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CORINGA SOCIAL-DEMOCRÃTICO FAZ DIFERENÇA, MAS CARTAS SEGUEM EMBARALHADAS
Quinta-Feira, 27 de Setembro de 2012

Na última pesquisa eleitoral divulgada em Blumenau, o cenário mostra-se ainda mais indefinido do que já se mostrava nas sondagens anteriores. Segundo o Ibobe, que produziu levantamento encomendado pelo Grupo RBS, três candidatos apresentam-se com chances reais de vitória, e a possibilidade de um segundo turno inédito na cidade já é mais do que latente, é provável.


Olhando-se os números desde junho, quando o Ibope fez a primeira sondagem, após definição oficial das candidaturas, vê-se que o social-democrático Jean Kuhlmann (PSD) foi quem mais cresceu. Entre 16 de junho e 27 de setembro (intervalo no qual as três pesquisas foram publicadas pelo Grupo RBS), ele avançou 12 pontos e chegou a 31, empatando tecnicamente com Ana Paula Lima (PT), que caiu um ponto e agora aparece com 32Napoleão Bernardes (PSDB) avançou seis pontos e consolidou-se na terceira colocação, com 22. Já em relação à ultima pesquisa divulgada pelo Ibope/RBS, no início do mês, a sondagem atual mostra uma queda de três pontos na candidatura de Ana Paula e um avanço de quatro pontos na de Kuhlmann. Bernardes também cresceu, avançando três pontos.


Outro dado importante a ser observado na evolução dos números é a queda do percentual de eleitores que declara o voto branco, nulo ou indeciso. Em junho, chegava a quase 30%, agora caiu a mais da metade e está em 14%. Como Jean Kuhlmann foi o candidato que mais cresceu desde o início da série de sondagens, é possível concluir que tenha captado a maior parte desta conversão, que foi complementada por Napoleão Bernardes, cuja candidatura também cresceu. Ana Paula, por sua vez, amargou as estatísticas de rejeição, que lidera, e não conseguiu captar o eleitorado egresso da indecisão.


A partir da leitura dos números constatados pelo Ibobe, é possível concluir também que:


1) Pela curva ascendente demonstrada desde o início da série de sondagens, o favorito para vencer o primeiro turno passa a ser o candidato do PSD. Isso se nenhum fato negativo acontecer em sua campanha nos próximos dez dias, evidentemente. Uma questão de lógica cartesiana e análise de probabilidades: se foi o candidato que mais prospectou votos entre os indecisos até agora, tende a seguir nesta trajetória, a menos que encare algum acontecimento negativo ou que as probabilidades sejam revertidas por uma nova ordem numérica dos fatos. O que não seria impossível, claro, por isso a eleição segue indefinida.


Até o momento, Kuhlmann vai conseguindo repetir o feito do colega João Raimundo Colombo (PSD), que em 2010 largou em terceiro e foi tirando a diferença, até chegar em primeiro e vencer a eleição para governador, com mais da metade dos votos válidos, ainda no primeiro turno. A segunda metade da proeza, contudo, será bem mais difícil para o blumenauense, considerando a força dos concorrentes e o acirramento da eleição em Blumenau.


2) A candidatura tucana reverteu curva descendente e mostrou poder de reação entre a última pesquisa e a atual. Possivelmente fruto de melhoras na qualidade da propaganda eleitoral e do desempenho do próprio candidato, que aos poucos foi encontrando o ponto de equilíbrio de sua postura e de seu discurso. Já pode respirar mais aliviado, pois, com os novos números, mostra que seu desejo de concorrer não era só um blefe. Se não estourou como um fenômeno, ainda, também não afundou como uma aposta furada. Para quem até hoje não foi além de um mandato na Câmara de Vereadores, Bernardes já está fazendo bonito. Os dois principais concorrentes, juntos, afinal, somam cinco mandatos de deputado estadual, o que lhes dá ampla experiência eleitoral.


3) Os petistas, a seu lado, precisam fazer uma autoavaliação. Até o momento, desde a definição das candidaturas e o início do horário eleitoral gratuito, Ana Paula não conseguiu avançar além de seu percentual cativo – entre as pesquisas aqui analisadas. Assim, mesmo que tenha uma faixa cativa do eleitorado, acima dos 30%, fica difícil para ela vencer a eleição. E podem acabar fabricando o risco de ver Kuhlmann passar à frente e Bernardes encostar, para, então, flertarem com o pesadelo de ficar fora do segundo turno. Política, afinal, é igual a futebol: só termina quando acaba, e o favoritismo é sempre relativo.


Por isso, é preciso uma revisão de estratégia no comitê petista. Se as dificuldades de Ana Paula com microfones, câmeras e plateias podem eventualmente estar atrapalhando, a calibragem do discurso e da propaganda eleitoral também pode estar igualmente desfavorável. Um desafio para marketeiros, estrategistas e coordenadores de campanha. Afinal, mesmo com suas dificuldades de natureza comunicativa, a candidata petista vem sustentando, por mérito próprio, uma margem robusta do eleitorado, então o que precisa é que a cozinha funcione melhor em sua casa. Um time, para vencer, precisa ter defesa, meio-de-campo e ataque funcionando orgânica e ajustadamente. Na campanha petista, parece haver falhas em algum setor da equipe. Sinal amarelo na sala de comando da estrela vermelha.


4) Os bons índices de aprovação do prefeito João Paulo Kleinübing (PSD) e a colagem de sua imagem Ã  de seu candidato parecem estar surtindo efeito na campanha social-democrática. Com a decolagem da candidatura de Jean Kuhlmann, a estratégia se mostra acertada e os comandantes do QG azul devem estar rindo à toa. Resta saber, agora, quando o potencial deste casamento irá se esgotar e o quê, a partir daí, o candidato fará para seguir crescendo e obter os votos de que precisará para vencer a eleição, que segue absolutamente indefinida, com três candidatos em possibilidade de vitória. Jogo cujo vencedor só será conhecido aos 48 do segundo tempo, podem apostar.


E assim, Blumenau vai protagonizando aquela que certamente já é a mais disputada eleição de sua história. Uma disputa em que, até agora, o nível de acirramento tem sido diretamente proporcional ao do respeito entre os candidatos. Salvo um deslize aqui e outro ali, o nivelamento do discurso e da propaganda foi feito por cima, e os eleitores, até o momento, foram poupados da baixaria e da apelação. Os ataques e contra-ataques de sempre – afinal, uma eleição não é um chá de comadres – deram-se todos no campo da retórica política, sem o envolvimento da esfera pessoal em nenhum instante.


Que continuem assim, pois, como já foi dito aqui, todos já marcaram seu nome na história de Blumenau. Agora é só cuidar para que este registro seja positivo, e não negativo.




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