Análise em Foco > Personalidade
VALE A PENA EMPREGAR FORÇA POLICIAL NO COMBATE A VICIADOS?
Terça-Feira, 08 de Novembro de 2011

EDITORIAL AEF


O episódio da ocupação e desocupação da reitoria da Universidade de São Paulo por estudantes que defendem o consumo de maconha permite duas análises interessantes.


A primeira, positiva, remete à ação bem planejada e executada pela Tropa de Choque da Polícia Militar. Sem disparar um único tiro ou bomba de efeito moral, os homens da farda mostraram que sabem agir também com o cérebro, como se espera deles, e não só com a força, como já fizeram tantas vezes no Brasil – para quem não sabe do que se está a tratar aqui, recomenda-se o livro Rota 66: a história da polícia que mata, escrito pelo jornalista Caco Barcellos e publicado pela editora Record.


Ao entrar no prédio da reitoria da USP às 5h30 da manhã, depois de estudar minuciosamente a planta do local, a turma da lei pegou a maioria dos estudantes dormindo, minando qualquer possibilidade de reação e tumulto, que era justamente o que os manifestantes queriam, para ganhar espaço na mídia e posar de vítima. Parabéns ao pessoal do coturno, portanto, desta vez.


Mas o que não pode mais acontecer é o país ficar refém de uma birra histórica entre “policiais caretões†(afinal sabe-se que existem os mais heterodoxos, digamos assim) e “maconheiros engajados†(que muitas vezes cometem excessos). Que ambos sentem-se no divã e discutam sua relação longe do olhar dispensável da plateia.


Afinal, é preciso reconheçer que já não faz mais nenhum sentido dispensar tanta força e tempo com o pessoal da canabis quando a violência, o crime e a insegurança dominam todo o país – inclusive aqui na paróquia, onde a sensação de segurança que vigorava no passado entrou para a história e o que se vê agora é o medo de assaltos a bancos, caixas eletrônicos, farmácias, padarias, lotéricas e até residências, em plena luz do dia. Enquanto Blumenau pede mais segurança nas ruas, São Paulo mobiliza 400 policiais de elite para expulsar maconheiros de uma universidade pública.


Alguma coisa está errada neste contexto, visivelmente. Ou legaliza-se a maconha ou cria-se uma forma mais específica, racional e civilizada de combatê-la. Pois, enquanto os “PMs armados e as tropas de choque vomitam música urbanaâ€, como escreveu Renato Russo, os bandidos estão livres, leves e soltos pelas ruas. Principalmente em Brasília, onde a liberdade é maior ainda.


Pensem nisso, senhores homens públicos.




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