OPINIÃO DO ANÃLISE
Às 12h33 desta sexta-feira a assessoria de comunicação da prefeitura divulgava decisão do prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing (PSD), estabelecendo o preço da passagem de ônibus em R$ 2,90. Em uma decisão correta e rápida, o chefe do Executivo blumenauense encerrou uma questão que começara como faÃsca e caminhava para terminar em fogo.
Depois da indecorosa proposta apresentada pelo Consórcio Siga – que reúne as operadoras de transporte do municÃpio e sugeriu valor de R$ 3,43 para o bilhete (clique aqui e confira artigo em Boca Pequena) –, de protestos tÃmidos mas barulhentos (principalmente nas redes sociais) e um estudo da Universidade de Blumenau (Furb), Kleinübing fez a única coisa que se poderia desejar que fizesse num momento como este: estabelecer um preço mais justo e tolerável para a tarifa do transporte público, que afeta a vida de dezenas de milhares de cidadãos/trabalhadores, todos os dias, e não pode ser tratada como um simples produto comercial, como fizeram os barões da frota municipal.
De toda forma, o ideal mesmo é que não tivessem sequer dado ouvidos à proposta do Siga. Ela não merecia nem protocolo no Serviço Autônomo Municipal de Trânsito e Transporte (Seterb), que tem uma pilha de problemas para resolver e deve focar seus qualificados servidores na resolução destes.
NEM OITO, NEM OITENTA, CONTUDO
Mas também não se pode querer radicalizar a questão no outro pólo do debate. Pelas redes sociais, fala-se agora em novos protestos para pedir a anulação do aumento, não a simples redução. Neste caso, contudo, trata-se de um descompromisso condenável com a realidade dos fatos. O caminho correto é sempre o do meio, não o das extremidades. Nem oito, nem oitenta.
Embora não tenham tido aumento de custos na proporção em que alegam (33%), as empresas de transporte possivelmente tiveram de fato alguma evolução das despesas nos últimos dois anos, que é o tempo decorrido entre o último reajuste, quando a passagem de ônibus foi fixada em R$ 2,57, e o atual. Ao longo deste perÃodo, Blumenau teve a mais baixa tarifa entre suas congêneres catarinenses de porte semelhante (Florianópolis e Joinville). É justo que pleiteiem, portanto, um reajuste. Não de 33%, mas de 12,8%, como o autorizado pelo prefeito – até porque houve melhorias no sistema, como as estações de embarque climatizadas, por exemplo.
Em última instância, fica valendo o ambiente democrático e transparente dentro do qual a questão foi tratada. Cada um colocou o seu ponto de vista, a imprensa deu luz a cada um deles e no final das contas o mediador do debate encerrou a discussão dentro de um nÃvel tolerável. É o mÃnimo que se espera do gestor público, na verdade. Afinal, bom senso, coerência, transigência e canja de galinha bem temperada nunca são demais.