Análise em Foco > Personalidade
INDÚSTRIAS DO SUL FARÃO LEVANTAMENTO LOGÃSTICO INÉDITO
Quinta-Feira, 30 de Junho de 2011

As federações das indústrias de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul (Fiesc, Fiep e Fiergs), com o apoio da Confederação Nacional da Indústria, uniram-se para dar início àquele que será o maior estudo realizado até hoje sobre modais de transporte na região Sul, interligados a países vizinhos (Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile).


Nesta sexta-feira (1), às 14h, na sede da Fiesc, em Florianópolis, será feito o lançamento catarinense do projeto Sul Competitivo, que visa a traçar uma radiografia do que há hoje e apresentar soluções integradas para o transporte de produtos através de portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias, dutovias e rodovias.


O objetivo é viabillizar a integração técnica destes modais, gerar redução de custos e dar mais rapidez Ã  circulação de mercadorias, deixando a região mais competitiva.


– O diferencial desse estudo é a busca por soluções integradas para os três estados – constata o presidente da Fiesc, Alcantaro Corrêa.


Durante a primeira fase do Sul Competitivo, uma equipe de 12 profissionais fará um amplo diagnóstico das condições da infraestrutura de transportes na região Sul e no Mercosul, bem como estudará as 19 principais cadeias produtivas, levantando os gargalos logísticos e apontando soluções.


– Também serão analisados números sobre a produção atual e futura, assim como o local de consumo de todas essas cadeias, bem como as matrizes origem-destino e o impacto destas no custo logístico – explica Olivier Girard, da Macrologística, consultoria que fará o estudo.


 A empresa foi a responsável pelo projeto Norte Competitivo, um conjunto de soluções logísticas para os nove estados que integram a Amazônia Legal, entregue ao governo federal em março de 2011.


OPINIÃO DO PORTAL


Um processo de desenvolvimento só tem bases sólidas se for planejado e executado por quem mais entende de desenvolvimento: o setor produtivo. Políticas públicas para a indústria e o mercado ajudam bastante, pois catalisam e disciplinam movimentos de evolução, mas a ótica mais cristalina para a correta orientação do crescimento será sempre a do capital.


Não há alternativa: quem efetivamente sabe qual a melhor forma de gerar riquezas é o setor produtivo. E ponto. O governo pode ajudar a distribuir estas riquezas, com fez nos últimos 16 anos no Brasil, mas, sem elas, fica-se à deriva.


Por isso a iniciativa do Sul Competitivo é uma oportunidade imperdível de desenvolvimento. Com as próprias indústrias focadas na tarefa de desatar o nó logístico que atravanca o desenvolvimento econômico da região, tem-se uma iniciativa que poderá precipitar ciclos auspiciosos de crescimento.


Mas será indispensável que o poder público faça também a sua parte, fomentando os investimentos que se mostrarão necessários para fazer a revolução logística da qual o Sul, e o Brasil, tanto dependem para seguir no trilho do desenvolvimento. No momento em que um produto leva menos tempo para atravessar o oceano e chegar da China no Brasil do que para ir do interior do país a um navio atracado no litoral, fica evidente que é preciso fazer alguma coisa, e rápido.


E o que as indústrias querem saber é exatamente o que precisa ser feito. Quando descobrirem, contudo, provavelmente constatarão que o volume a ser investido é abissal. Quando chegar este momento, então, será a vez de se fazer outra pergunta: quem vai pagar a conta do nosso sucateamento logístico?


O governo, como se sabe, dificilmente terá caixa disponível para redimensionar a infraestrutura brasileira com a velocidade desejada pelo setor produtivo. A iniciativa privada, por sua vez, precisará de incentivos significativos, pela dimensão dos investimentos a serem feitos.


Por isso é recomendável que, antes mesmo de saber o que precisa ser feito, comecem a pensar também em como se irá fazê-lo. Uma certeza inicial, contudo, já pode ajudar a orientar todo o processo: se o peso do Estado não diminuir, pouco se poderá fazer.


Seja para investir ou incentivar investimentos, a máquina pública precisa ter uma situação fiscal e financeira melhor do que a verificada hoje. O governo precisa ser menos gastador, ineficiente e burocrático, pois, do contrário, frustrará toda e qualquer nova iniciativa de desenvolvimento.        


A BR-470, no Vale do Itajaí, é um exemplo categórico de como estes vícios de gestão prejudicam o desenvolvimento da nação. Há 20 anos, sabe-se que a rodovia precisa ser duplicada. A obra, no entanto, jamais sai do papel. Assim, entre atrasos e protelações de ordem política, burocrática ou financeira, o crescimento de uma das regiões historicamente mais prósperas do Brasil vai sendo dolorida e impiedosamente esmagado pelo esgotamento logístico.


Que a iniciativa das indústrias do Sul possa ensejar mudanças, então. Que o Brasil aprenda a resolver seus problemas com mais objetividade, eficiência e, sobretudo, responsabilidade. O setor produtivo está fazendo a sua parte, vamos ver se os homens públicos agora fazem a sua. Resta rezar para que, desta vez, tenham juízo, e deixem o Brasil crescer.


Afinal, precisamos andar a passos de tigre asiático, não de bicho-preguiça, como fizemos até agora. Abram o olho, senhores.




+ Notícias
Todos os direitos reservados © Copyright 2009 - Política de privacidade - A opinião dos colunistas não reflete a opinião do portal