"Com 37 anos de atuação em Santa Catarina, a Minerocha reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e destaca sua atuação dentro das normas vigentes. Esclarece que o projeto programado para Indaial privilegia ações afirmativas para a promoção e proteção da dignidade dos cidadãos, seguindo os mais rÃgidos controles ambientais, sociais e administrativos. Todo o processo é legÃtimo e sob responsabilidade técnica especializada. Reiterando sua transparência, a direção da empresa coloca-se à disposição para os esclarecimentos necessários".
(Nota enviada pela empresa Minerocha após a publicação do texto original, que segue abaixo)
Em dezembro de 2012, os moradores do bairro Encano, em Indaial (SC), passaram a ter um motivo a mais de preocupação. No dia 13 daquele mês, foram chamados para a apresentação de um “grande empreendimentoâ€, a ser implantado em uma rua da localidade. Desde então, passaram a conviver com o medo dos impactos de vizinhança e danos ao meio ambiente que iniciativas desta natureza costumam causar. Para evitar o pior, decidiram se organizar e lutar contra a construção de um triturador de rochas com o qual se pretende produzir pedra-brita para a construção civil.
Com a criação de um blog, uma campanha de e-mails e protestos que reuniram dezenas de pessoas em ruas da cidade, os indaialenses do bairro Encano ganharam espaço na mÃdia, deram seu recado e agora seguem na esperança de impedir a instalação da unidade de britagem na vizinhança.
A questão central, quando surge este tipo de dilema, deve ser a percepção dos impactos que uma determinada atividade causará ao meio ambiente, assim como das formas mais eficientes para se tentar mitigá-los. Para deliberar sobre iniciativas deste porte, que raramente agradam ou desagradam a todos, é preciso ponderar pesos e medidas com muito discernimento e equilÃbrio, sempre com o objetivo de chegar a uma conclusão que seja mais racional do que emocional.
No caso do empreendimento proposto no municÃpio de Indaial, é preciso relevar duas coisas em primeira instância: de um lado, a beleza e as riquezas naturais do lugar onde se pretende implantar o britador, assim como a presença humana em seu entorno; do outro, os benefÃcios econômicos e sociais que ele eventualmente poderia trazer à região. Com base na interação destes aspectos, então, chega-se a uma relação de custo benefÃcio que indicará o grau de viabilidade da iniciativa.
Preocupação legÃtima
A preocupação dos moradores do Vale do Ribeirão Encano, que vêm promovendo protestos e organizando estratégias para impedir a construção da unidade de britagem, é absolutamente legÃtima e pertinente, pois trata-se de uma localidade Ãmpar da geografia local, tanto do ponto de vista natural como do social, consideradas suas peculiaridades históricas – nascidas da colonização europeia. A região, vizinha ao Parque Nacional Serra do ItajaÃ, tem uma das mais densas e exuberantes reservas de Mata Altântica do estado, recursos hÃdricos abundantes e constituição topográfica desafiadora. Um patrimônio natural exuberante, não resta dúvida.
Por outro lado, tem-se também o fato de que uma parte do Encano também está cheia de granito, recurso ideal para a produção da pedra-brita que abastece a indústria da construção civil – setor cuja geração de mão-de-obra é das mais intensivas. Como unidades de trituração rochosa geralmente precisam ser instaladas próximas aos centros urbanos – o que racionaliza a logÃstica de produção e transporte, reduzindo o custo –, a necessidade de explorar estes recursos é quase que intrÃnseca ao desenvolvimento urbano.
A revista Manutenção & Tecnologia traz matéria interessante sobre o assunto, mostrando como algumas tecnologias podem reduzir significativamente os dois principais inconvenientes da produção de pedra-brita, que são os altos nÃveis de ruÃdos e a liberação de poeira repleta de sÃlica. A recuperação de áreas degradadas pela mineração, da mesma forma, hoje também já encontra amparo e incentivo em bases legais e tecnológicas, todos sabem.
Caminho racional
Assim, é possÃvel concluir que o diálogo, a esta altura da discussão, talvez seja o caminho mais racional para o desenrolar da trama que se iniciou em Indaial. A população fez sua parte, mobilizando-se e mostrando disposição em lutar por um patrimônio que também é seu – embora o povoamento da região, por si só, também já tenha promovido alguns danos ambientais. Agora é a vez das autoridades e dos responsáveis pelo projeto fazerem a sua, mostrando – se for o caso – que é possÃvel produzir sem agredir o meio.
Neste embate de argumentos, que vença quem tiver a verdadeira razão e que esta vitória signifique o melhor para a maioria. O pior cenário, neste tipo de ação, é aquele em que poucos ganham e muitos perdem. Muito juÃzo na hora de tomar uma decisão, portanto, senhores.