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PRESIDENTE DA ACIB LAMENTA ESCÂNDALOS E COMEMORA ESGOTO
Domingo, 17 de Julho de 2011

O Análise em Foco acompanhou, no último dia 11, visita de representantes da Associação Empresarial de Blumenau (Acib) às obras do shopping Park Europeu, que está sendo construído na região Norte da cidade.


Após caminhada pela área interna do empreendimento, seguiu-se a um coquetel oferecido pelos executivos do shopping aos representantes da Acib. Na ocasião, o presidente da entidade, Ronaldo Baumgarten Jr., conversou com o AEF e deu a entrevista que segue abaixo.


Ele falou sobre as obras do Complexo do Badenfurt, a implantação do esgoto, as políticas de governo da administração municipal e a duplicação da BR-470. Falou também sobre os recentes escândalos do governo federal:


– Num início de governo, é muito escândalo – ponderou Baumgarten.


Sobre os investimentos em saneamento básico, ele comemora:


– Nossos filhos e netos terão uma Blumenau mais saudável.


Confira, a seguir, a entrevista do presidente da Acib para o Análise em Foco:


ANÃLISE EM FOCO – Qual a importância do Complexo do Badenfurt para a mobilidade urbana e a economia do município?


RONALDO BAUMGARTEN JR - O complexo do Badenfurt é de extrema importância não só para a comunidade blumenauense, mas para a economia de toda a região do Médio Vale. Vai melhorar muito a acessibilidade a Blumenau, e também contribuir para que as indústrias blumenauenses daquela região (Norte) escoem sua produção.


AEF – Por que a obra demorou tanto a sair?


BAUMGARTEN - Blumenau viveu um hiato muito grande de infraestrutura. Isso fez, inclusive, com que muitos investimentos fossem priorizados em outras regiões, fazendo com que Blumenau fosse preterida. Hoje, nossa realidade é outra, e aí o que está acontecendo é que a municipalidade, a prefeitura, de um modo geral, está tendo que correr atrás. Em virtude disso, a gente está vendo tantas obras pela cidade, como o Complexo do Badenfurt, o viaduto da Via Expressa, a inclusão do prolongamento da Via Expressa no Bid 6 (programa de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento), se eu não estou eqivocado; a inauguração da nova Beira Rio, o binário da rua Paris e uma série de outras que não lembro agora. Há investimentos em mobilidade urbana, nos corredores de ônibus. Não podemos esquecer da implantação do esgoto, em Blumenau, uma cidade de origem alemã, que tanto respeita o meio ambiente, com menos de 5% do esgoto tratado. Isso é inconcebível nos dias de hoje.


AEF – O modelo dos investimentos que estão sendo feitos em saneamento, através de concessão pública à iniciativa privada, foi bastante questionado inicialmente, até mesmo na Justiça. Pela velocidade das obras em curso, contudo, parece difícil imaginar que o poder público, sozinho, pudesse imprimir mesmo ritmo à implantação da rede de esgoto, pelo histórico de suas próprias realizações, geralmente mais morosas do que o desejado pela sociedade. Está correto pensar assim?


BAUMGARTEN: não vou comentar a opção de como foi feita a operação da obra do esgoto. O que me importa é que ela esteja feita. Se privatizado ou público, acho que a municipalidade, os munícipes, têm que enxergar o tratamento do esgoto como um bem para o futuro, para as novas gerações. Nós seguramente ainda vamos ver, mas muito pouco vamos usufruir disto. Nossos filhos e netos, no entanto, terão uma Blumenau mais saudável. Como Blumenau dá exemplo em tudo no Vale do Itajaí, com certeza as cidades vizinhas já vão correr atrás da eficiência plena na coleta de esgoto.


AEF – Há méritos da atual gestão municipal na viabilização das obras em curso ou trata-se de uma questão de calendário?


BAUMGARTEN - Eu diria para você o seguinte: o governo municipal é um governo de coragem. Nunca, ou pelo menos há muito tempo, Blumenau não tinha uma administração que tratasse de tantas obras ao mesmo tempo. Isso é uma demonstração clara daquilo que acabei de te falar, do hiato que Blumenau teve no que tange a investimentos públicos na cidade. Na verdade, hoje nós não estamos pintando as ruas de asfalto, estamos fazendo obras efetivamente saudáveis.


AEF – O complexo do Badenfurt será decisivo para desafogar o trânsito nas regiões Norte e Oeste da cidade, mas não terá nenhum reflexo para as ligações Norte-Centro-Sul e Sul-Centro-Oeste, grandes gargalos do trânsito em Blumenau, que ainda não tem anéis rodoviários periféricos. Neste sentido, a ligação Velha-Garcia é indispensável e seria o complemento do Complexo do Badenfurt. Juntos, eles formariam o primeiro anel periférico da cidade, que ligaria o Sul ao Norte, passando pelo Oeste, sem atravessar o Centro, como ocorre hoje. Ainda é possível sonhar com esta obra? O que falta para tirá-la do papel?


BAUMGARTEN - A cidade foi totalmente re-planejada no projeto Blumenau 2050, feito pela sociedade civil organizada. E o que está muito claro no projeto: Blumenau está crescendo para o Norte, então vamos viabilizar primeiro a infraestrutura do Norte, que está precária e vai melhorar muito com estes investimentos. Com certeza, com muita naturalidade, a região central e a região Sul também serão desenvolvidas, até porque também tem obras importantes de infraestrutura acontecendo por lá. Temos que fazer com que Blumenau cresça não só para um lado, Blumenau tem que crescer no seu entorno, como um todo. A região Sul, contudo, principalmente após a tragédia de 2008, precisa ter seu crescimento desacelerado. Já a região Norte foi a menos atingida, de acordo com estudos técnicos e geológicos, então está mais apta a se desenvolver mais aceleradamente.     


AEF – E a duplicação da BR-470, sai ou não sai?


BAUMGARTEN  - A duplicação da BR-470, pra mim, é uma realidade que só falta mesmo vontade política para que saia da ideia, vá para o papel e daí para uma obra. A saída do ministro dos Transportes de uma maneira tão... esquisita, preocupa. Porque aqueles 30 dias que Brasília diz que vai levar para avaliar todos os projetos (em função das suspeitas de fraude), a gente sabe muito bem que não se transformam em 30, nem em 60... o meu medo é que mais uma vez a gente caia no esquecimento. A luta vai continuar, vamos seguir batendo nessa tecla, vamos ver se a gente consegue manter a duplicação da 470 entre as prioridades do governo.


AEF – Faltam 15 meses para as eleições do ano que vem, que elegerão o próximo prefeito. A Acib pretende declarar apoio a algum candidato?


BAUMGARTEN - A Acib declara apoio a Blumenau. Antes de mais nada, somos uma entidade que defende os interesses da cidade, e todo o candidato que quiser discutir com a gente seu plano de governo, em cima daquilo que for planejado para Blumenau, nós estaremos apoiando.


AEF - Diz-se que há sintonia de pensamento entre a classe produtiva de Blumenau e as políticas de gestão da atual administração municipal. Isso é verdade?


BAUMGARTEN - Nós buscamos sempre um bom entendimento, não só com o município, mas com o governo do estado e a União. Então estamos totalmente conectados e sempre à disposição para discutir quaisquer temas que sejam do interesse tanto da comunidade quanto da classe empresarial. Estamos dispostos a sempre discutir.


AEF – O Brasil tem desafios macroecômicos importantes para encarar, como a redução da dívida pública e dos juros, que poderia levar a uma reação do câmbio e favorecer a indústria nacional, que está perdendo espaço aqui e lá fora. Você vê alguma possibilidade de avançarmos nessa questão?


BAUMGARTEN - Uma guinada muito forte na estratégia pública, no que diz respeito a investimentos externos aqui no Brasil, especulativos ou não, eu não enxergo, no curto espaço de tempo. Acredito que a economia está caminhando de uma forma consistente. Infelizmente, neste momento, a indústria nacional está sofrendo muito com o câmbio, há um processo de desindustrialização forte e isso preocupa, o governo precisa estar atento e apoiar a indústria nacional. Mas apoiar de uma forma saudável. Não adianta simplesmente boicotar investimentos inteligentes que vêm de fora para cá. Ou, inclusive, boicotar o que a gente traz de tecnologia para cá.


Mas, quem sabe, criar certas barreiras para produtos que entram no Brasil de uma forma questionável, sem muito controle. Isso ajudaria a proteger a indústria nacional.  


AEF – Ministros estão caindo, mensaleiros vão à Justiça e a oposição começa a se assanhar novamente no Congresso. Já se pode temer uma crise política e seus eventuais reflexos para a economia, como ocorria com frequência há duas décadas?


BAUMGARTEN - Eu venho dizendo, desde o meu primeiro mandato, que a coisa mais importante que tinha acontecido no Brasil, nos últimos tempos, fora o descolamento da política da economia. Este descolamento é muito interessante, se o governo continuar não se intrometendo na economia de uma maneira mais ativa, com certeza a economia não vai sentir tanto os escândalos que acontecem no governo. Agora, é de se aproveitar o momento para dizer que, num início de governo, é muito escândalo, para tão pouco tempo.  


 


  




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