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PEÇAS VÃO SENDO MOVIMENTADAS EM SANTA CATARINA
Segunda-Feira, 08 de Janeiro de 2018

Com promessa de amor eterno e chuva de confetes, o ex-prefeito de Imbituba (SC), José Roberto Martins, deixou o PP, onde estava há dois anos, e voltou ao PSDB, pelo qual governou o município do Sul do estado por dois mandatos, entre 2003 e 20012. O evento de filiação reuniu caciques tucanos e os dois pré-candidatos do partido ao governo, no último sábado, em Imbituba. Seria só mais um movimento discreto de cunho partidário, não fosse o contexto dentro do qual está inserido: os tucanos articulam projeto de candidatura que tem tudo para ser a principal força de oposição ao governador Raimundo Colombo (PSD) e seu candidato na sucessão.

Imbituba é uma cidade pequena, de aproximadamente 40 mil habitantes, mas representa uma mesorregião importante de Santa Catarina. Tem um porto administrado pela SC Parcerias (estatal controlada pelo governo do estado), um litoral exuberante (do qual a Praia do Rosa é a maior estrela) e uma indústria cerâmica que já se destacou. Com um PIB per capta de R$ 26 mil, é o 40 mais rico entre os 293 municípios catarinenses. Só o porto da cidade cresceu quase 50% em movimentação de carga em 2016 – no acumulado dos quatro anos em que a SC Parcerias está no controle da estrutura o crescimento seria superior a 130%, segundo a Associação Empresarial de Imbituba (Acim).

Resistência

Apesar disso, Imbituba é também um dos focos mais sensíveis de resistência ao governador Raimundo Colombo (PSD) e seu projeto de sucessão, que encontram na região Sul do estado algumas das pedras mais incômodas do sapato. Na última eleição, por exemplo, o candidato de Colombo na cidade, Christiano Lopes de Oliveira (PSD), perdeu a eleição para o petista Rosenvaldo Junior, que, apesar de todo o desgaste do partido, venceu com expressiva margem de 62,2% a 37,7%.

Pesa ainda o fato de que Beto Martins, como é mais conhecido o recém re-filiado tucano, deixa um partido que já está fechado com Raimundo Colombo, para ser um dos principais aliados de Gelson Merisio e do PSD na corrida pelo Palácio da Agronômica.

Por isso o que seria apenas um singelo evento de filiação transformou-se num ato pré-eleitoral dos mais importantes – pelo menos para o PSDB, que trabalha para viabilizar sua candidatura do ponto de vista político e logístico.

Ocorre que, se o PSD já está unido (pelo menos aparentemente) há muito tempo em torno de Gelson Merisio, o PSDB ainda encara uma divisão de interesses (pelo menos aparentemente) que coloca de um lado o prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, e do outro o senador Paulo Bauer – o primeiro seria o candidato das bases, o segundo o da cúpula (pelo menos segundo boas e más línguas de plantão).

– O Napoleão, se for candidato a governador, ganha a eleição e elege o Paulo Bauer senador. Mas se for candidato a senador, ganha do mesmo jeito, só que aí quem não se elege é o Paulo Bauer – provoca uma fonte do primeiríssimo escalão de governo em Blumenau, maior cidade administrada pelos tucanos em Santa Catarina, aparentemente duvidando das possibilidades do tucano de Joinville na corrida pelo governo do estado (ele já perdeu a eleição em 2014, para Raimundo Colombo).

Marketing

A fonte em questão não é do PSDB, mas  tem interesse direto na composição da chapa tucana para o governo do estado, que até o momento tem Bernardes e Bauer no páreo.

Uma das possibilidades, em se tratando de política e marketing eleitoral, é o PSDB estar dissimulando uma situação já resolvida para manter-se com mais intensidade na mídia e nas rodas de conversa, café e chope. Seria uma aposta de alto risco, contudo, considerando que o principal adversário já tem nome, apoios e a máquina de governo a seu favor. Apostas de alto risco, por outro lado, pagam prêmios de valor mais alto. Então é ver para crer.

O fato é que a corrida eleitoral de 2018 tem tudo para ser uma prova eletrizante do início ao fim, tanto no plano estadual quanto no nacional. Em Santa Catarina pode ser a eleição mais disputada dos últimos anos, se a lógica se fizer presente, enquanto no Brasil tem tudo para ser a mais tensa. Por isso vai ser importante o eleitor ficar de olho em quem eventualmente possa baixar o nível para levar vantagem. E também nas propostas, é claro, para identificar aqueles que sabem ou não o que é possível fazer à frente da máquina pública para resolver os problemas do cidadão




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