Há um ano, no dia 2 de setembro de 2008, Blumenau respirava tranquilidade. Vivia-se o clima das eleições, que se aproximavam, e da Oktoberfest, que prometia mais uma grandiosa festa da tradição alemã. Tinha-se, pois, a certeza de que o ano iria se encerrar de forma muito positiva.
Mas em novembro, após longo perÃodo chuvoso, uma catástrofe nos castigou e espalhou dor ao nosso povo. Foram tempos de muita angústia. Ainda naquela época, ao conhecermos os vários locais onde a tragédia foi mais contundente, afirmávamos que seriam necessários, no mÃnimo, dois anos para a cidade se recuperar, dado o volume dos estragos causados.
O blumenauense mais uma vez mostrou sua tenacidade, provou seu valor. Mesmo na tristeza e amargura da perda, arregaçou as mangas e foi à luta para reconstruir sua vida.
O poder público se esforça para fazer a sua parte. A reconstrução está acontecendo. Não na velocidade que gostarÃamos, mas pode ser detectada em todos os bairros atingidos. São pelo menos 150 frentes de trabalho diárias, algumas maiores, como a reconstrução de pontes, por exemplo, outras de menor volume, mas também muito importantes. Das mais de 1000 ruas que foram atingidas, cerca de
A principal dificuldade já é bem conhecida. A falta de recursos. Soma-se a isto a burocracia, que dificulta e atrasa sobremaneira a execução das obras. Essa é uma luta diária que travamos nas diversas esferas de governo, sempre buscando agilizar o repasse das verbas necessárias.
A MAIOR TRAGÉDIA DO ANO
Mas neste dia 2 de setembro, quando Blumenau atinge seus 159 anos de fundação, também temos muito para celebrar. Comemoramos, principalmente, a vitória sobre essa tragédia climática, considerada pela ONU como “uma das mais sérias do ano no mundoâ€. A fibra e o trabalho que os 17 imigrantes pioneiros mostraram, enfrentando as condições precárias para iniciar a Colônia, foram herdadas pelas gerações que os sucederam. Estes valores ainda são experimentados, com saliência, nos blumenauenses de hoje, sejam eles nativos ou “adotivosâ€.
Nosso principal desafio continua sendo a reconstrução. A prioridade é a construção das casas perdidas nos deslizamentos. Em agosto, em parceria com a Caixa Econômica Federal, demos a ordem de serviço para a construção de 160 apartamentos. Outros mil devem ser iniciados ainda este ano, de um total de 3 mil que já estão encaminhados na busca de recursos.
É importante, nesse processo de reconstrução, procurarmos errar o mÃnimo possÃvel. Não é só uma questão de reconstruir uma ponte, uma escola ou uma casa. Precisamos observar as condições necessárias para que estados climáticos, como o de novembro do ano passado, não causem a mesma tragédia novamente.
É PRECISO PLANEJAR
Ao fazer a ponte, o projeto precisa prever, com mais segurança, a correnteza de uma enchente. Ao construir um condomÃnio residencial, precisamos observar se o terreno é seguro. Estes são os novos desafios para evitar que as gerações futuras paguem o preço amargo que milhares de blumenauenses estão pagando hoje.
Mas a cidade precisa continuar se desenvolvendo. Para que isso ocorra de forma planejada, constituÃmos o Projeto Blumenau 2050. O Projeto não foi deixado de lado com o episódio de novembro passado. Pelo contrário. Algumas etapas já estão em andamento e outras foram até antecipadas. Aqui podemos lembrar ações de ocupação urbana de forma regular e planejada que estão sendo intensificadas no municÃpio; a regularização fundiária atuando em loteamentos de Blumenau, com implantação de água, luz, pavimentações, transporte coletivo e a possibilidade de as famÃlias adquirirem a posse dos terrenos; trabalho para evitar que novas áreas sejam ocupadas irregularmente na cidade. Além disso, o Projeto Blumenau 2050 prevê a recuperação de áreas degradadas, incluindo o circuito ciliar do Centro e dos ribeirões – associada ao controle da erosão e ao tratamento do esgoto.
É desta forma, com planejamento e visão de longo prazo, que faremos no trabalho de cada dia, uma Blumenau melhor para se viver.
Por João Paulo Kleinübing (DEM), prefeito de Blumenau e presidente da Associação dos MunicÃpios do Médio Vale do Itajaà (Ammvi)