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FILAS PARA INGRESSO QUASE SUMIRAM E CONSUMO DE CHOPE DISPAROU 70%
Segunda-Feira, 25 de Outubro de 2010

Desde que a lógica cartesiana e a matemática anunciaram que o real é aquilo que pode ser mensurado, ou seja, medido, descrito numericamente, os números ganharam um papel indispensável em toda e qualquer análise. Sem eles, a opinião passa a ser mero palpite, assim como a avaliação vira apenas um chute.


Sendo assim, não se pode deixar de olhar para os números ao se analisar a qualidade e os resultados da Oktoberfest 2010. Tivemos uma festa pior ou melhor que a do ano passado? O que funcionou, o que não deu certo? O que precisa mudar para o futuro?


Oktoberfest 2010  recebeu  público de 578 mil pessoas, de acordo com dados da Vila Germânica. É um número 22% menor que o de 2009, quando a maior festa da tradição alemã das Américas recebeu 731 mil pessoas. Em relação à expectativa inicial para 2010, que era receber 800 mil visitantes, a quebra foi maior ainda: 31%*.


MENOS GENTE BEBENDO MAIS = CONSUMO 70% MAIOR DE CHOPE*


Isto quer dizer que a festa estava ruim? Não. E são os números, mais uma vez, que mostram isso: o consumo de chope explodiu, subindo 70%*. De 0,6 litro de chope consumido por pessoa em 2009, o consumo per capta saltou para 1 litro este ano*. Ou seja, vieram menos pessoas, mas elas beberam e se divertiram bem mais.


E beberam mais por quê? Neste caso, seria preciso uma pesquisa de metodologia mais rigorosa para apurar, mas a observação empírica pode apontar pelo menos uma variável: com menor número de pessoas no interior da Vila Germânica, fica mais fácil comprar bilhetes e acessar o balcão das cervejarias.


Afinal, quem vai à festa nos momentos de maior movimento levará um tempo significativo para comprar o ticket de chope e trocá-lo nas chopeiras. Se há menos movimento, portanto, fica mais fácil adquirir o produto, e isso pode estimular os apreciadores da bebida a consumir mais.    


Mas tão importantes quanto os números são as imagens, como subsídio para a análise dos fatos. Nas fotos que você vê acima e na Capa, uma conclusão clara: as filas praticamente sumiram nas bilheterias da Oktoberfest 2010, principalmente em comparação com 2009 (última foto, do alto para baixo, acima). Uma grande conquista da festa este ano. Filas são normais e precisam ser aceitas, pois, de certa forma, denotam civilidade. Ninguém, contudo, sentirá falta delas, caso desapareçam. 


Em muitos momentos, o movimento nos portões de entrada da Vila Germânica (segunda foto, do alto para baixo) era bem maior que o das bilheterias (primeira foto, do alto para baixo), dando a impressão de que a venda antecipada de ingressos possa ter dado resultado.


Mesmo quando ficaram maiores, as filas para compra de ingresso não superaram as das catracas de acesso.


REDUÇÃO DO PÚBLICO CONTRIBUIU, MAS DIMINUIÇÃO DAS FILAS TAMBÉM É CONQUISTA DA ORGANIZAÇÃO DO EVENTO


Evidentemente que a redução do público presente à festa contribuiu para a diminuição das filas, mas o aumento do números de bilheterias e a venda antecipada de ingressos, pela internet e em postos de venda, também. Foi uma soma de fatores, uma conquista da organização do evento.


Para o futuro, agora, cabe problematizar um outro aspecto, com vistas a continuar evoluindo na organização da festa: o alto grau de adensamento humano nos corredores e áreas de circulação da Vila Germânica, assim como o saturamento da capacidade dos banheiros em momentos de pico.


A Vila Germânica, que hoje é um dos mais modernos, charmosos e bem estruturados parques de eventos de Santa Catarina, talvez tenha ficado pequena para a grandiosidade da maior festa alemã das Américas.


As obras que deram à Vila o ar europeu que ela tem hoje – como o restaurante Park Blumenau e o Empório Vila Germânica –, assim como o prolongamento da avenida Humberto de Campos, suprimiram boa parte das áreas livres que havia no interior do Parque, e que contribuíam para a dispersão e circulação das pessoas.


Por isso a ampliação da Vila parece ganhar escopo como demanda para o médio e longo prazo. Senão de forma definitiva, mas pelo menos temporária, através de eventual fechamento da Humberto de Campos durante a festa, por exemplo.


Uma questão a ser analisada pelos organizadores do evento, que são os grandes responsáveis pelo sucesso da festa. Afinal, sempre que se precisa expandir uma estrutura, é porque ela deu certo.


E, para quem gosta da Oktober, já começou a contagem regressiva: faltam 364 dias para a Oktoberfest 2011. Até lá!


* Trechos alterados para fins de atualização de conteúdo.




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