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NOVO PRESÃDIO DE BLUMENAU É BOM EXEMPLO DE INVESTIMENTO PÚBLICO EFICIENTE
Segunda-Feira, 21 de Dezembro de 2015

Jornalistas puderam conhecer, na tarde
da última sexta-feira, o novo complexo penitenciário que está sendo construído
pelo Governo do Estado em Blumenau, para atender à região do Médio Vale do
Itajaí
. A dimensão e a natureza do projeto causam impressão positiva, e quem
esperava que a unidade fosse só mais um depósito de gente condenado a se
transformar em escola do crime se surpreende. Pelo que se vê por lá, trata-se
de um projeto bem concebido e com todas as condições de prestar um serviço de
qualidade para a sociedade – desde que seja bem administrado depois de pronto,
é claro, e este costuma ser o grande desafio da máquina pública no Brasil.

Celas bem acabadas com o reboco mais
liso que o de muitas casas; chuveiro com água quente, sanitário com descarga,
pia e espelho (película reflexiva, por questão de segurança) em cada cela;
pé-direito superior a cinco metros para melhorar o conforto térmico; salas de
ofício misturadas à carceragem para viabilizar o trabalho dos presos e soluções
estruturais voltadas para a economia de recursos, como válvulas externas de
abertura e fechamento das duchas instaladas em cada cela (a hora do banho é marcada e com tempo limitado). Tem até janelas que se
fecham sem
você sequer ver que estão ali, para proteger os corredores de
abastecimento (na foto acima) da chuva. São dispositivos que fazem do novo
presídio de Blumenau um modelo – pelo menos para quem está acostumado com
aquilo que hoje se chama de penitenciária na cidade.

No corredor onde ficam as celas, outro
detalhe chama a atenção no novo presídio: as paredes têm aquele conhecido
detalhe estético da textura sobre o reboco (veja na foto). A ideia, de acordo
com o engenheiro responsável pela obra, é justamente amenizar o aspecto de
prisão do lugar, para facilitar a ressocialização dos apenados.

Além de oferecer estrutura mais
humanizada para os detentos, o novo complexo também irá dar-lhes oportunidade
de trabalho. Quem desejar, portanto, poderá gerar uma renda para a família e
ainda reduzir a pena – geralmente desconta-se um dia de pena para cada três ou
quatro dias trabalhados.

Duas grandes empresas têxteis da cidade,
de acordo com o secretário de Desenvolvimento Regional, Cassio de Quadros, já
estariam interessadas em fazer parceria com a unidade.

– A Cremer e a Hering já demonstraram
interesse, poderemos avançar nas tratativas no momento adequado – observa o
titular da SDR.

Percepção

Fica fácil perceber que, se o projeto
for administrado corretamente depois de pronto, em janeiro, tem tudo para dar
certo. A concepção parece adequada, lembrando até aquelas prisões exemplares do
primeiro mundo, que para a maioria dos brasileiros são realidade apenas nos
filmes e seriados de TV.

O custo da obra também parece adequado,
considerando tudo que está sendo feito ali: R$ 35 milhões, incluindo a compra
do terreno de 300 mil metros quadrados onde foi erguida a nova unidade
prisional e que poderá receber também uma nova ala para mulheres e outra para
detentos de regimes especiais.

Note, portanto, que quando quer a esfera
pública consegue fazer bons negócios com o dinheiro do cidadão e produzir
resultados consistentes – pena que esse desejo seja coisa tão rara, ainda. Que
os bons exemplos, como o da nova penitenciária do Vale, possam inspirar
iniciativas semelhantes.

Imaginação

Agora imagine tudo o que seria possível
fazer com os R$ 200 bilhões que todos os anos são jogados fora pelo ralo da
corrupção no Brasil, segundo estimativas de entidades ligadas à transparência e
ao monitoramento do poder público. Só em presídios, daria para construir 5.714
iguais ao que está sendo finalizado em Blumenau. Com apenas um ano sem
corrupção, portanto, resolveria-se o problema do sistema carcerário brasileiro.

Botem a mão na consciência, portanto,
senhores homens públicos (com as honrosas exceções que confirmam a regra), e
parem de roubar o dinheiro da nação. Basta vocês pararem de bancar a raposa na
porta do galinheiro que o país se desenvolve fácil e rapidamente. Dinheiro para
fazer as coisas, como se pode constatar, não falta. O que falta, infelizmente,
é boa vontade e vergonha na cara para muita gente.




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