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PETISTA REIVINDICA OPORTUNIDADE, PEDE QUE DÉCIO E ANA PAULA FIQUEM NO LEGISLATIVO E AINDA QUESTIONA PESQUISA
Segunda-Feira, 28 de Novembro de 2011

Ele é o vereador que devolveu parte do salário em 2003, quando colegas de legislatura reuniram-se para aprovar, na calada da noite, um aumento de 36% para os próprios contra-cheques. Ganhava R$ 3.400,23 por mês, quando, de repente, viu este valor subir para R$ 4.725,00.


Não hesitou e, todos os meses, devolvia a diferença à Câmara de Vereadores, enquanto os colegas regozijavam-se com a farta renda extra, obtida às custas do contribuinte. Pouco tempo depois, livrou-se de um processo judicial que agora pode levar um bom pedaço do patrimônio dos ex-vereadores que embolsaram o aumento, considerado ilegal pela Justica, que determinou a devolução dos valores com a devida correção monetária – uma dívida que já chega a cerca de R$ 100 mil por cabeça, aproximadamente.


Ele agora quer concorrer a prefeito e não abre mão deste desejo, colocando parte da cúpula partidária, favorável à pré-candidatura da deputada estadual Ana Paula Lima (PT), contra a parede.


- É uma liderança importante do partido no município, então é evidente que seu desejo de concorrer precisa ser levado em conta – disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão, em recente visita a Blumenau.


Ele é Vanderlei Paulo de Oliveira, que deu a seguinte entrevista (a segunda de uma série exclusiva com pré-candidatos a prefeito de Blumenau) para o Análise em Foco:         


Análise em Foco - O Sr. ainda acredita que possa obter a indicação do partido para concorrer a prefeito no ano que vem, a despeito das preferências perceptíveis que parte da cúpula partidária tem por Ana Paula Lima?


Vanderlei de Oliveira: Se depender do comando do partido em Blumenau, a indicação é do vereador Vanderlei. Se depender do comando do partido no estado, e inclusive da direção nacional, tenho a convicção de que o nome colocado deverá ser o meu, até porque o partido também tem a lógica de fazer uma reciclagem, fazer um trabalho de valorizar novas lideranças, e dentro da possibilidade das novas lideranças está o meu nome.


Além do que, a partir da militância de Blumenau, a partir da nossa militância no Partido dos Trabalhadores e da minha relação com a sociedade, eu que estou em Blumenau, que permaneço em Blumenau há muito tempo, tenho percebido e recebido este sentimento da nossa população e da nossa militância. Respeitando todas as lideranças do partido, todos os dirigentes, respeitando todos os mandatários, que historicamente representaram e representam o partido em Blumenau. Então, por essa história longa dentro do Partido dos Trabalhadores e da vida pública, essa longa prática no Parlamento, dentro daquilo que é da vida de Blumenau, creio e confio na indicação do meu nome por parte do meu partido (parte da sociedade), a esta candidatura.


AEF - É verdade que um compromisso da cúpula partidária para com o Sr. lhe dá o direito de concorrer a prefeito em 2012, ante o declínio em concorrer a deputado estadual em 2010, quando o Sr. desejava ser candidato à Assembléia Legislativa, mas teria aberto mão da candidatura em favor a Ana Paula Lima?


Oliveira - Na verdade o meu nome está colocado desde a eleição de 2008. Nas eleições de 2008 optei por Blumenau, por abrir mão desta candidatura. À época, o prefeito Décio Lima estava em nítida vantagem, assim optei por abrir mão da candidatura para fortalecer o Legislativo. Na época, concorriam outros com poucas chances de vencer, já com conhecimento de causa no Poder Legislativo. Por isso, no espírito de fazer um bom governo e um bom trabalho no Legislativo, com o conhecimento angariado por mim até aquela época foi que optei por ficar no Parlamento, abri mão da candidatura em 2008.


Desde aquele momento, a lógica da minha candidatura já vinha sendo trabalhada e vem sendo trabalhada. Quando eu abri mão da candidatura em 2010 (a deputado estadual), abri mão na condição de ficar, digamos, cuidando das coisas da minha cidade, fortalecendo a representação do partido a partir da minha cidade, também com a eleição do deputado Décio, da deputada Ana, fazendo o trabalho em Blumenau, e no entorno de Blumenau, principalmente, quando ocupei aqui a coordenação da campanha majoritária, no sentido de que tivéssemos um corpo muito mais forte para as disputas que viriam, e a disputa de 2012 está aí.


Então, desde aquele período, não existe um acordo, existe um compromisso meu de colocar o nome à disposição da cidade, e como não tenho o hábito de falhar com os meus compromissos, coloquei o meu nome à disposição do partido e da cidade.


Os demais, todos aqueles que concorreram nas eleições, sejam candidatos do partido ou não, que disputaram vagas para o Parlamento, para representar a cidade, a região, o estado, creio que devam ter o compromisso de cumprir os seus mandatos. A nossa região reclamou pela falta de representação, sendo assim creio que nós não temos o direito, a nossa cidade, a nossa região, não têm tantos representantes que possa abdicar de um representante ou de uma representante neste momento. Precisamos de um corpo representativo muito mais forte, e não podemos abrir mão de nenhuma delas.


Por outro lado, também é inconcebível que alguém se utilize de uma campanha como trampolim para outra. É inconcebível que esta condição seja estabelecida. Eu, que milito na política há muito tempo, meus companheiros de partido – não todos, é verdade –, têm esta concepção, de que quando somos eleitos deveremos procurar cumprir os nossos mandatos. A cidade de Blumenau já foi altamente prejudicada por muitos oportunistas, que fizeram da cidade um trampolim para outros projetos. Então não queremos que isso se repita em nossa cidade.


AEF- O resultado de pesquisa eleitoral recente, na qual Ana Paula aparece à sua frente, pode ter enfraquecido sua pré-candidatura?


Oliveira: Não, porque se fizéssemos um comparativo desta pesquisa com outras, nós não teríamos hoje a presidente Dilma eleita. Dentro do mesmo lapso temporal, quando fizeram as primeiras pesquisas incluindo o nome da presidente Dilma, ela aparecia em último lugar. O processo eleitoral é construído pelo todo, e o resultado da eleição nós vamos ter na abertura das urnas. O histórico das eleições em Blumenau comprova isso, não precisamos nem utilizar o exemplo da presidente Dilma. Foi o caso em 1996, quando as pesquisas mostravam Wan Dall (Vilson) como prefeito eleito e Décio Lima não tinha quase nada (o petista acabou eleito, contrariando prognósticos iniciais). Em 2008, o ex-prefeito Décio Lima era prefeito eleito, mas o João Paulo (Kleinübing) acaba sendo reeleito (com quase 70% dos votos).


Além destes comparativos, eu tinha recebido a informação, e aqui não é em off, de que o instituto que fez essa pesquisa (sondagem divulgada há cerca de dois meses, colocando Ana Paula Lima na liderança do cenário pré-eleitoral em Blumenau), segundo informação que recebi três meses antes dela ser divulgada, trabalhava na lógica de tentar definir quem eram os candidatos da nossa cidade. Quem define os candidatos não são os institutos, os meios de comunicação, quem define candidatos é o todo, é a cidade, os partidos, a militância e, claro, os próprios candidatos.


AEF - O PT vai chegar unido à eleição do ano que vem, uma vez que há divisão neste momento, com duas pré-candidaturas rivalizando a indicação do partido?


Oliveira: O PT, sempre que disputou as eleições em Blumenau, sempre, nós sempre demos este exemplo. O PT tem na sua lógica, no seu âmago, a lógica da definição da candidatura. A partir do momento em que o PT define a sua candidatura, sempre trabalha unido, este é um compromisso de quem é petista. 


AEF- Em sua opinião, o cenário político nacional, envolvendo a queda de ministros de um lado e a postura firme da presidenta Dilma do outro, vai interferir de forma positiva ou negativa no âmbito local?


Oliveira: Esse jeito da presidente Dilma, sério, propositivo e duro, resultado de um trabalho muito árduo feito na política, é meu jeito também. Por isso estou muito feliz com a forma com que a presidente Dilma tem trabalhado as coisas. Tem-se problemas nacionais, mas tem também os estaduais e muitos problemas municipais, eu os conheço. E na lógica de assumir o poder Executivo na cidade de Blumenau, também não vou pactuar com incorreções, escorregões, etc., até porque tenho este jeito de fazer política há muito. Por isso eu penso que isso (o contexto mencionado na pergunta) virá num sentido positivo para a nossa cidade.   


AEF - Para o PT é melhor que a Tríplice Aliança seja mantida, no município, ou que ela rache e se divida entre Jean Kuhlmann e Napoleão Bernardes?


Oliveira: Essa é uma definição que, basicamente, não passa pelo PT. Essa é uma definição da Tríplice Aliança, do Quarteto, do Quinteto, de toda essa agregação de alguns partidos, de alguns conglomerados. Nós vamos conversar, já estamos conversando com nossos parceiros políticos. Eles vão negociar, como fazem historicamente em Santa Catarina. Nós conversamos com um projeto para a cidade, eles fatalmente vão negociar a cidade. Por isso que para nós é tranqüilo, e vamos acompanhar, vamos articular com nossos parceiros e vamos aguardar as negociações que eles devem estar fazendo.


PRÉ-CANDIDATURAS EM FOCO


Na próxima segunda-feira, você confere a terceira entrevista da série especial preparada pelo AEF com os principais pré-candidatos a prefeito de Blumenau. Conteúdo diferenciado e exclusivo, que você só encontra no melhor portal de análise, opinião, cultura, serviços e entretenimento da Web. Acesse.


Análise em Foco, a tradução da notícia.



 



 


 


 


 




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