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ESTRATÉGIAS E POLÃTICAS DE SEGURANÇA PRECISAM SER REPENSADAS
Domingo, 03 de Julho de 2016


O crescimento do número de assaltos em Blumenau, que vem tendo índice preocupante de ocorrências em algumas áreas, realmente é algo que assusta. Casos de bandidos que invadem residências para roubar dinheiro, jóias e carros ficaram banais no noticiário local. Lotéricas, farmácias, padarias e outros tipos de estabelecimentos comerciais também já acumulam Boletins de Ocorrência sobre abordagem armada de assaltantes. Procure por “assaltos em Blumenau†no Google e constate por si só o tamanho do problema.


Por trás deste avanço da violência e da insegurança em um município que até pouco tempo atrás era quase uma Suíça brasileira em segurança e qualidade de vida, contudo, está uma ameaça ainda mais preocupante: a possível chegada do crime organizado à cidade. De acordo com fonte ouvida pelo Análise em Foco, o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) estaria tentando montar uma espécie de milícia na cidade, exigindo taxa de quem distribui drogas a usuários do município. Para atuar no mercado da distribuição em Blumenau, cada traficante teria que pagar um valor semanal de R$ 25,00 ao PGC. Quem não paga o pedágio, recebe visita não muito amigável de “agentes†da facção para fazer uma opção entre o pagamento da dívida e a própria vida. É o que relata a fonte.


O AeF não pode assegurar a veracidade da informação, embora venha de fonte supostamente fidedigna. De qualquer forma, é imperativo que as autoridades estejam atentas ao assunto e devidamente interadas dele, pois sabe-se que este tipo de mecanismo é de fato bastante peculiar ao crime organizado e é a partir dele que a violência costuma vencer o jogo contra a ordem, a segurança e a lei, como ocorre em grandes cidades do país, nas quais uma guerra civil não declarada entre facções criminosas e autoridades (muitas delas corruptas) colocou a sociedade de joelhos.


Não é isso que os blumenauenses querem para sua cidade, com toda certeza. Por isso é indispensável que o poder público esteja atento tanto ao comportamento dos criminosos quanto à postura dos agentes da lei. É no corrompimento desta relação que reside o maior risco de colapso da segurança e da ordem.


Descriminalização


O assunto enseja outra discussão importantíssima: descriminalizar ou não o uso de drogas no Brasil? Afinal, quando se olha para a radiografia do crime, percebe-se claramente que o papel do tráfico na organização financeira das quadrilhas é fundamental. É com o dinheiro do tráfico que se compra armas, policiais, juízes e políticos, dando sustentação às operações criminosas que enriquecem os inimigos da lei. Se tais recursos fossem retirados do crime organizado, portanto, a espinha dorsal do sistema seria duramente comprometida.  


Também é necessário refletir em profundidade sobre aqueles que, para alguns, seriam os efeitos negativos da descriminalização das drogas, principalmente o eventual aumento do consumo. Este é um raciocínio de base tão sólida quanto um pudim de côco, convenhamos. Afinal, sabe-se que encontrar drogas por delivery, becos de subúrbios e até baladas hoje é quase tão fácil quanto comprar um medicamento na farmácia ou pela internet.


Olhando friamente para a questão, portanto, percebe-se que a criminalização parece bem mais conveniente para quem se locupleta dela do que para quem tenta controlar o consumo abusivo de drogas e os males provocados por ele. Precisamos pensar séria e profundamente nisso, antes que seja tarde demais.


Precisamos reconhecer o Brasil como um país altamente corrupto, violento e fora de controle em algumas esferas sociais. Não podemos ter a pretensão de lidar com o problema da violência da mesma forma que lidam países mais desenvolvidos ou civilizados – entre os quais muitos até já perceberam as vantagens da descriminalização, inclusive nosso exemplar e invejável vizinho Uruguai.


Pensemos nisso, séria e urgentemente, pois o deadline para se fazer uma opção pode estar se esgotando.


 




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