Análise em Foco > Personalidade
NA TELA DA GLOBO, NINGUÉM TRABALHA, MAS TODOS VIVEM BEM
Sexta-Feira, 14 de Maio de 2010

A Rede Globo é mundialmente famosa por suas telenovelas, produzidas no Brasil e vendidas para diversos países do mundo. São tantos países que não vale nem a pena citá-los nesse artigo.


Mas é fato, sim, que tanta exposição e fama foram causadas por uma qualidade razoável, e, quando falo disso, não digo que sou fã, mas basta comparar com as novelas mexicanas (que Deus nos livre).


Nada contra o México, cuja história merece respeito. Sua posição mundial Ã© reconhecida, mas suas novelas, de fato, eu não sou fã. Mas, voltando para a nossa famigerada Rede Globo.


Não sou aquele típico intelectual brasileiro que partilha de um princípio ideológico contra a emissora e contra o capitalismo neo-liberal (e que adora Hugo Chávez), e por isso critica tudo o que a Globo divulga, diz ou produz.


Já apreciei alguns dos seus seriados e acompanhei alguns pedaços de suas telenovelas.


Agora, é fato também que algumas de suas novelas são tão intragáveis quanto as piores novelas mexicanas. Vivi essa realidade recentemente, e certamente você também, por isso o tema desse artigo.


Com o tempo livre durante as férias de Verão, acabei acompanhando a última novela das oito (aquela, que começa às nove), cujo capítulo final vai ao ar nesta sexta-feira, por sinal.


Pois bem: a falta de realidade do folhetim foi tamanha que não agüentei, e resolvi investir esse tempo “livre†em outras atividades. O que, certamente, foi muito bom.


Explico: é fato que o título “Viver a Vida†acaba por tratar de temas que buscam esse estilo de viver, ou seja, de algo mais light, mais leve e com mais humor. Mas, pelo amor de Deus, nem um refrigerante light é tão ruim quanto essa novela.


Não estou aqui citando o caso do acidente de uma das personagens e da sua luta pessoal contra o seu estado tetraplégico, ou mesmo de outras situações vividas ao longo dos capítulos (pelo menos daqueles que eu assisti).


Mas falo de personagens que não personificam nada (olha que contra-senso), como é o caso do tal Bruno (interpretado por Thiago Lacerda) e Felipe (interpretado por Rodrigo Hilbert). Um é fotógrafo e o outro ninguém sabe, pode até ser um agente infiltrado da CIA.


Vejam e analisem, por exemplo, o caso desses personagens de papel. Vivem do e de “nadaâ€. Sempre sorridentes, comendo e bebendo do melhor, voando de asa delta como quem pede uma cerveja num bar, e logo depois pegando onda como quem pede uma batata frita para acompanhar a cerveja. Enfim, “vivendo a vida†no conceito da Rede Globo.


Tenho que perguntar: de onde vem a grana, a bufunfa, o “faz-me-rirâ€, os verdes que sustentam tanta vida boa? Ninguém trabalha? Ninguém discute nada além de fofocar a vida dos outros? Os personagens usam o dia para passear, fazer compras, ir na academia, curtir uma piscina (principal símbolo de riqueza da Globo) e pegar uma onda, como se estivessem de férias permanente. É tão irreal que não agüentei, desisti. Por favor, não se iluda, a vida não é assim. Ou será que é e eu é que trabalho demais?


Sei Lá, Sei Lá...


Por Malcon Tafner, reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi), professor do Instituto Catarinense de Pós-Graduação (ICPG) e gestor do Grupo Uniasselvi.




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