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GERIDO AGORA POR CANADENSES, ESGOTO DEVE CHEGAR A 150 MIL BLUMENAUENSES EM 2017
Quarta-Feira, 09 de Agosto de 2017

A BRK Ambiental lançou nesta semana uma campanha de mídia para reforçar a marca da empresa em Blumenau, onde será responsável pela coleta e tratamento dos cerca de 45 milhões de litros de esgoto produzidos diariamente na cidade – dos quais cerca de 15 milhões já estão sendo tratados. As mudanças de gestão foram feitas de forma gradativa desde abril, quando foi oficializada a venda da Odebrecht Ambiental para o grupo canadense Brookfield, controlador da BRK.

Na prática, contudo, até agora quase nada mudou, para sorte dos blumenauenses. Afinal, apesar de tudo e de todos, a Odebrecht prestava um serviço satisfatório na implantação da rede coletora, no tratamento do esgoto e no atendimento dos clientes – tanto que seus níveis de rejeição na cidade, observando empiricamente, pareciam baixos.

Cultura administrativa

Quando se olha para as diferenças de cultura administrativa e de políticas de gestão pública entre países como o Brasil e o Canadá, parece auspicioso trocar uma empresa brasileira por outra canadense na prestação se um serviço importante como o saneamento básico – a BRK Ambiental já opera nesta e em outras áreas de infraestrutura no Brasil, com bilhões de ativos no país.

Exatamente no caminho oposto, entretanto, provoca certo desalento ver uma empresa genuinamente brasileira e indiscutivelmente competente (apesar de toda a influência negativa exercida na esfera pública) perder espaço para uma concorrente estrangeira. A Odebrecht, como observou o Análise em Foco em postagem recente, passou a ser uma das maiores exportadoras de serviços do país, atuando em diferentes países de diferentes continentes, dos desenvolvidos aos sub-sedenvolvidos. Pesa a favor da empresa também o fato de ser a única empreiteira envolvida na Lava Jato a fazer declarações públicas favoráveis ao combate à corrupção – diz isso em notas oficiais de contraponto veiculadas pelo noticiário.

Custo-benefício

Mas para o consumidor blumenauense, a quem o serviço de saneamento é prestado, vai importar apenas o custo-benefício desta prestação. Se ele for adequado, pouco importa se o prestador é brasileiro, canadense, africano ou japonês. Este, aliás, é o benefício mais positivo da globalização: permitir que a livre troca de produtos e serviços entre os países e os continentes possa gerar mais concorrência e beneficiar os consumidores – o fenômeno chinês é a ponta mais visível deste processo, que incluiu no consumo camadas antes marginalizadas do mercado.

Os primeiros sinais da troca ocorrida em Blumenau são positivos. Algumas das primeiras obras finalizadas pela canadense BRK Ambiental chamam a atenção pela qualidade do acabamento, como a da foto acima (vale lembrar que a situação do pavimento antes da intervenção é determinante para a situação em que ele fica depois da implantação da rede). A manutenção de procedimentos adotados pela antiga prestadora do serviço, como a execução de obras à noite, quando o transtorno para o trânsito é menor ou inexistente, foi outra decisão correta do novo operador – nesta semana a BRK executa trabalhos noturnos em três ruas da região central (São Paulo, Uruguai e Engenheiro Paul Werner). Resta esperar para ver se o padrão inicial será mantido e se chegará a todas as regiões da cidade. 

Comunicação visual

Agora, com uma campanha publicitária nas ruas, a empresa quer ressaltar as mudanças em sua comunicação visual, que troca o vermelho pelo azul e começa a aparecer nas ruas, em placas e outros equipamentos de sinalização. Já os endereços da empresa continuam os mesmos, assim como o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) - 0800 771 0001.

A BRK Ambiental garante que chega a Blumenau com o compromisso de melhorar os serviços prestados e o relacionamento com o cliente, assegurando também os investimentos previstos para universalizar a coleta e o tratamento de esgoto na cidade. Até o fim de 2017, a empresa espera atender a 42% da população blumenauense, o equivalente a cerca 150 mil pessoas. Há sete anos, quando teve início o contrato de concessão no município, o sistema de coleta e tratamento atendia a menos de 5% dos blumenauenses.

Estabilidade corporativa

Agora vai ser importante que a nova concessionária do esgoto permaneça até o fim do contrato, que é de 40 anos. Afinal, esta é a terceira troca de operador desde o início da concessão. A primeira não envolveu mudança de controle acionário, pois a antiga prestadora, a Foz do Brasil, já pertencia ao grupo Odebrecht,que a rebatizou de Odebrecht Ambiental.

Desta vez, contudo, a mudança foi mais drástica. Em uma única operação, 70% da empresa trocou de mãos. Esta era a fatia da Odebrecht na Odebrecht Ambiental, comprada pelos canadenses. O restante da empresa, que agora chama-se BRK Ambiental, continua com o fundo de investimento do FGTS, dono de 30% de seu capital social.




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