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AVANÇOS NA RELAÇÃO TRABALHISTA OCORRERAM AO LONGO DO SÉCULO XX
Quinta-Feira, 29 de Abril de 2010

Vão-se 121 anos da convocação, pela Segunda Internacional Socialista, de manifestações que marcassem o primeiro de maio como um dia de luta pela melhoria das condições de vida da classe operária.


A data foi escolhida em alusão à morte de dezenas de trabalhadores, fruto da repressão policial, nas manifestações pela redução da jornada diária, em Chicago, três anos antes.


O primeiro de maio tornou-se uma data eleita, pela nascente classe operária, para a apresentação de suas reivindicações, e, ao mesmo tempo, um catalisador simbólico que concentra e amplia o poder de luta dos trabalhadores.


Os maios do século que se seguiu foram o campo de batalha em que as mobilizações da classe operária arrancaram as elites melhorias parciais, tanto na distribuição da riqueza quanto na humanização das relações trabalhistas.


O movimento operário do século vinte livrou seus membros da submissão irrestrita à hierarquia fabril e de condições de trabalho escravistas e os trouxe até um sistema produtivo regido por leis que transcendem o espaço da fábrica e realizado em condições que exigem determinado grau de mediação, com reguladores externos, como sindicatos e órgãos do Estado. Cabe então a pergunta:


O que significa o primeiro de maio na atual fase de desenvolvimento do capitalismo? Primeiro vale lembrar que, se é verdade que as condições de trabalho melhoraram neste século, também é que estas melhorias são relativas, não tocam de forma simétrica o conjunto dos trabalhadores assalariados, e que o trabalho não é prazeroso, e sim um fardo, para a maioria dos que o executam.


Temos o ambiente de trabalho exigindo cada vez mais concentração, velocidade e precisão e um trabalhador que, por humano que é, apresenta índices crescentes de estafa, depressão e doenças ocupacionais, que, ironicamente, levam a redução da capacidade produtiva média.


Uma das grandes bandeiras dos maios de nossos dias é a mesma que inspirou o primeiro dos maios dos povos, a luta pela redução da jornada semanal de trabalho, agora como forma de garantir um mínimo de salubridade a vida do ser humano que opera o sistema produtivo e como fundamento para uma execução racional, qualificada, veloz e segura da produção.


A redução da jornada, executada com êxito em vários países, é um passo importante na direção de uma sociedade em que o trabalho seja a forma de relação da humanidade com seu meio, trabalho educador, produtivo, recreador e libertador, e não um instrumento de alienação e sofrimento que leva seus partícipes às camas de hospitais e às filas por ansiolíticos.


Por Vanderlei de Oliveira, vereador (PT) em Blumenau e advogado




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