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BLUMENAU COMEMORA VINDA DE ESCOLA MILITAR, MAS EXTENSÃO DO BENEFÃCIO AINDA SERà DEFINIDA
Segunda-Feira, 16 de Outubro de 2017

Conforme antecipou o Análise em Foco na última quarta-feira, foi anunciado nesta segunda o fechamento de duas escolas e o reaproveitamento de outra em Blumenau, onde vai funcionar a partir do ano que vem uma unidade militar de ensino fundamental. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira, na sede da 15ª Agência de Desenvolvimento Regional (ADR), que recebeu autoridades do estado e do município, além de muitos policiais militares, para apresentar detalhes do projeto de implantação de uma escola gerida pela Polícia Militar na cidade.

As escolas que serão fechadas são Júlia Strzalkowska e Tiradentes, ambas municipais, cujas estruturas serão transferidas para a escola estadual Arno Zadrozny. Já o colégio Pedro II, que também pertence ao estado, vai abrigar a nova unidade de ensino da Polícia Militar, a ser instalada em uma parte subutilizada mas espaçosa do educandário, com campo de futebol, ginásio e área pedagógica ampla. A escola mantida pela PM no local terá direção, plano pedagógico e metodologia da corporação, mas os professores serão da rede estadual de ensino.   

Prioridade

A ideia de instalar uma escola militar de ensino fundamental e médio foi recebida com entusiasmo por parte da comunidade local, que vê com bons olhos a rotina de disciplina, cobrança e boas notas que costuma caracterizar as escolas mantidas pela PM. Elas de fato aproximam-se bastante de colégios particulares em termos de metodologia e resultados, geralmente ficando acima da média quando comparadas às demais unidades da rede pública estadual de educação.

É importante esclarecer, no entanto, que as unidades militares costumam dar prioridade para filhos de policiais militares. Em Florianópolis, por exemplo, onde a PM mantém uma escola há décadas, de cada 10 alunos apenas um é da sociedade civil, os outros nove são filhos de militares. É um privilégio para poucos poder estudar ali, de forma que é preciso modular as expectativas diante do anúncio feito nesta segunda-feira em Blumenau.

Divisão

Assim, quem está esperançoso para matricular seu filho na nova unidade de ensino militar precisa controlar bem as expectativas. A ideia inicial é oferecer mais vagas a estudantes da sociedade civil em Blumenau – o secretário de Desenvolvimento Regional defende que a divisão seja meio a meio, mas esta proporção será definida pela Polícia Militar, gestora das unidades militares de ensino.

Caso chegue-se ao coeficiente desejado, será criada ótima oportunidade de democratização do ensino de qualidade oferecido nas escolas administradas pela Polícia Militar. Do contrário, vai ser reforçado o privilégio de uma categoria – e de privilégios o Brasil anda cheio, diga-se de passagem. Sem entrar na questão do mérito, afinal a PM de SC presta um serviço de qualidade e ajuda o estado a ter índices de criminalidade bem abaixo da média nacional, é preciso observar este aspecto do tema para se ter uma correta abordagem do fato em evidência. Como parte dos recursos e a estrutura de funcionamento das escolas militares são oferecidos pelo sistema público estadual de ensino, uma divisão equânime das vagas entre militares e civis seria o modelo mais justo de acesso ao ensino militar.

Exemplo

Que autoridades e gestores públicos possam levar este aspecto em consideração na hora de determinar o cociente de vagas das três novas unidades de educação da Polícia Militar no estado – além de Blumenau, Joinville e Laguna também vão receber escolas geridas pela PM.

Se optarem por desconsiderá-lo, poderão dar a impressão de que o interesse é criar um serviço para atender apenas às próprias necessidades. Seria altamente recomendável, portanto, que a Polícia Militar de Santa Catarina desse mais este bom exemplo para a sociedade, cuja confiança na corporação catarinense é bastante expressiva.

Efetivo

Na capital Florianópolis também seria muito bem vinda a flexibilização do acesso ao colégio militar, mesmo que o efetivo da PM por lá seja maior, conforme argumentou o comandante da corporação no evento desta segunda-feira, associando a disponibilidade de vagas para estudantes comuns ao tamanho do efetivo em cada cidade.




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