EDITORIAL AEF:
A humanidade, muitas vezes, segue invertendo o foco de análises importantes, infelizmente. Exemplo claro disso: o racionamento de água efetuado pelo Serviço Autônomo Municipal de Ãgua e Esgoto (Samae) de Blumenau, na última semana. Em função de um forte aumento de turbidez da água do rio ItajaÃ-Açu, causado pelo excesso de chuvas no Alto Vale do ItajaÃ, a autarquia precisou reduzir em 50% o tratamento e o fornecimento do lÃquido.
Foi um “Deus nos acudaâ€, como sempre. Pessoas reclamando, veÃculos de comunicação se deleitando com o assunto e o Samae correndo contra o tempo – e o clima – para “normalizar†o fornecimento. Na rádio, houve até quem fizesse ofensas pessoais ao presidente da autarquia, como se a decisão – acertada – de limitar a coleta e o tratamento de água fosse uma decisão, ou um capricho, individual.
Não era. Recolher e tratar água com tamanho nÃvel de turbidez (que chegou a 9 mil unidades, 15 vezes mais que o tolerável) colocaria em risco a saúde da população e a vida útil dos equipamentos do Samae, ocasionando prejuÃzos muitÃssimo maiores do que a limitação do fornecimento.
A pergunta mais importante, contudo, e que ninguém fez, é: foi a redução no fornecimento ou o desperdÃcio que levaram muitas torneiras a secar?
É normal precisar tratar
Piscinas, banheiras de hidromassagem, lavações de carro e toda sorte de confortos supérfluos e individualistas, entre os quais também estão os banhos longos e as torneiras insaciáveis da cozinha ou da área de serviço, sobrecarregam perigosamente o sistema. A falta de caixa d´água em muitos domicÃlios, da mesma forma, impõe ao mecanismo de tratamento e distribuição uma regularidade que, no futuro, pode ser posta em cheque pelo esgotamento das reservas mundiais de água potável.
Uma conta bastante intuitiva e simples ajuda a fundamentar o raciocÃnio. Durante o racionamento da semana passada, o Samae de Blumenau fazia o fornecimento pelo menos uma vez ao dia, em quantidade suficiente para encher uma caixa de
O AEF fez levantamentos e concluiu que:
1) Um modelo simples de chuveiro, quando ligado, consome cerca de cinco litros por minuto. Em um banho de cinco minutos, portanto, gastará
2) Com sete litros de água, é possÃvel preparar feijão, arroz e macarrão para quatro pessoas, que é a média de integrantes da famÃlia brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE). Mudando o cardápio, não mudará muito a quantidade, que poderia ficar até menor.
3) Com
4) Com cerca de
OBS: o levantamento em questão desconsidera quipamentos que dispensam o uso de água potável, como a descarga do banheiro ou as mangueiras de uso externo, que podem utilizar água armazenada da chuva ou reaproveitada.
Somando-se os números acima e considerando uma famÃlia de quatro pessoas, fazendo quatro refeições em casa (almoço, janta, café da manhã e café da tarde) e lavando roupa uma vez ao dia, tem-se que seriam gastos
O consumo per capta ideal, nesta conta, é de
Em um futuro não tão distante assim (considerando o nÃvel de degradação ambiental e comprometimento de mananciais hÃdricos, como o poluÃdo rio ItajaÃ-Açu, na foto acima), é possÃvel até que
Neste dia,