Análise em Foco > Personalidade
MULHERES CELEBRAM CONQUISTAS COM NOVO DESAFIO, E HOMENS PODEM AJUDÃ-LAS
Sexta-Feira, 15 de Março de 2013

Trabalhando 58 horas por semana (13 a mais do que os homens), divididas entre a profissão, os afazeres domésticos e os cuidados com os filhos, muitas mulheres estão ficando sobrecarregadas, infelizes e frustradas. Alguma coisa teria dado errado, então, com sua independência moral, afetiva e profissional?


Não. Para a palestrante motivacional e consultora corporativa Cíntia Lopes, ocorreu justamente o contrário:


– A mulher tem realizado grandes conquistas de forma gradativa. No Brasil, ela entrou massivamente no mercado de trabalho apenas no final da década de 50. Em termos históricos, isso é muito recente.


O grande desafio das mulheres a partir de agora, segundo ela, é adaptar-se melhor às exigências do mercado, às tarefas do lar e ao cuidado com a família.


Confira, abaixo, entrevista com a consultora e palestrante blumenauense (que publicou cinco livros e um CD) e entenda melhor qual o papel da mulher na sociedade contemporânea. Entenda também o que os homens, que seguem sendo um importante complemento da alma feminina, podem fazer para ajudar a tornar as mulheres mais felizes. Afinal, como viveria nossa espécie não fosse a graça e a força das progenitoras da vida?  


O CUSTO DA CONQUISTA


Análise em Foco - As mulheres, de acordo com dados que você comenta em sua palestra, hoje trabalham 58 horas por semana, 13 a mais que os homens. Divididas entre a profissão, os afazeres domésticos e os cuidados com os filhos, elas acabam sobrecarregadas, infelizes e frustradas. Algo deu errado na “emancipação†da mulher?


Cíntia Lopes: Pelo contrário. A mulher tem realizado grandes conquistas de forma gradativa. No Brasil, a mulher entrou massivamente no mercado de trabalho apenas no final da década de 50. Em termos históricos, isso é muito recente. Ao longo do tempo, as mulheres ficaram atreladas ao cuidado da família e distantes da participação ativa nos espaços públicos. Agora, a mulher está tentando se adaptar às exigências do mercado, às tarefas do lar e o cuidado com a família. Esse é o grande desafio. 


AEF - Por que as mulheres, embora tenham ganho muito espaço no mercado de trabalho e até já sejam maioria em algumas repartições, ainda têm mais dificuldade do que os homens para galgar cargos de alto escalão das empresas?


Cíntia: É uma questão histórica. As mulheres ocuparam espaço em profissões ligadas à educação, enfermagem e serviço social. Hoje, uma, em cada cinco mulheres que trabalham, atua como empregada doméstica. Como a mulher vive sobrecarregada, acaba não tendo tempo de se dedicar aos estudos e se qualificar. Mas essa realidade está mudando e as mulheres estão adiando o sonho de ter uma família para se dedicar à profissão. No Brasil, apenas 23% das mulheres ocupam cargos de chefia, o que ainda é muito pouco.


AEF - A pergunta que não quer calar: as mulheres são mais felizes como profissionais independentes ou como donas de casa?


Cíntia: Depende. Muitas mulheres se realizam cuidando dos filhos e da casa. O importante é que ela busque independência financeira e psicológica, não ficando atrelada exclusivamente ao marido. A mulher precisa buscar a realização de seus objetivos e não ficar adiando o que quer para satisfazer os desejos dos outros.


AEF - O instinto de cuidar da família, manter a casa em ordem, zelar pela qualidade de um lar, ainda é um aspecto bastante pronunciado em muitas mulheres – corrija a constatação se ela estiver equivocada. Como conciliar a dura carga de trabalho exercida no mercado com esta aptidão nata, sem perder o equilíbrio emocional nem comprometer a saúde?


Cíntia: Não é uma questão apenas de instinto, mas algo construído social e culturalmente ao longo do tempo. O cuidado com os filhos e as tarefas domésticas não são tarefas exclusivamente femininas. Os homens devem participar ativamente do dia a dia do lar. Se a mulher deixar isso claro para o companheiro e para os filhos, todos saem ganhando. É preciso buscar o entendimento de que cada um tem obrigações e que são responsáveis pelo bem-estar da família. Se todos cooperarem, vai sobrar tempo para outras coisas.


Por isso, eu digo que as mulheres precisam dizer “não†sem culpa e fazer escolhas mais inteligentes. Dizer “não†é mais do que uma simples negativa, mas a capacidade de estabelecer limites e prioridades.


AEF - O que mais torna uma mulher infeliz hoje em dia?


Cíntia: É querer abraçar tudo ao mesmo tempo apenas para ser aceita e agradar. Quando ela faz isso, tende a se arrepender depois, sentindo-se frustrada e ressentida porque vai querer o reconhecimento por sua dedicação. É aquela famosa frase: “Me sacrifiquei a vida toda pelos meus filhos!â€. Só que os filhos crescem e têm vida própria. Não vão ficar amarrados ao passado.


CONTRIBUIÇÃO MASCULINA


AEF - O que o homem, seja na condição de parceiro, seja no papel de chefe, pode fazer para tornar uma mulher mais feliz? 


Cíntia: Está provado que homem e mulher se complementam. O homem tem habilidades específicas que se sobressaem, assim como a mulher se destaca em outras. Mas é importante que tenham uma relação de muito diálogo e possam dividir as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos. Ele deve incentivar a mulher na busca dos sonhos dela. Como chefe, ele deve incentivar o trabalho cooperativo, extraindo o melhor de cada um.


AEF - E as empresas, como devem tratar suas mulheres? Este tratamento deve ser diferente daquele dispensado aos homens?


Cíntia: A mulher e o homem possuem características diferentes. A mulher é mais intuitiva, emocional e aberta às relações. Já o homem se apresenta mais racional, competitivo e focado em metas. Contudo, a mulher deve ser tratada da mesma forma que o homem para evitar discriminações no ambiente de trabalho.


AEF - O que as mulheres têm de melhor para oferecer às empresas que os homens?


Cíntia: A intuição e a capacidade de observar “o todo†de um determinado contexto são próprias das mulheres. Por exemplo, em uma floresta, o homem tem a tendência a enxergar apenas uma árvore; enquanto a mulher enxerga todas as árvores e com riqueza de detalhes. A mulher deve contribuir com o seu modo peculiar de enxergar o mundo para facilitar o alcance de melhores resultados.


AEF - Na esfera pessoal e afetiva, o que mais mudou na vida da mulher moderna, em comparação com as gerações mais antigas?


Cíntia: A mulher de hoje é mais independente e sabe o que quer. O fato de ter entrado no mercado de trabalho e não depender mais do pai, marido ou de um irmão mais velho para sobreviver permite a ela ter autonomia e poder de escolha. Agora a mulher pode ir ao encontro dos seus sonhos e ser mais feliz.


AEF - Por fim, que conselhos você daria às mulheres que desejam ser mais felizes?


Cíntia: Que digam “não†para todas as tarefas e pessoas que dificultam a realização de seus sonhos pessoais. Fazer escolhas inteligentes implica em priorizar tudo aquilo que contribui para o seu bem estar e felicidade.




+ Notícias
Todos os direitos reservados © Copyright 2009 - Política de privacidade - A opinião dos colunistas não reflete a opinião do portal