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BRASIL ANDA PARA TRÃS, SC E RS PARA FRENTE
Sexta-Feira, 19 de Abril de 2013

Números divulgados nesta semana pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostram um quadro preocupante, no qual o ritmo de geração de empregos vem caindo drasticamente no país. E a considerar pelas perspectivas de curto e médio prazo da economia, não tende a reagir substancialmente tão cedo. Como os problemas estruturais e administrativos da nação (basicamente um Estado gastador, ineficiente e fisiologista) deixam o setor produtivo com pouco oxigênio para promover a expansão do PIB, acontece isso que está acontecendo: o país gera inflação com baixo crescimento, as empresas relutam em investir e, assim, então, param de contratar. Os juros já tiveram que subir para segurar a escalada dos preços, o crédito ficará mais caro, o consumidor comprará menos e a indústria terá que demitir. A alternativa mais honrosa para escapar do drama, que seria exportar, não é viável por que os mesmos problemas citados anteriormente também afetam a competitividade dos brasileiros lá fora. Uma bela e legítima encruzilhada, na qual, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.


Nadando contra esta maré de má sorte – ou melhor, de má gestão – estão os estados do extremo Sul do Brasil, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que conseguiram chegar a março de 2013 gerando mais empregos do que haviam gerado nos três primeiros meses de 2011, no início da Era Dilma. Em todas as outras 25 unidades da Federação, houve recuo no saldo de vagas. Em 11 delas, este saldo foi negativo, com alguns estados entrando em sinal de alerta pela volumosa soma de postos de trabalho fechados – confira mais sobre o assunto em Capital de Giro.


Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram o segundo e o quarto colocados, respectivamente, no ranking da geração de empregos no Brasil, durante os três primeiros meses do ano – confira lista formulada pelo Portal Exame. Entre os catarinenses, o grande destaque foi novamente a cidade de Blumenau, que conseguiu avançar 10% na criação de postos de trabalho, em relação aos três primeiros meses do ano passado, ficando entre as 10 cidades brasileiras que mais geraram vagas em 2013 – Santa Catarina, no mesmo período de comparação, recuou 2,7%. Quando se olha para a lista das 25 cidades do país que mais abriram postos neste ano, outras duas cidades catarinenses aparecem: Joinville (11ª) e Itajaí (21ª)


Mão-de-obra qualificada e vocação inovadora


Mas o que teria Blumenau de melhor em relação a tantos outros municípios do país? Basicamente duas coisas: mão-de-obra qualificada e vocação para inovar – entre outros diferenciais competitivos, claro. O fato de estarem sempre reinventando sua economia e cuidando da preparação de seus trabalhadores, fazem dos blumenauenses mestres na superação de crises e transposição de obstáculos, como aqueles impostos pelo famigerado Custo Brasil.


Tome-se como exemplo a agência digital Morphy, uma pequena empresa que, nos primeiros três meses deste ano, expandiu em quase 50% seu quadro de funcionários, indo de 26 para 38 profissionais contratados – confira abaixo entrevista com o gestor da fabricante blumenauense de soluções em web, aplicativos e games. Outro exemplo: focada na produção de softwares para controle e monitoramento de informações, a também blumenauense HBSIS foi de 223 funcionários em março do ano passado para 253 este ano, num aumento de 13,4%. E, quando se fala em Tecnologia da Informação em Blumenau, claro, não se pode esquecer da Senior Sistemas, fundada há 25 anos e já estabelecida no mercado como uma das maiores desenvolvedoras de softwares do país, gerando quase 2 mil empregos diretos e R$ 500 milhões em faturamento. 


Reinvenção 


Se ainda dependesse exclusivamente da indústria de manufatura, que até bem pouco tempo era a principal alavanca da economia blumenauense, provavelmente a cidade agora estaria navegando na mesma direção do país, ou seja, correnteza a baixo.


Mas, como soube se reinventar e preparar seus trabalhadores, Blumenau faz justamente o contrário, e segue rio acima, apesar da dureza da navegação. Por isso sempre foi, e será, exemplo para o país. Pena que lá em Brasília eles teimem em desprezar a lição. Acordem, portanto, senhores, antes que seja tarde demais e fiquemos igual à Grécia.  




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