A um olhar distanciado, parece haver empatia entre o governador João Raimundo Colombo (DEM) e a presidenta Dilma Rousseff (PT). No evento que marcou a entrega de apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida, em Blumenau, eles conversaram por diversas vezes, trocaram sorrisos e pareceram muito à vontade um ao lado do outro. Ela, ao discursar, citou palavras dele; ele, ao falar, informou que deverá ter uma audiência com ela em julho. Santa Catarina e BrasÃlia nunca pareceram tão próximas.
Para os catarinenses, será ótimo que realmente exista empatia entre o governador e a presidenta. Para o Vale do ItajaÃ, melhor ainda. Pois, se ela cumprir o que prometeu, a BR-470 será duplicada e o principal gargalo logÃstico do interior catarinense desfeito. Isso contribuirá para o desenvolvimento da cidade, da região, do estado e do paÃs, por que não dizer, considerando a importância da economia de SC para o Brasil.
O difÃcil, no entanto, para brasileiros, catarinenses e blumenauenses, é acreditar que ela cumprirá sua promessa. A nação está calejada, não crê mais em promessas de polÃticos.
Isso quer dizer, então, que Dilma não cumprirá sua promessa e a duplicação da 470 seguirá como lenda? Não necessariamente. Existe um elemento que dá ela o direito de reivindicar um voto de confiança: ter reconhecido que, em relação à federalização da Universidade de Blumenau (Furb), não é possÃvel estabelecer prazos nem expectativas de curto, médio ou longo prazo. Houve sinceridade e transparência na resposta. Dilma evitou o proselitismo gratuito, atitude louvável em agentes públicos.
Em relação à 470, contudo, ela falou em “o mais rapidamente possÃvelâ€, o que, de certa forma, já é um avanço. Dilma ainda tem seu capital de credibilidade, ainda inspira confiança, então é possÃvel alimentar alguma esperança.
Mas é preciso avisar a presidenta que rápido, para os catarinenses, é ainda no mandato dela. Mais do que quatro anos é tortura para o estado, que já vê seu desenvolvimento sensivelmente limitado pelo esgotamento da principal via de ligação entre o Oeste e o Leste de Santa Catarina.
O governador, se fizer a sua parte, persuadindo o governo federal e mobilizando a máquina administrativa e polÃtica que comanda, com a legitimidade indiscutÃvel de 1,5 milhão de votos, certamente será decisivo neste processo. Ele se elegeu incluindo esta entre as suas bandeiras, e tem demonstrado interesse em seguir lutando por ela.
Nos próximos quatro anos – 3,5,praticamente – Colombo e Dilma terão tudo para transformarem-se em mártires do Vale do Itajaà e de Santa Catarina. Ou para começarem a pensar em nunca mais aparecer por lá.
Melhor que sejam bem sucedidos e ganhem estátuas de bronze em praça central. Se duplicarem a 470, como estão prometendo, merecerão, pois estarão realizando um sonho de anos. Agora é só com eles, pois, no que depender da população, o bronze já pode até ir para a fundição.
Confira mais sobre os bastidores da visita de Dilma Rousseff a Blumenau na coluna Boca Pequena.