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BRASIL CRESCE, MAS A RITMO SENSIVELMENTE MENOR. OUTRA VEZ.
Quarta-Feira, 25 de Julho de 2012

Os dados sobre geração de empregos no Brasil, divulgados nesta semana, mostram duas realidades distintas e bem conhecidas: a do Brasil que cresce, gera empregos e se desenvolve, e a do país que, asfixiado por um conjunto de mordaças fiscais, tributárias e administrativas, precisa descer da montanha sempre que chega a certa altitude e o ar fica mais rarefeito. A cada ciclo de crescimento mais substancial, a economia brasileira flerta novamente com a depressão e volta ao solo, pairando sempre bem pertinho do chão.


Prova disso são números recentes do Ministério do Trabalho. Foram criados, no primeiro semestre deste ano, 1,04 milhão de empregos com carteira assinada, de acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged,), divulgadas nesta segunda-feira. O número representa uma queda de 25,9% frente ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 1,41 milhão de vagas.


Ainda é um resultado expressivo, mas o pior para o período desde 2009, quando foram criados 397,9 mil empregos com carteira assinada. No mês passado, foram abertas 120,4 mil vagas com registro formal, o resultado mais baixo para meses de junho desde 2009 – quando foram criados 119,4 mil empregos formais. Na comparação com o mesmo mês de 2011 (+215,3 mil), houve queda de 44%.


A redução do ritmo de criação de empregos acompanha a desaceleração da economia como um todo. No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,2%, na comparação com os três últimos meses do ano passado.


Para recuperar o crescimento, a equipe econômica do governo anunciou, nos últimos meses, uma série de medidas, como redução de impostos para determinados produtos, desoneração da folha de pagamento de alguns setores, estímulo ao crédito. O Banco Central, por sua vez, vem baixando os juros desde agosto do ano passado.


SOMENTE REFORMAS PROFUNDAS PODEM DESFAZER CANCROS NACIONAIS


O problema, contudo, é que são todas medidas pontuais. As verdadeiras causas dos anacronismos nacionais não são devidamente combatidas: ineficiência estatal, corrupção, desperdício de dinheiro público, falta de investimentos, politização da máquina pública, desmobilização social e por aí vai. Todos cancros que só serão desfeitos com reformas políticas, fiscais e administrativas profundas, oriundas do interesse coletivo, não dos corredores de Brasília.


E a infraestrutura logística, indispensável para o desenvolvimento de qualquer nação, como está no Brasil? Como estão nossos portos, aeroportos, rodovias, ferrovias? Bom, neste caso quem responde é um especialista:


– O Brasil não tem como seguir crescendo com a estrutura atual – comenta o economista Louis Roberto Westphal, ligado ao departamento de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina.


A verdade é que o Brasil funciona como se fosse um tijolo voador, conforme comparou recentemente um influente veículo de comunicação brasileiro. Sem nenhum apelo aerodinâmico, consegue voar com as poucas asas que lhe dão os brasileiros mais dedicados, à despeito de todas as condições desfavoráveis que encontra pela frente. Uma hora ou outra, contudo, a lógica vai se sobrepor aos fatos e o tijolo milagroso vai acabar despencando lá de cima, sem encontrar nenhuma resistência do ar. Pelo jeito, já está perdendo altitude bruscamente. Abram o olho, senhores pilotos, pois uma tragédia se anuncia no horizonte. Até os instrumentos de bordo já demonstram isso, não é preciso nem mais percepção visual.


 




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