Análise em Foco > Personalidade
ERA PARA LIBERTAR, MAS ESTÃ ALIENANDO
Quarta-Feira, 04 de Setembro de 2013

Por Thomas Madrigano, estudante de Jornalismo do Instituto Blumenauense de Ensino Superior (Ibes):


As redes sociais são um símbolo da globalização, com atualizações constantes do que acontece em qualquer lugar do mundo. São ferramentas de trocas de ideias e opiniões.  Quem se dispor a participar delas tem a chance de dizer o que quiser, para quantas pessoas for capaz de atingir.


Isso mudou parcialmente a relação emissor/receptor, pois criou certa independência em relação às grandes mídias; você pode achar informações através de buscas na internet, na hora que preferir. Qualquer um pode emitir sua opinião e se fazer ouvido, mas a partir do momento que alguém passa a atingir uma grande audiência, atrai a atenção de gente poderosa. E as próprias redes sociais são grandes corporações, com interesses comerciais. Então apesar de suas características peculiares, a internet também tem seu mainstream, que segue o mesmo padrão das outras mídias.


Ainda assim, elas nos oferecem contato com pessoas de outros lugares e a possibilidade de travar conhecimento com novos pensamentos, para comparar diferentes pontos de vista e tentar entender o mundo em que vivemos. O que difere esta mídia das outras é a facilidade para se encontrar o que se procura. Mas a hierarquização é a mesma.


Preguiça e futilidade


A maioria das pessoas, em vez de usar essa facilidade de encontrar conteúdos para seu benefício, está ficando mais preguiçosa e passa a simplesmente copiar ou compartilhar ideias prontas.


Elas viraram mais um lugar para entretenimento fácil e futilidades. Não que tenhamos que viver em constante elucubração, porém já sofremos muitas imposições no nosso cotidiano e quando temos a oportunidade de ter um momento de introspecção e procurar novas ideias para aumentar nossa percepção do mundo, isso não acontece. E o que se vê não é uma procura por explicações e sim uma continuação do mundo real no virtual.


Quando alguém está sempre pensando em emitir opiniões que agradem a todos, pensando em forjar cenários para arrancar elogios, essa pessoa está fugindo cada vez mais da sua busca interior, para correr atrás do prazer barato, que causa um aplauso instantâneo. A partir do momento que o indivíduo fica o tempo todo tentando agradar Ã  sociedade, não está questionando esse meio em que vive. O meio já está consolidado e ele que precisa se encaixar. Esta pessoa se torna um alvo fácil de ser manipulado.


Exibicionismo


As redes sociais viraram uma grande fonte de alienação, quando poderiam ser exatamente o contrário. São usadas muito mais para exibicionismo do que para discussão de ideias. 


Estas novas ferramentas, que possibilitam tão facilmente sermos vistos uns pelos outros, em vez de despertar a curiosidade humana, despertou o narcisismo existente nas pessoas, e todos querem ser o centro das atenções, fazendo o possível para agradar a maioria e ser aceitos pela comunidade.


Então, quase ninguém mais tem um momento íntimo, de refletir, estudar o mundo ao redor, na tentativa de pôr as coisas em perspectiva.  O equilíbrio entre a vida privada e a vida social já não existe mais, porque as pessoas se põem o tempo todo sob a vigilância dos outros. O tempo todo vestem o uniforme da vida social, aquele que esconde as imperfeições e mostra somente o que querem que os outros enxerguem.


Não estão buscando a verdade dos fatos, não buscam entender de onde viemos e para onde vamos. A única coisa que importa é a escalada social, através de atos banais, que as façam subir no conceito dos outros.


Protestos


Há alguns meses, quando iniciaram os grandes protestos no Brasil, as redes sociais tiveram grande participação na proporção que o movimento tomou. Porém foi algo efêmero, pois quem passa o dia todo se preocupando com frivolidades não tem embasamento para sustentar uma manifestação democrática, apesar da maioria, sem dúvida, ter tido boas intenções na época. E quando as pessoas não sabem como prosseguir, o movimento acaba se perdendo por falta de sustância e cai em atos de vandalismo ou cai na mão de alguns grupos já existentes.


Por isso, não tem como dissociar a falta de vigor dos movimentos que emanam das redes sociais com a quantidade de futilidades que postam por lá.




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