No último dia 14, o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Ronaldo Baumgarten Jr., enviou artigo a veÃculos de comunicação. O Análise em Foco publica-o agora, principalmente por concordar com o principal argumento do dirigente patronal: o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do ItajaÃ-Açu prejudicou Blumenau impondo objeções ao projeto apresentado pela prefeitura para recuperar a margem esquerda do rio e para o qual já havia disponÃveis quase R$ 10 milhões em recursos federais.
Com a decisão do Comitê, contudo, o repasse foi cancelado e nova liberação de recursos para a recomposição da margem esquerda do rio ItajaÃ-Açu, agora, terá que passar pela apresentação de novo projeto e por nova rodada de trâmites burocráticos – o que significa um intervalo de tempo razoável, no Brasil.
Um tempo que Blumenau talvez não possa mais esperar. Para uma cidade que já enfrentou 87 enchentes – em 161 anos de história – e certamente ainda enfrentará outras tantas, abrir mão de um projeto como este é decisão que realmente merece um debate mais amplo, como propõe Baumgarten Jr.
É preciso estancar a hemorragia geológica que está consumindo aos poucos uma parte importante do solo blumenauense. Ou, então, que se peça aos blumenauenses para parar de desenvolver a cidade “no lado de lá do rioâ€, pois poderão pagar caro por esta iniciativa. Já estão pagando, aliás.
A seguir, o artigo escrito por Ronaldo Baumgarten Jr:
"Assistimos mais uma vez, nos últimos dias, ao transbordar das águas do rio Itajaà Açu e todas as suas terrÃveis consequências para as vidas dos cidadãos blumenauenses. É certo que o fenômeno natural das chuvas não pode ser contido pelo ser humano, assim como não temos o poder de alterar o curso do rio. No entanto, ações importantes poderiam ser tomadas pelo Poder Público e pela sociedade organizada para evitar novas fatalidades ou, pelo menos, amenizar as consequências desastrosas que elas trazem para a sociedade regional.
Um exemplo é o projeto de recomposição da margem esquerda do rio, vetado pelo Comitê do ItajaÃ. Apesar dos recursos de R$ 10 milhões terem sido liberados pelo Ministério das Cidades, por meio do PAC Drenagem, os participantes do comitê apontaram na proposta a “desconsideração da conservação da situação ambiental existente aliada à necessidade de contenção da erosão das margensâ€.
Pois bem, agora que as verbas já foram inutilizadas, presenciamos as margens se desfazendo pouco a pouco, sobretudo após a última enchente.
Perdemos uma grande oportunidade de evitar fatos como esse. Talvez tenha faltado mobilização das entidades de classe ou, quem sabe, faltou conhecimento da sociedade para debater o tema com maior profundidade. Não estamos tentando encontrar culpados, mas colocar os fatos na mesa: o veto do Comitê foi um atraso para Blumenau.
Agora, volta à tona a discussão do Projeto Jica, que será apresentado na Acib no próximo dia 22 de setembro, à s 18h30. A proposta elaborada pela Agência de Cooperação Internacional do Japão visa a formular um plano diretor com medidas para a prevenção e mitigação de desastres causados por enchentes e por deslizamentos de encostas na bacia do io ItajaÃ-Açu. O Comitê do Itajaà também já manifestou posição contrária a alguns itens desse projeto, cujos detalhes ainda iremos conhecer na reunião da próxima semana.
Diante dessa situação, a Acib, como representante da classe empresarial e preocupada com o desenvolvimento econômico da cidade e região, vê-se obrigada a questionar o envolvimento da sociedade com assuntos de interesse não apenas de pequenos grupos, mas de todos os cidadãos que aqui habitam, criam seus filhos e constroem suas vidas. Uma grande parcela da população é atingida por decisões tomadas por alguns. Por isso, conclamamos à sociedade organizada que participe das discussões, que manifeste suas opiniões e que exija o cumprimento do que de fato beneficiará a nós e as gerações futuras.
Por Ronaldo Baumgarten Jr., presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib)
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