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DUELO DE 2012 PODE SE REPETIR EM 2016
Segunda-Feira, 01 de Fevereiro de 2016

Na semana passada, por sugestão de um assessor do deputado estadual Jean Kuhlmann (PSD), o editor do Análise em Foco, Rodrigo Pereira, sentou-se para uma conversa de cerca de uma hora com o parlamentar, em um café da cidade, bastante movimentado naquele dia.

Durante a conversa, Kuhlmann reforçou: está pronto para ser candidato a prefeito de Blumenau novamente e se considera o Plano A do partido
para enfrentar Napoleão Bernardes (PSDB), que vai à reeleição ostentando um
mandato vitorioso para alguns e insatisfatório para outros – o que é normal para
um gestor eleito em meio a grandes expectativas, como ocorreu com o tucano. O
social-democrático só não concorrerá, ressalta, se os outros dois nomes
colocados pelo PSD (Ronaldo Baumgarten Jr. e Eduardo Deschamps) demonstrarem
maior vigor eleitoral nas pesquisas prévias do partido.

O ex-prefeito João Paulo Kleunübing, estrela maior da constelação
social-democrática em Blumenau, estaria focado no desejo de concorrer a
governador em 2018 e por isso não seria obstáculo para as pretensões de Kuhlmann,
que até hoje assume para si a responsabilidade de última instância pela derrota
de 2012 para Napoleão.

- Tinha coisa do programa eleitoral que eu só tomava conhecimento
quando via na TV. Por isso não posso culpar meus assessores, afinal era eu o
maior interessado na questão – observa Kuhlmann (referindo-se às besteiras de seu
marketing eleitoral, como aquela que incitava os blumenauenses a votar nele
para encerrar a eleição no primeiro turno e deixar a cidade livre para a Oktoberfest
).

Foram asneiras como esta, associadas a outros aspectos de campanha,
que abriram caminho para o triunfo do carismático Napoleão Bernardes, que hoje
deixou de ser promessa para virar realidade. E qual será esta realidade nas
urnas, daqui a oito meses? Impossível saber ao certo, até que o jogo comece
para valer.

Avaliação

Parece claro que o mito Napoleão Bernardes não existe mais. O que
existe agora é a figura de um gestor público que será avaliado pelos eleitores
por seus erros e acertos. Neste aspecto, qualquer tentativa de antecipar o
resultado desta avaliação seria mera conjectura, mas o que se pode observar até
agora, à grosso modo, é que o prefeito divide opiniões (como é natural que ocorra)
e dependerá bastante de sua força de campanha para se reeleger. Se conseguir
convencer os eleitores de que sua gestão promoveu avanços na cidade, capitaliza
a vantagem de estar no poder; se permitir que os níveis de descontentamento
sejam potencializados pelos adversários, corre o risco de ser tragado pelo
vácuo da mudança. Mesmo vácuo que tirou Ana Paula Lima e Jean Kuhlmann do páreo
em 2012, aliás, dando 70% dos votos para Napoleão Bernardes.

Em relação ao futuro do prefeito, cabe ressaltar que ele agora vai
depender em grande parte de como ficará o sistema de transporte público com as
mudanças recentes, que envolveram o rompimento da concessão vigente e a
contratação de uma operadora em caráter emergencial até a próxima licitação. Corajoso,
Bernardes
apostou em uma solução que tem 50% de chances de dar certo e 50% de
dar errado. É aquela típica situação em que o paciente precisa ir para a mesa
de operação se quiser curar a doença grave e sobreviver, mesmo sabendo que o
risco do procedimento é enorme. Como estavam, as coisas não podiam ficar no
transporte coletivo de Blumenau; mas como ficarão, agora só Deus sabe.

Dilema

Na outra raia da corrida eleitoral, o PT segue com seu maior
dilema: quem vai colocar como candidato numa eleição que tem tudo para ser uma
fogueira danada para o partido? Jefferson Forest, liderança jovem e proeminente
da legenda, está disposto a ir, mas será que vale a pena queimar um coringa
deste naipe num blefe de alto risco? O também vereador Vanderlei de Oliveira,
que, por sua vez, é carta marcada do partido, já disse que sua preferência,
agora, é buscar o sexto mandato consecutivo na Câmara; a deputada estadual Ana Paula
Lima
, cujo bom desempenho na última eleição a torna opção recorrente, encara o
mesmo drama do genro Jefferson Forest: o que ganhar em uma eleição com toda
cara de sapeca ai-ai-ai?

Por último, há que se considerar a possibilidade auto-aventada
pelo PMDB de concorrer com o reitor da Furb João Natel. Ele até reúne virtudes
como pré-candidato em potencial (é sujeito de relacionamento fácil, tem
histórico consistente como figura pública e, até onde se sabe, currículo livre de
apontamentos que o desabonem como tal
). O problema é que o partido anda meio
enferrujado para concorrer na majoritária. Desde os tempos do senador Lazinho e
do ex-prefeito Renato Vianna que o partido não disputa uma eleição com força
para ganhar em Blumenau, e isso é sempre um obstáculo a mais para quem entra no páreo
olhando para concorrentes afiados como PSD, PSDB e PT.

Possibilidades paralelas

E aquela possibilidade do PSD e o PSDB darem as mãos em Blumenau,
dando à eleição um contorno praticamente unilateral? A esta altura parece bem
pouco provável. Também tem aquela que poderia ser a maior surpresa da eleição, uma
eventual parceria entre o PSD e o PT. Neste caso, no entanto, os
social-democráticos teriam que estar dispostos a encarar reação da parte mais
ortodoxa do eleitor blumenauense, que detesta os petistas.

Como na política o improvável jamais será o impossível, é bom não desconsiderar
as possibilidades mais heterodoxas, pois seriam elemento com alto poder de
reação na química eleitoral.
 




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