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CHINAFAIR CHEGA A BLUMENAU, ENQUANTO TEXFAIR PODE SAIR
Quarta-Feira, 27 de Fevereiro de 2013

No primeiro dia de Texfair Home 2013, em Blumenau, uma imagem chamou a atenção de quem foi ao Parque Vila Germânica. Dispostos lado a lado, na região periférica do salão, nada menos que 32 estandes de expositores asiáticos (ou cerca de 20% do total), a maioria absoluta chineses, é claro – além deles, os indianos também estão presentes na tradicional feira catarinense de cama, mesa, banho, tapetes e decoração.


A presença maciça dos chineses em Blumenau, portanto, seria o indício derradeiro do colapso iminente que ameaça a indústria têxtil nacional, correto? Errado. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), o Made in China hoje é um player de mercado que não pode mais ser ignorado, de forma que, para organizar um evento com a dimensão da Texfair, é preciso aceitar a presença dos asiáticos.


– Eles estão aí, não podemos simplesmente ignorá-los, até porque isso poderia incentivar a criação de eventos paralelos à feira, como já ocorreu no passado recente – constata Ulrich Kuhn.


Mas o Brasil vai muito bem na briga com os tecelões da Ãsia, obrigado. Dos quase dois milhões de empregos que o segmento têxtil gera no país, menos de 20 mil foram cortados em função das crises internacionais recentes, lembra o dirigente do Sintex, mostrando otimismo em relação ao futuro do setor e da economia brasileira. Apesar dos obstáculos de sempre que se coloca para os empresários brasileiros (burocracia, carga tributária, infraestrutura deficiente, câmbio sobrevalorizado), ele acredita que as peculiaridades da nação ajudam a mantê-la nos trilhos.


– O Brasil é o Brasil. Tem um mercado interno forte e crescente, além de uma vocação natural para produzir. Embora ainda precise de muitas reformas, evidentemente, não está tão longe assim do caminho.


Ulrich Kuhn concorda, no entanto, que apesar do bom momento ainda Ã© hora de se pensar em uma mudança mais sensível nos projetos de poder e nas políticas públicas de gestão vigentes no país. É hora de se distribuir mais varas de pescar do que peixes para comer, observa. Ouviu, Dilma?  


TEXFAIR 2016


Entre as notícias menos animadoras vindas do Sintex, uma em especial deve ferir bastante o orgulho dos blumenauenses: de acordo com o presidente da entidade, dificilmente a Texfair vai além de 2015 em Blumenau. Assim que o município de Balneário Camboriú concluir seu centro de eventos, deverá receber a maior feira de artigos têxteis para o lar do Sul do país.


– Precisamos pensar em uma cidade que ofereça opções de hospedagem, gastronomia, diversão, lazer, compras e, sobretudo, acessibilidade. Assim, devemos concordar que nossos vizinhos hoje estão mais qualificados do que nós – resume Kuhn.


Nada, contudo, deverá mudar em relação à organização do evento e sua importância para o segmento, assegura o presidente do Sintex. A economia local é que pode se ressentir mais da mudança. Hotéis, restaurantes, meios de transporte e demais aparelhos do trade turístico, afinal, certamente perderão receita, pois, bem ou mal, hoje atendem à demanda gerada pela feira têxtil.


APRENDIZADO


Todo erro, porém, serve de aprendizado e leva ao aprimoramento de um método. Assim, nada impede que Blumenau reformule suas políticas de investimento para o turismo e credencie seu trade para trazer de volta o evento que criou e inseriu no mapa dos negócios da indústria têxtil.


Afinal, da mesma forma que a Texfair está prestes a deixar a cidade, pode um dia voltar, por que não? Fica aí um tema para o atual prefeito começar a pensar, já que cairá sobre o colo dele o triste fardo de administrar a perda da Texfair, seguramente um dos maiores orgulhos do blumenauense.


Vai que é tua, Napoleão!




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