Análise em Foco > Personalidade
OKTOBERFEST APOSTA EM DESFILES MAIS CURTOS E MENOS NUMEROSOS
Quinta-Feira, 11 de Julho de 2013

OPINIÃO DO ANÃLISE


Por mais que desagrade a alguns (afinal raramente se logra unanimidade em decisões de impacto coletivo), a decisão do Parque Vila Germânica â€“ que decidiu reduzir o tamanho, a duração e a quantidade dos desfiles oficiais da Oktoberfest – está mais do que correta. A atração, que está entre as mais celebradas e concorridas da tradicional festa de Blumenau, vinha ficando extensa demais e, em alguns momentos, desorganizada e enfadonha. Com excesso de figurantes e alegorias, de um lado, e algumas falhas de organização, do outro, a passagem dos grupos pela rua XV de Novembro mostrava deficiências como espaço exagerado entre uma ala e outra, figurinos de gosto duvidoso ou pouco originais entre alguns participantes, transversalidade questionável de temas e até alguns casos (isolados) de álcool em demasia.


Para falar a verdade, a impressão que se tem, em alguns momentos, é que cada um faz o que bem entende ao passar pela “avenidaâ€. Sem falar no tempo inacabável, de quase duas horas, dos desfiles – mais do que leva uma escola de samba inteira para passar pela Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. A quantidade de desfiles, da mesma forma, também era exagerada, convenha-se. Seis, para 18 dias de festa, média de um desfile a cada três dias de Oktoberfest. Voltando à comparação anterior, é como se resolvessem fazer um Carnaval a cada três ou quatro meses ao longo do ano. Possivelmente, iria cansar.


Se a decisão do Parque Vila Germânica foi arbitrária ou não, como levantam algumas fontes ouvidas pelo Jornal de Santa Catarina na matéria publicada nesta quinta-feira, é uma outra questão, e aí as partes interessadas no assunto que se entendam. Lembrando que se fosse possível gerir a máquina pública apenas com plebiscitos ou pesquisas, não seria preciso sequer eleger representantes para governar. Sendo assim, o papel de um gestor público é justamente adotar medidas que, num primeiro momento, pareçam impopulares, mas que depois se demonstrem adequadas.


Quanto à realização de uma pesquisa, aliás, é evidente que as pessoas precisam ser ouvidas depois da promoção do novo evento, para que possam dar uma opinião sobre aquilo que viram, e não sobre uma pressuposição. Neste caso seria um chute, não uma opinião. Desta forma, o melhor momento para se medir a receptividade das mudanças é logo após os novos desfiles, quando os espectadores poderão dizer se gostaram ou não da proposta, se preferem o novo modelo ou o antigo.


Planetapeia    


Os brinquedos criados pelo empresário Nerino Furlan, todos sabem, fazem do Planetapeia uma atração bastante apreciada por quem assiste aos desfiles da Oktoberfest. A Centopéia (bicicleta articulada de múltiplos lugares), por exemplo, jamais poderá ficar de fora dos eventos, pois tornou-se um símbolo tão conhecido da Oktoberfest quanto o chapéu de feltro ou o copo de chope, de forma que sua ausência certamente frustraria às milhares de pessoas que vão à Rua XV para assistir aos desfiles.


Isso não quer dizer, contudo, que algumas das alegorias do Planetapeia não possam ficar de fora dos desfiles. O Bondepeia, por exemplo, que se resume a um ônibus sem graça meio estilizado, é tranquilamente dispensável. Se for para fazer uma alusão à inauguração da estrada de ferro que passava pelo Vale do Itajaí a partir de 1909, como é a intenção da alegoria, pode-se produzir algo bem mais criativo, com maior riqueza histórica. Mesmo raciocínio vale para a Alfapeia, que diz ainda menos sobre a história da cidade.


Em busca de emoção  


Por isso, a partir de agora, a correta organização do desfile vai ser tão importante quanto a decisão de reduzi-lo. Se não planejarem e executarem a proposta corretamente, podem acabar dando um tiro no pé e reforçando o argumento de quem é contra a mudança. Está aí um motivo a mais de emoção para os desfiles deste ano. Coisa que eles estão precisando, aliás, e bastante.


Desejemos toda sorte do mundo, pois, aos organizadores do evento em sua corajosa, ousada, polêmica e arriscada aposta. Como grandes conquistas envolvem necessariamente grandes riscos, vale arriscar para ver. O que não podia, realmente, era deixar como estava. Parabéns pela coragem, portanto, aos tutores da mudança. Mas que eles não esqueçam: todo juízo do mundo será pouco a partir de agora. Abram o olho, portanto, senhores.




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