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O QUE MUDOU COM A MAIOR DAS CRISES?
Quarta-Feira, 05 de Agosto de 2009

Análise em Foco estreia, nesta quarta-feira, a principal coluna do portal. A cada dois dias, a partir de agora, você encontrará, aqui, uma personalidade diferente. Com ela, um artigo escrito em primeira pessoa, no qual discorrerá sobre os fatos mais importantes do noticiário. Tentaremos, com esta fórmula, explicar melhor os acontecimentos do dia-a-dia. Além de informá-lo, vamos oferecer a você mais opinião e análise, permitindo que possa entender a notícia, além de consumi-la.


Nosso primeiro Analista em Foco é Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis e de Confecção de Blumenau e Região (Sintex) e diretor de Exportações da Cia. Hering. Em seu artigo, Kuhn escreve sobre a crise financeira mundial, que estourou no ano passado e até hoje traz consequências para todos. A grande indagação, ressalta, é: “o consumidor americano, o maior do mundo, voltará a gastar como antes ou poupará mais?â€. Kuhn também é objetivo ao definir as causas da crise: “crédito absurdamente fácil e ilimitado para alguns setores da economiaâ€. E os EUA, deixarão de ser a maior economia mundial? “Em algum momento sim, isso já aconteceria de qualquer formaâ€.


A seguir, o artigo do presidente do Sintex:



O CONSUMIDOR AMERICANO VOLTARÃ A COMPRAR COMO ANTES?



Por Ulrich Kuhn, presidente do Sintex e diretor de Exportações da Cia. Hering


A combinação dos fatos da perda efetiva de bens, sejam eles financeiros ou materiais, a perda de confiança e a falta de créditos – que caracterizam a crise financeira – fizeram com que o consumo individual e as atividades econômicas, na maioria das regiões do mundo, caíssem de forma dramática em um primeiro momento. E isso afetou a economia dos países como um todo. Uma das grandes perguntas do momento, agora, é:  o consumidor americano, o maior do mundo, voltará a gastar como antes ou poupará mais de agora em diante? Se optar por comprar menos após a crise, o ritmo da produção também será menor em todo o mundo.


Estes fatos – perda de bens e de confiança, além da falta de créditos – se transferiram para o Brasil e atingiram, principalmente, os setores fortemente exportadores ou demandantes de crédito. Ou seja: quem vendia em larga escala para o exterior ou costumava financiar a produção captando recursos no mercado externo enfrentou problemas sérios.


Comparar a crise atual com a de 1929 (quando a bolsa americana quebrou e fez os EUA mergulharem em recessão), no entanto, não é possível. A de 29 foi localizada, com reflexos mundiais relativos à globalização econômica da ocasião (menor do que a atual); já a de 2008 foi de fato global, mesmo tendo se iniciado de forma local.


E se você perguntar: existe algum aspecto positivo do pós-crise? A resposta é: sim. O principal diz respeito às regulamentações financeiras nos grandes mercados mundiais, procurando organizar e regrar o sistema creditício. Afinal, foi justamente a falta de controle do crédito absurdamente fácil e ilimitado para alguns setores da economia que levou o sistema financeiro ao colapso. Os bancos e organismos internacionais falharam neste aspecto.


Os níveis de emprego até voltarão ao que eram antes da crise, mas não no mesmo momento da retomada das atividades econômicas. Os países emergentes, por sua vez, assumirão novo papel. Serão mais ouvidos e participarão mais das organizações mundiais. A crise acelerou esta mudança, fazendo com que ela ocorresse de forma mais antecipada do que seria uma evolução normal e gradativa. O Brasil, se souber aproveitar os seus exemplos positivos, participará mais efetivamente das grandes discussões mundiais.


Os EUA, em algum momento, deixarão de ser a maior economia mundial. Isso iria mesmo acontecer de qualquer forma algum dia!


Em Santa Catarina e em Blumenau, o efeito visível da crise está na queda das arrecadações públicas, com diminuição do investimento público e dificuldades em determinados segmentos econômicos, gerando diminuição do emprego. E, de uma forma generalizada, implicou também no adiamento de investimentos, ou seja, criou-se um vácuo que só o tempo vai corrigir. E o pior da crise, já passou? Pelos indicadores atuais, o ritmo de queda da atividade econômica mundial diminuiu. Já se procura analisar quando a curva voltará a ser ascendente.




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