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OS PROBLEMAS DA MATHIAS BORNHOFEN
Terça-Feira, 24 de Maio de 2011

O Análise em Foco levantou o assunto e ele repercutiu, com outros veículos da imprensa local entrando na abordagem do tema. Em pauta, os problemas verificados em obra do programa Minha Casa, Minha Vida, em Blumenau, conforme mostra matéria do AEF (clique aqui e confira).


É importante ressaltar, para que a ponderação fique clara, completa e justa, de quem são as competências e responsabilidades pelas deficiências estruturais apontadas pelo portal, para que a culpa não termine com a pessoa ou instância errada. Pois, embora todos os envolvidos com o projeto sejam em parte responsáveis, esta responsabilidade incide de forma assimétrica sobre cada uma das partes, de forma que é preciso delimitá-la com precisão para evitar injustiças.


Eis, então, a escala da culpa, em ordem decrescente:


- CONSTRUTORA DA OBRA: é a principal responsável pelos problemas apontados pela reportagem do AEF. Pisou na bola, e feio. Quis economizar com material e mão-de-obra e deu no que deu. Os defeitos para corrigir, agora, são muitos, e os condomínios populares da rua Mathias Bornhofen estão prestes a se tornar uma dor de cabeça, caso a construtora não atue rapidamente na correção deles.


Se os problemas não forem corrigidos de forma rápida e eficiente, o barulho e a gritaria serão grandes no Passo Manso. Em véspera de eleição, prato cheio para a oposição e pesadelo para a situação.


- CAIXA ECONÔMICA FEDERAL: financiou a obra, pagando a construtora. Sendo assim, deveria fiscaliza-la com maior rigor, justamente para evitar que os defeitos visualizados na obra fossem produzidos. Quem assina o cheque é sempre quem tem maior poder de fiscalização, pois, se algo estiver errado, pode ser corrigido antes do pagamento da fatura. Depois, fica sempre muito mais difícil obter reparo por serviços prestados de forma inadequada.


E assim, mais uma vez, parecem ter feito “festa da galinha gorda†com o dinheiro público. De acordo com a tradição baiana, joga-se a ave mais gorda do terreiro para o alto e quem a pegar primeiro leva-a para casa e reforça o jantar. Neste caso, a galinha gorda é a licitação da obra, e o dono da panela para onde ela vai a construtora, é claro. Novelinha manjada no Brasil, diga-se de passagem.


- PREFEITURA DE BLUMENAU: foi responsável apenas pela escolha dos contemplados, pela compra do terreno destinado à obra e pela urbanização do entorno. Coisa que o fez com responsabilidade e rapidez, até. Por isso, a princípio, não tem nenhuma parte legal sobre os equívocos cometidos na construção dos condomínios da rua Mathias Bornhofen. Mas pode ser convocada, principalmente pelo cidadão, a assumir algum tipo de responsabilidade moral, como instância interessada no assunto e envolvida no processo.



MORADIAS POPULARES DEVEM SER SIMPLES, NÃO RUINS  


É importante lembrar que as unidades habitacionais em questão são populares e terão custo baixíssimo para os mutuários, que pagarão cerca de R$ 10 mil por elas, ao longo de quase 10 anos de prazo para o pagamento. É oportunidade ímpar e imperdível para quem sonha com a casa própria mas o bolso não alcança.


Mas, de qualquer forma, não se pode tolerar a falta de cuidado e o desleixo da construtora nos aspectos mencionados pela reportagem do AEF. Economia nos padrões de uma obra popular é tolerável, por ser esta destinada a famílias de menor renda. Mas economizar na qualidade dos materiais e na execução do serviço não é. O projeto deve ser simples, não ruim.


Como consertar um defeito em algo é sempre mais caro do que faze-lo corretamente, alguém vai ter prejuízo com as besteiras feitas na rua Mathias Bornhofen. Que seja a construtora responsável pela obra, não o contribuinte, e muito menos as famílias que se viram diante de um sonho – o da casa própria – e agora flertam com o pesadelo.


O episódio também deve servir de alerta para o Governo Federal, que tem no programa Minha Casa, Minha Vida uma de suas grandes bandeiras populistas. Bandeira, aliás, que ajudou a carburar o Ibope de Luiz Inácio Lula da Silva ao longo de seu mandato e a eleger Dilma Rousseff ao término dele.


Os pobres, contudo, querem coisas simples, não ruins, e certamente merecem algo um pouco melhor do que o oferecido pelo programa em Blumenau. Nem que paguem um pouco mais por isso, provavelmente até iriam preferir. Afinal, a renda do brasileiro está crescendo no país, conforme indicam dados oficiais.      


Portanto, abram o olho, senhores, fiquem atentos, pois nós estamos. E você, eleitor, deve abrir seu olho também, principalmente no ano que vem, quando for votar.           




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