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UM PÓLO REGIONAL NA PRODUÇÃO DE MUSICAIS? QUIÇÃ!
Sexta-Feira, 27 de Abril de 2012

O diretor de Cultura do Teatro Carlos Gomes, responsável pela produção de Orfeu 21, lembra que o Médio Vale do Itajaí, estreitamente ligado econômica e culturalmente a Blumenau, tem uma população de quase um milhão de habitantes, dando à produção de espetáculos culturais um bom público em potencial. Rodrigo Dalmolin observa também que o Brasil está começando a produzir musicais com roteiro nacional e que isso se demonstrou uma boa aposta, considerando o retorno dado pelo espectador à produção Vale Tudo, baseada na vida e obra do lendário cantor Tim Maia.  


Fatores que, na opinião de Dalmolin, podem, sim, fazer da produção de musicais uma atividade cultural viável no Vale do Itajaí. Como sempre, isso dependerá do retorno dado pelo público. Se depender da motivação e da vontade dos organizadores, contudo, poderemos ter novos espetáculos como este no TCG.


A seguir, confira entrevista com o diretor de Cultura do Teatro Carlos Gomes:


ANÃLISE EM FOCO - No eixo Rio-São Paulo, a indústria dos musicais vem se fortalecendo há cerca de uma década e hoje produz peças que chegam a ficar mais de dois anos em cartaz. O Fantasma da Ópera, por exemplo, chegou a quase 700 apresentações. O Brasil caminha para ter sua própria Broadway?


Rodrigo Dalmolin: O Mercado de musicais está crescente no país. Somos um pólo de criatividade, haja vista sermos o detentor do maior espetáculo da Terra, que é o Carnaval. O gênero musical tende a emplacar e certamente teremos muitos bons espetáculos. Se teremos uma Broadway, talvez não, mas vários pólos de produção, e quiçá tenhamos um aqui pela região.


AEF - Apesar do volume de produções, a maioria das obras é “importadaâ€. Esse jogo pode virar, ainda teremos predominância de roteiros nacionais, como Vale Tudo, sobre o cantor Tim Maia?


Dalmolin: Temos capacidade criativa imensa, e muita história boa para contar. O caminho percorrido pela produção do Vale Tudo nos mostra um potencial descoberto, uma área a ser explorada, e o público está respondendo, o que aponta que teremos muitas produções neste gênero.


AEF - Em Blumenau, é possível imaginar uma cadeia de produção de musicais, dentro da proporção que cabe a uma cidade de 300 mil habitantes?


Dalmolin: Nossa cidade na verdade é nossa região. Todo o Médio Vale está implicitamente ligado a Blumenau, o que nos dá um universo de quase um milhão de habitantes, com o público flutuante, decorrente dos eventos e pólos turísticos. Partindo desta perspectiva, e se ocorrer resposta de público, teremos novas produções. Uma cadeia, um pólo, um núcleo de produção de musicais. Não saberia dizer se efetivará, mas tenho clareza que temos potencial de produções que integrem as diversas correntes de arte. 


AEF - Podemos ter mais um musical ainda este ano, por exemplo?


Dalmolin: Este espetáculo (Orfeu 21) está sendo trabalhado há 3 anos. Temos projetos futuros, mas ainda não temos um cronograma para colocar o próximo espetáculo em cartaz. Sabemos que, após esta experiência, avaliaremos os prós e contras para amadurecermos nosso processo. Então definiremos a próxima estreia.


AEF - Quais foram os maiores desafios para a produção de Orfeu?


Dalmolin: Reunir um grupo tão grande, trilhar os caminhos das leis de incentivo e patrocinadores, manter a equipe coesa e acreditando no projeto mesmo quando ainda não tínhamos recurso liberado, responder com a mesma atenção a diretoria da casa, aos artistas, patrocinadores, órgãos financiadores, imprensa, sem esquecer de nenhum detalhe. E, por fim, tentar desligar à noite, após semanas intensas de trabalho, tentando fazer o melhor.


AEF - E o que mais deu certo?  


Dalmolin: O envolvimento das pessoas, um profundo respeito pela arte, que move a todos. O melhor desta obra foi o processo, sem dúvida, o público terá um belo espetáculo, mas os integrantes terão um marco para suas vidas. E viva Orfeu, o patrono das artes!


 


 




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