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CHUVA FORTE PERMITE NOVO TESTE DA RECONSTRUÇÃO
Segunda-Feira, 31 de Janeiro de 2011

A região Sul de Blumenau, onde estão os bairros Garcia e Progresso, tem a topografia mais acidentada e a bacia hidrográfica mais abundante da cidade. Em 2008, quando o município foi devastado por 1.500 milímetros de chuva em três meses, foi a que teve o maior número de prejuízos e também a que ficou mais tempo isolada.


Agora, no temporal do fim de semana que passou, foi novamente a mais atingida e a única a registrar morte, após novo ataque de fúria das águas – um senhor de 72 anos, que observava a correnteza à margem de um ribeirão e acabou engolido pelo desbarrancamento do local.


O Sul de Blumenau também é, portanto, a região onde as obras de reconstrução e prevenção, edificadas após o desastre de 2008, puderam ser melhor testadas. Neste domingo, a reportagem do AEF foi a pontos críticos dos bairros Garcia, Progresso e Valparaíso, para observar como as novas estruturas resistiram às últimas e mais recentes investidas da natureza – como a da sexta-feira (28).


A conclusão é de que há falhas, mas também acertos. Alguns aspectos precisam ser melhorados, mas outros já podem ser elogiados. A resposta do poder público para os novos eventos, da mesma forma, parece ter sido mais rápida e articulada desta vez, denotando que houve algum aprendizado com a tragédia de 2008.


Ontem, em pleno domingo, equipes da prefeitura trabalhavam em diferentes frentes na rua Rui Barbosa, a mais atingida com a enxurrada deste fim de semana. No sábado, muita coisa já havia sido feita, como a religação da rua Alberto Puhler à Rui Barbosa, levada pela água na sexta à noite. Naquele ponto, contudo, um alerta importante, feito pelo próprio morador:


– Há 20 anos tinha um tubo de meio metro e não acontecia isso. O problema é o desmatamento e o lixo. A madeira desce com a água, pára na boca do tubo (que hoje tem um metro o meio de diâmtero) e entope tudo, junto com o lixo. Daí a água sobe e leva a terra embora (a superfície da rua, sobre a tubulação que canaliza o ribeirão e acaba entupida quando chove forte) – analisa o aposentado José Francisco Martins (foto número 1).


Por isso, de nada adiantará exigir que o poder público faça a sua parte se o cidadão também não fizer a sua.


Confira, abaixo, como se saíram algumas das obras e serviços públicos do município, planejados após 2008 e severamente testados pelas últimas demonstrações de força da natureza no Sul de Blumenau (os números abaixo correspondem às fotos acima):


1) Ligação entre as ruas Alberto Puhler e Rui Barbosa, no Progresso, ruiu em 2008 e agora também. Já no sábado, contudo, estava recuperada e aberta ao trânsito. Um pedaço da margem, no entanto, ainda precisa ser recomposto, como mostra, na foto, o aposentado José Francisco Martins, morador do local.


2 e 6) Gabiões da rua Emílio Talmann resistiram bem às últimas investidas da água que desce pelo Ribeirão Garcia. No último fim de semana, de acordo com moradores locais, eles chegaram a ser encobertos pela água, que subiu cerca de três metros. Nestas situações, a correnteza ganha muita força e exerce grande pressão sobre aquelas encostas. Em 2008, levou toda a margem, inclusive a rua, recuperada após seis meses de obras (foto 6). Desta vez, contudo, parou na robustez da estrutura erguida ali.


3) Muro de contenção de encosta, na rua Progresso, segurou o barranco, mas não a lama que escorreu dele e tomou a calçada. A estrutura precisou ainda do reforço improvisado de tapumes de compensado e estacas contra as quais estão fixados. Obra precisa ser complementada, para que atenda integralmente a seus objetivos.


4) Drenagem do morro na Curva da Rua Progresso, como ficou conhecido o ponto que isolou o Sul de Blumenau em 2008, funcionou bem e ajudou a evitar novos deslizamentos no local. Estaqueamento da pista também parece ter sido bem sucedido, evitando que o asfalto voltasse a ruir nos temporais que já ocorreram após a tragédia de dois anos atrás.


5) Ponte que liga a rua Capinzal à Emílio Talmann parece agora estar acima do poder de destruição das águas do Ribeirão Garcia. Com um vão central amplo e cabeceiras reforçadas com pedras, não tem sequer marcas dos últimos temporais, estando ainda com cara de nova. Em 2008, foi completamente destruída e precisou ser refeita. Neste caso, bem melhor do que era antes.


7) Equipes da prefeitura trabalharam rápido e, no domingo à tarde, já haviam praticamente terminado a limpeza da rua Rui Barbosa, a mais atingida pelo temporal deste final de semana. Providência importante, pois a lama e a areia acumuladas sobre a pista e a calçada poderiam esgotar definitivamente a capacidade já bastante limitada do sistema de drenagem fluvial, em caso de nova chuva.




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