir esforços entre a academia, governo e empresas para que possamos fortalecer
o nosso ecossistema de inovação. Temos diversas ações de grupos formais e
informais que tem ajudado muito na melhora da cultura da inovação, como: Gene,
Blusoft, Acib, Furb, Senai, Minha Blumenau, 
Acupuntura Urbana, Sinergia Urbana, entre outros; e eventos como a
Semana Global de Empreendedorismo, Startup Chopp, TEDx, ExpoStartup, Maratona
do Empreendedorismo e outros eventos.



 




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