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SERà PRECISO PROMOVER VACINAÇÃO EM MASSA? QUEM DEVE PAGAR A CONTA?
Quinta-Feira, 21 de Junho de 2012

EDITORIAL AEF


Eis que o H1N1 voltou ao centro das atenções nos últimos dias. Com seis mortes e 38 casos confirmados em Blumenau, foi um deleite para a imprensa, para os alarmistas de plantão e até para pré-campanhas eleitorais. É preciso ressaltar, contudo, que toda calma, nessa hora, é pouca para se tratar com responsabilidade de um assunto tão complexo.


De uma maneira geral, segundo referências disponíveis para consulta online, o vírus influenza (do qual o H1N1 é uma das variações) ocorre de maneira epidêmica, uma vez por ano. Qualquer pessoa pode “griparâ€, ou seja, ser infectada pelo vírus. Pessoas com alguma doença respiratória crônica ou fraqueza imunológica, como no caso dos idosos, por exemplo, têm uma tendência a infecções mais graves, com possibilidade até de complicações fatais em decorrência do contágio e seus efeitos no organismo.


Entre as milhares de mortes causadas por gripes em todo o mundo, todos os anos, a ampla maioria ocorre por contágio de variações virais diferentes do H1N1. A cada ano, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os parentes do H1N1 matam 300 mil pessoas em diferentes países do globo. Em 2009, quando a Gripe A ainda era chamada de Gripe Suína e matou, repentinamente, após décadas de inanição, dezenas de pessoas no México e nos EUA, a rede de televisão CNN destacou, em seu site, que os norteamericanos assustavam-se com aquela variação pouco comum da doença, mas que as demais variações dela matavam muito mais gente, todos os anos (confira na imagem acima).   


Naquele mesmo ano, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, dizia que seria importante para a indústria farmacêutica manter a produção das doses da vacina contra a gripe sazonal comum, porque a doença causava sintomas graves em 2 a 3 milhões de pessoas por ano, matando até 500 mil.


DO MUNDO PARA BLUMENAU


Entre as seis mortes causadas pelo H1N1 até o momento, em Blumenau, a maioria ocorreu entre pacientes considerados em situação de risco: pessoas de idade mais avançada ou portadoras de complicações respiratórias crônicas. Portanto imaginar esta variação do influenza, assim como qualquer outra, matando pessoas absolutamente saudáveis, sem nenhum tipo de deficiência imunológica ou respiratória, é algo menos factível, de acordo com relatos disponíveis. O que não quer dizer que seja impossível, evidentemente.


Por isso as decisões relativas a como se deve proceder ante aos diagnósticos vigentes devem ser tomadas por orientação exclusivamente técnica. Cabe aos profissionais da saúde no município, decidir se seis mortes e três dezenas de casos de infecção configuram risco de epidemia generalizada ou não. Ante às pressões que se tem feito para que o município assuma o ônus de uma imunização em massa, através de vacinação coletiva, é preciso que especialistas e gestores públicos tenham muita calma e discernimento, deixando a emoção para a torcida, que é passional por natureza.


Nunca é demais lembrar que a União concentra 70% da arrecadação de impostos no país, então a transferência de responsabilidades financeiras para os municípios é sempre uma iniciativa intrinsecamente desproporcional. Assim, exigir que as cidades agora gastem quase R$ 2 milhões, como está sendo sugerido em Blumenau, para vacinar a população, pode não ser necessariamente o caminho mais correto, ou o mais justo.


A decisão, enfim, cabe aos especialistas, que devem deixar a luz da razão invadir sua ótica e conduzir a questão da forma mais ponderada, sensata e eficiente possível. Juízo, portanto, senhores.




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