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APESAR DA FRUSTRAÇÃO, NEM TUDO ESTà PERDIDO
Terça-Feira, 16 de Agosto de 2011

O primeiro a dar a notícia que ninguém queria receber foi o Análise em Foco (clique aqui e confira). Às 10h50, minutos antes da presidenta Dilma Rousseff anunciar que a Universidade Federal de Santa Catarina instalará um campus em Blumenau, o reitor da Universidade de Blumenau (Furb) atendia telefonema do portal e informava, com a voz perceptivelmente embargada pela frustração, que a Furb dificilmente seria federalizada. Natel estava no segundo andar do Palácio do Planalto e aguardava a informação oficial do que já sabia extra-oficialmente.


O anúncio da presidenta, previa o reitor, seria de que a UFSC viria para Blumenau. Minutos depois, Dilma confirmaria a informação e frustraria muita gente no Vale do Itajaí.


Natel reconhece, evidentemente, o enorme sentimento de frustração encarado por ele e pela comunidade acadêmica, que nutria grandes anseios em relação ao projeto de federalização. Mas evita colocar em xeque o futuro da Furb:


– É claro que a medida anunciada ficou aquém do desejado, mas a vinda da universidade federal beneficiará o Vale da mesma forma, e até a Furb poderá ser beneficiada também.


O fato é que a verdadeira dimensão da medida anunciada hoje e seus efeitos colaterais só serão conhecidos no longo prazo. Uma realidade, contudo, já se pode antever: parte da demanda por ensino superior direcionada hoje para a Furb e demais universidades pagas será redirecionada para a nova unidade da UFSC.


A forma como o mercado local vai absorver este movimento dependerá de alguns fatores, entre os quais a quantidade de vagas que será oferecida pelo novo pólo da UFSC, os cursos disponíveis, a grade curricular e o índice de concorrência do vestibular, por exemplo. Afinal, se houver uma migração sensível de estudantes de outras regiões do estado e do país, como costuma acontecer nas federais, a federal do Vale vai deixar muita gente da região fora da disputa. A esta camada de cidadãos, a Furb e demais instituições de ensino seguirão sendo uma opção. Exatamente como ocore hoje, com a diferença de que os blumenauenses e seus vizinhos não precisarão mais viajar até Florianópolis para cursar a universidade pública.


Outra pressuposição plausível: com a vinda da UFSC, Blumenau ganhará destaque na rota da educação superior, atraindo a atenção de novos nichos estudantis e abrindo novas frentes de captação discente. A Furb, neste contexto, poderia ser beneficiada, pois estaria em uma vitrine privilegiada.


Basta ver o que aconteceu na Grande Florianópolis, com a instalação da Universidade Federal de Santa Catarina, na década de 1960. Desde a construção do campus da UFSC na Ilha, pelo menos quatro novas instituições de ensino instalaram-se na região, a última delas a menos de uma década – caso das faculdades Decisão, que nasceram do cursinho pré-vestibular homônimo, fundado por um grupo de professores no início dos anos 90.


Fosse a presença de uma federal indicativo de mau agouro para as particulares instaladas em seu entorno, o mercado do ensino superior não seria hoje um dos pilares mais fortes da economia florianopolitana.


UM FATO POSITIVO: FURB SEGUE SENDO LEGITIMAMENTE BLUMENAUENSE


Resta ainda uma terceira consideração importante em relação à não-federalização da Furb: ela continuará sendo legitimamente blumenauense, coisa que não estaria totalmente assegurada se o governo federal assumisse a Universidade de Blumenau. Certamente haveria uma intervenção administrativa na instituição, e isso poderia comprometer seus laços com a comunidade. Como a Furb é um dos maiores orgulhos de Blumenau, seria lamentável vê-la distanciar-se dos blumenauenses.


Como lembra também o cientista jurídico-social Juan Inácio Koffler Añazco, existe ainda a componente política que estaria por trás da federalização (clique aqui e confira artigo do autor).


Talvez seja cedo demais para lamentar o corrido, então. Há males que vêem para bem, como já diria o ditado popular. Ergam a cabeça, portanto, blumenauenses, vocês estão acostumados a dar a volta por cima. Fazem isso há 160 anos, e certamente não será desta vez que  deixarão de faze-lo. Avante, Blumenau!      




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