Santa Catarina é realmente linda. Graças a sua configuração geográfica, possui um litoral recortado que torna suas praias imbatÃveis em beleza e natureza. Temos como paisagens naturais uma belÃssima combinação de mata atlântica, costões, areia branca e ondas.
Mas, infelizmente, nem sempre o que reluz é ouro. Digo isso todo o verão, e insisto nesse assunto pois atinge a todos nós, banhistas ou não.
Lá estava eu, um uma das nossas maravilhosas praias tomando banho com a minha filha e minha esposa em um belo dia de sol (que infelizmente insistiu em participar muito pouco do nosso verão), ondas maravilhosas e céu azul.
Confesso que a cor da água não era aquilo tudo, mas dava pro gasto naquele momento. Estava quente e estar na água estava compensando qualquer dúvida em relação a sua qualidade. Enfim, era uma questão de fé.
Foi nesse momento que a dúvida se tornou uma lamentável certeza, e a minha fé na qualidade da água desceu pelo ralo. Nós, banhistas no momento, vimos boiando uma sacola de supermercado cheia de medicamentos vencidos. É isso mesmo, medicamentos. E antes que você me pergunte eu respondo: não, não olhei a data de validade dos medicamentos, até porque não pretendia usar nenhum. Mas imagino que alguém fez uma limpeza geral na sua farmácia caseira, afinal é inÃcio de ano e quer dar uma geral na casa.
Depois colocou tudo dentro de um saco de supermercado, como, aliás, todos fazemos, e para terminar como uma cereja em cima de um sundae, resolveu jogar o magnÃfico artefato no rio perto da sua casa, pois, afinal de contas, o rio leva embora para longe da sua casa e pronto, o seu problema termina ali.
Recolhi o tal saco de medicamentos, saà da água para colocar dentro de uma lata de lixo refletindo sobre a irresponsabilidade dessa atitude, que além de ser pouco ecológica é também perigosÃssima, pois estava diante de medicamentos vencidos.
Voltei para a água, junto da minha filha e esposa revoltado e temeroso, mas, se já havia encontrado um saco de medicamentos, o que mais faltaria encontrar? A porqueira humana já tinha superado seus limites, e um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. Mas eu estava errado.
Pouco depois daquele saco maravilhoso topamos com um maravilhoso absorvente higiênico boiando. Acho que não preciso dizer que saÃmos todos da água (para não dizer correndo, ou melhor nadando) direto para um banho de verdade, de água doce encanada rezando para não correr nada diferente dos canos de água da rede pública que não fosse água tratada.
Vou voltar para a praia em qualquer final de semana, e confesso que não sei se vou entrar na água. Talvez no inverno eu o faça... prefiro enfrentar o frio, e acho que você também.
Por Malcon Tafner, reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci, professor do Instituto Catarinense de Pós-Graduação (ICPG) e gestor do Grupo Uniasselvi.