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SERIA PARA COMEMORAR, MAS REALIDADE LEVA A LAMENTAR
Quarta-Feira, 06 de Setembro de 2017

Com mais um feriadão chegando, é hora de blumenauenses e vizinhos do Vale do Itajaí pegarem as malas, juntarem a família e partirem novamente para o litoral ou para a serra, destinos de uma grande parte deles nesta época. Em qualquer um dos casos, contudo, eles sabem que precisarão encarar as longas filas e/ou congestionamentos da BR-470, ou então deixar para viajar em horários menos convencionais, como o fim da noite e a madrugada.

A imagem do primeiro viaduto sobre a 470 entre Blumenau e Navegantes (onde a rodovia cruza com a BR-101) ganhando forma seria alentadora não fosse o ritmo lento da duplicação. Nos últimos dias, pôde-se avistar várias frentes simultâneas de trabalho na obra, mas todas elas tímidas demais para a urgência da solução – juntando-se todas contava-se nos dedos a quantidade de trabalhadores e maquinário em atividade. Na velocidade atual, serão necessários alguns anos ainda para que os congestionamentos deixem deixem de ser rotina no Vale, facilitando a vida dos moradores da região e dos turistas que a visitam em busca de seus muitos atrativos de lazer e negócios.

Doença

Entre a lentidão e a interrupção, contudo, é evidente que melhor opção é a primeira. Não se pode, todavia, tolerar que a situação persista, pois a demora na duplicação da BR-470 é só mais um sintoma da grave doença que vitimiza o país. Um câncer administrativo que toma-lhe o corpo, compromete seus órgãos e o leva ao definhamento lenta e agonizantemente.

Na gênese deste quadro de saúde gravíssimo, estão a corrupção, a falta de eficiência e o gigantismo desproporcional da máquina pública, que tem o tamanho de um mamute mas presta serviços com a força de um rato ao cidadão. Só os mais de R$ 50 milhões encontrados em espécie no apartamento de Geddel Vieira Lima, por exemplo, seriam suficientes para pavimentar metade do trecho da BR-470 que precisa ser duplicado. Considerando que este valor paga somente a pinga no universo da corrupção no Brasil (estimado em muitos e muitos bilhões), dá para imaginar facilmente o estrago que a roubalheira desenfreada dos cofres públicos provoca na infraestrutura e no desenvolvimento do país – isso sem falar no custo da burocracia e da ineficiência do Estado.

Reforma

Neste contexto, a necessidade de se reformar a máquina administrativa e de endurecer o jogo contra a corrupção é questão de sobrevivência para o Brasil – lembrando que os reflexos desta prática nefasta atingem também a educação, a saúde, a segurança pública. Não existe área social que não seja afetada pelo roubo de recursos públicos e pela ineficiência estatal.

Até o momento, contudo, o projeto das 10 Medidas Contra Corrupção, proposto pelo Ministério Público com apoio de 2,5 milhões de brasileiros, segue à espera de esquecimento nas gavetas do Senado Federal. Primeiro foi desfigurado pela Câmara dos Deputados, que tentou transformá-lo de arma contra a corrupção em escudo a favor de corrompidos. Depois seguiu para o Senado, onde vão tentar grampeá-lo no arquivo enquanto for possivel - é o que farão sem pressão da sociedade. Já uma proposta séria e transformadora de reforma administrativa sequer ganha forma, nem nas intenções. Esse é o Congresso Nacional brasileiro, sempre tão eficiente na defesa dos próprios interesse e na indiferença para com os anseios do cidadão.

Que tal ir para a rua novamente, antes que seja tarde demais?




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