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A JUSTIÇA JULGA, A IMPRENSA INFORMA E A DEMOCRACIA AGRADECE
Quarta-Feira, 11 de Janeiro de 2012

Todo veículo de comunicação precisa ter ousadia e cautela ao mesmo tempo, para não cometer erros irreparáveis e encerrar sua trajetória mais cedo. No caso do Análise em Foco, isso vale mais ainda, pela natureza ainda árida do ambiente virtual, em termos de empreendedorismo.


Mas é preciso ter também sensibilidade e estar sempre atento ao que pensa o leitor, para o qual trabalha-se com devoção e em cuja opinião deve estar o Norte de qualquer veículo de comunicação. O AEF não foge a esta regra.


Sendo assim, é preciso juntar todos estes elementos na hora de se tomar decisões editoriais, sempre com o objetivo de perseguir a ética, o equilíbrio e a verdade no tratamento da informação.


Em dezembro do ano passado, o leitor Sidnei Peron enviou comentário ao portal, questionando conteúdo postado em uma de suas páginas – clique aqui e confira. Em relação a este assunto, cabem as seguintes considerações:


1) No final do ano passado, o engenheiro civil Arlon Tonolli, membro da Associação de Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do Itajaí (Aeamvi) e do Conselho Municipal de Planejamento (Coplan) de Blumenau, publicou em periódico local, no qual escreve uma coluna, denúncias de supostas irregularidades envolvendo um componente do primeiro escalão do governo municipal. As acusações também foram feitas, através de e-mail, ao editor e colunista do Análise em Foco, Rodrigo Pereira, que as leu, relevou e comentou em sua coluna.


A decisão de não mencionar nomes nem detalhes das acusações foi tomada não só pelo editor e colunista, mas pelo portal, pautado pela cautela e reserva no trato de denúncias que não tragam provas documentais, materiais ou judiciais. Em havendo o surgimento de qualquer uma delas, o AEF fará questão de informar em primeira mão.


2) Arlon Tonolli afirma que um dos componentes do primeiro escalão de governo estaria utilizando despachos de seu gabinete para privilegiar uma empresa da qual ele próprio seria sócio, no ramo da construção civil. Tonolli não apresenta, contudo, nenhum documento ou prova material das supostas irregularidades. Apenas indica endereços e cita nomes, supostamente envolvidos na aprovação irregular de projetos de edificação na região central da cidade.


Neste contexto, é unanimidade no Conselho Editorial do Análise em Foco a conclusão de que é necessário esperar que tanto o Ministério Público, oferecendo denúncia, quanto a Justiça, julgando o mérito da questão caso ela seja levantada, se manifestem. O limite entre o erro e o acerto, em casos como este, é agudo e qualquer equívoco pode significar prejuízos morais e materiais incalculáveis para qualquer uma das partes. Daí a decisão pela cautela.


3) Veículos de comunicação como o Análise em Foco têm percentuais de leitura bem superiores ao Diário da Justiça ou o Diário Oficial, lembrados pelo leitor Sidnei Peron em seu comentário, por isso cumprem justamente o papel de disseminar informações oficiais, sejam elas positivas e/ou negativas, que, de outra forma, ficariam restritas a pequeno círculo de cidadãos.


4) Trata-se de diagnóstico preocupante e sintomático observar que o cidadão considera veículos de comunicação foro mais adequado do que a própria Justiça para a fiscalização do poder público e divulgação de eventuais irregularidades. Deveria ocorrer justamente o contrário, pela força e respaldo que uma instituição como o Judiciário tem – ou deveria ter, pelo menos. É o que cada vez mais parece ser resultado da falta de credibilidade que a conduta nem sempre reta de nossos magistrados gera na sociedade, em relação aos homens que deveriam cuidar da lei.


Não se pode, contudo, deixar de crer na Justiça, assim como nas outras duas esferas de poder, o Legislativo e o Executivo. Desacreditá-las é desacreditar na própria democracia, e isso é o primeiro passo para o golpismo autoritário, que já assustou o Brasil e deve permanecer bem longe daqui.


5) Não seria justo responsabilizar somente a atual gestão, que, sob muitas críticas, extinguiu o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Blumenau (Ippub), pelos muitos equívocos cometidos em cinco décadas de urbanização torta. Nos vários anos em que serviu de destino para cargos comissionados, servidores de carreira e polpudas verbas de gabinete, o Ippub não produziu nenhuma obra-prima de planejamento urbano, convenha-se. Pelo contrário, Blumenau se desenvolveu com diversos equívocos de concepção urbana, da infraestrutura improvisada e paliativa à ocupação irregular e irresponsável do solo.


6) Ã‰ importante que se investigue, sim, formal e legalmente, qualquer indício de irregularidades, que, uma vez constatadas, certamente serão divulgadas por todos os veículos de comunicação, entre os quais o Análise em Foco.  


7) Em última instância, cumpre-se aqui um objetivo: instaurar e promover um debate sadio, transparente e plural, como deseja o portal no âmago de sua essência.




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