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CLUBE DE FUTEBOL E EMPRESA QUEREM ERGUER ARENA SUSPENSA NA ALAMEDA RIO BRANCO
Sexta-Feira, 04 de Junho de 2010

O Metropolitano já fez a proposta*, e agora a decisão está nas mãos da direção e do Conselho Deliberativo do Grêmio Esportivo Olímpico. Sonho do Metrô Ã© construir seu estádio no local onde há décadas funciona a sede do clube “grenáâ€, em uma das áreas mais nobres de Blumenau: a Alameda Rio Branco.


Para ficar com a área, o Metrô e a empresa  equatoriana Mega Sport Systems oferecem ao Olímpico uma sede nova, em outro local da cidade, livre de enchente.


O presidente do Olímpico, Braulino Pontes, diz que aguarda uma carta de intenções oficial, assinada pelo clube e pela Mega Sport. A partir daí, convocará uma Assembleia Geral para discutir com os sócios a proposta. Pontes antecipa, no entanto, que o Grêmio Olímpico prefere participar da iniciativa, mantendo sua sede no novo complexo, a mudar-se para outro local*.


No ano passado, a Mega Sport participou de concorrência para a reforma do estádio São Januário, casa do clube carioca Vasco da Gama. Em Santa Catarina, também ensaia parceria com o Marcílio Dias e o Figueirense na elaboração de projetos para novas arenas esportivas. Em seu website – www.megasportsystems.com – a empresa afirma ter participado da construção ou reforma de diferentes estádios na América Latina, entre os quais estariam o Beira-Rio, casa do Internacional, e o Monumental de Quito, onde o Vasco conquistou o título da Libertadores de 1998, sobre o Barcelona (EQU).


O presidente do Metrô, Edson da Silva (o Pingo), mostra-se confiante e empolgado com as chances do negócio ir adiante com o Olímpico. Segundo ele, o projeto exigiria investimento de R$ 100 milhões, aproximadamente.


O estádio, segundo Pingo, é a cereja do bolo do empreendimento, que prevê também a construção de um centro comercial e empresarial, além de um estacionamento para 3 mil vagas, que ficaria sob o gramado e as arquibancadas, semelhante ao modelo adotado pelo Ajax, da Holanda (foto da capa). A arena do Metropolitano teria capacidade para receber entre 25 e 30 mil pessoas, e levaria de dois anos e meio a três para ser concluída.


O dirigente sustenta que duas novas ruas e duas novas pontes estão projetadas e seriam construídas. De acordo com o presidente do Metrô, as novas vias irão ligar a Alameda Rio Branco à Rua Amazonas. Para chegar ao estádio, o torcedor seguiria pela rua Amazonas e acessaria a nova via projetada, próximo ao Terminal da Fonte Luminosa. Já a entrada do centro comercial seria pela Alameda, conforme detalha o dirigente.


Ele afirma também que as novas ruas iriam melhorar o sistema viário daquela região, trazendo mais agilidade ao trânsito de veículos.


KLEINÃœBING CONSIDERA POSSÃVEL LIBERAÇÃO DA OBRA, DESDE QUE ATENDA A PLANO DIRETOR 


Consultei o prefeito João Paulo Kleinubing sobre a possibilidade da prefeitura autorizar a construção de um empreendimento deste porte na Alameda, e, para minha surpresa, ele disse que, se o projeto atender e respeitar normas do Plano Diretor, é possível, sim, a administração permitir a obra. Os estudos de impacto de vizinhança, ambiental e de  tráfego,  já estão em andamento.


– Se for viável tecnicamente, vamos aprovar – afirmou o prefeito. 


Há dois anos o discurso era outro. Em 2008 falei com o secretário de Planejamento Urbano, Walfredo Balistieri, sobre a hipótese de se construir um estádio na Alameda, aproveitando o espaço do GE Olímpico, e ele rechaçou a ideia. Disse que não havia a menor condição de ser permitida a construção de um estádio em qualquer área da região central de Blumenau, devido aos problemas que o empreendimento causaria ao trânsito.


Pelo que ouvi do prefeito, o projeto apresentado deve ter convencido o governo municipal de que é possível, sim, erguer um estádio e um centro comercial na Alameda.


O Metrô sonhava em construir seu estádio na região Norte da cidade, mas, como dois shoppings center já começaram a ser construído ali – um às margens da BR 470 e outro na Via Expressa – o clube teve que alterar os planos.


Se realmente o projeto sair do papel, será espetacular para a cidade ter uma praça esportiva moderna, e na rua mais charmosa de Blumenau. Sempre disse que estamos 200 anos atrasados quando o assunto é futebol e está mais do que na hora do torcedor ter um estádio à altura da sua paixão. Um estádio como este, sem dúvida alguma, representaria uma nova era no futebol profissional da cidade, e asseguraria a consolidação definitiva do Metropolitano.


Mas é preciso que as autoridades públicas tenham responsabilidade para avaliar este projeto. Precisamos de um estádio, sim. Mas não precisamos de mais problemas para o já caótico trânsito blumenauense.


Se o projeto elaborado apresentar e provar que as novas vias irão suportar o impacto no trânsito que o empreendimento iria exigir, que o sinal verde seja dado. O que se espera do poder público é bom senso e capacidade técnica para decidir o que é melhor para a coletividade.


Vamos aguardar. Eu, particularmente, torço pelo futebol blumenauense e espero que essa negociação acabe com um final feliz. É importante lembrar que essa discussão só terá validade se o Grêmio Esportivo Olímpico aceitar sair do local. O futuro, neste caso, está nas mãos dos “grenásâ€.


 


Por Paulo César da Silva, colunista do Análise em Foco e coordenador de jornalismo da Rádio Nereu Ramos


 


* Trechos alterados após a publicação do artigo, devido ao ingresso de informação nova sobre o assunto.




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