Análise em Foco > Personalidade
DE COPENHAGEN AO RIO 2016, PASSANDO PELA VOLTA DE SCHUMI E A DERROTA DE BLUMENAU NO JASC
Terça-Feira, 12 de Janeiro de 2010

Para fechar nossa Retrospectiva 2009, publicamos a segunda parte da lista de fatos que escolhemos para produzir esta série de análises opinativas, abordando alguns dos acontecimentos mais relevantes do ano que chegou ao fim no último Réveillon.


Procuramos nos ater àquela que é nossa principal vocação: interpretar fatos, para dar ao internauta a possibilidade de entender a notícia, e não apenas consumi-la. É também a nossa mais importante missão: traduzir os acontecimentos.


Procuramos mesclar fatos internacionais, nacionais e regionais, sem preocupação com a cronologia ou temática de cada acontecimento. Nos guiamos pela relevância e amplitude dos episódios.


A seguir, você confere os últimos cinco dos 10 fatos que escolhemos para analisar:


1) CONFERÊNCIA DE COPENHAGEN


A Conferência de Copenhagen foi, sem dúvida, a grande decepção do ano. Quando toda a humanidade esperava que os líderes do Globo chegassem a um acordo sobre a necessidade de se poupar a natureza das agressões que estão colocando em risco a vida na Terra, eles saíram de lá sem se entender e cada um olhando apenas para o próprio umbigo.


Barack Obama, que tinha no encontro a última oportunidade para surpreender o mundo e fazer milhões de pessoas voltarem a acreditar nele como o salvador da espécie, fez igual a Bush: foi lá, apertou mãos, deu alguns sorrisos, discursou e voltou correndo para a Casa Branca fazer mais fogo nas chaminés da indústria norteamericana.


A China, por sua vez, usou como escudo humano os 300 milhões de chineses que ainda vivem na miséria no país de Mao Tse Tung e Deng Xiaoping, que a ferro e fogo implantaram no gigante asiático o que se chama hoje de socialismo de mercado.


Alegando que é preciso tirar essa gente da indigência, os chineses dizem que não podem diminuir o ritmo de sua economia, que cresce quase 15% ao ano. Já a pobre natureza, não precisa de cuidado algum, na ótica deles. Esquecem que o crescimento sustentado depende do uso racional dos recursos naturais. Daqui a 300 anos, quando não houver mais matas, petróleo e minério de ferro, eles voltarão a ser a república medieval e faminta que eram até meados do século 20.


O problema é que, até lá, talvez tenham destruído todo o planeta para resolver um problema que eles próprios criaram: miséria e o atraso.


2) OLIMPÃADA NO BRASIL


Depois de garantir a Copa do Mundo de 2014, o Brasil foi escolhido, em 2009, sede das Olimpíadas de 2016. Metade do país é contra e metade a favor. Quem é a favor, argumenta que o evento irá reforçar a infraestrutura do Rio de Janeiro (foto) e disseminar o Brasil como rota turística para visitantes do mundo inteiro.


Quem é contra sustenta que se gastará horrores de dinheiro para se erguer elefantes brancos que depois custarão caro para serem mantidos ou acabarão se transformando em matéria prima para pichadores e desocupados.


Mas a verdade é que todas as grandes cidades do mundo, a maioria delas localizada em continentes ricos, disputam o evento com muita dedicação. As estatísticas mostram que a ampla maioria das Olimpíadas foi realizada no primeiro mundo.


E a turma do PIB mundial, há que se reconhecer, não costuma dar pontos sem nó, ou colocar pregos sem estopa.


Eles sabem farejar boas oportunidades de negócio, e a Olimpíadas, de acordo com o faro deles, é excelente negócio. E então, quem tem razão? 


3) O TÃTULO DO FLAMENGO


Impossível não considerar o campeonato do clube carioca como um evento marcante do ano que passou. Com a maior torcida do maior país do futebol do planeta, no esporte que mais move pessoas e dinheiro, o triunfo do Urubu merece registro por mostrar que, minimamente organizado, um clube de futebol pode produzir excelentes resultados.


O Flamengo organizado? Sabe-se que não, infelizmente. Mas é justamente a desorganização do time que reforça a conclusão: se foi capaz de ganhar um título aos trancos e barrancos, o que não faria se, no lugar de sanguessugas, tivesse dirigentes de verdade no comando?


Possivelmente se tornaria um Real Madrid ou um Barcelona, pelo tamanho de sua torcida e pela projeção do futebol brasileiro no exterior. E toda a máquina futebolística nacional ganharia muito se o Flamengo extrapolasse fronteiras. Ou o Corinthians, que é outro clube de massa, entre outras agremiações do Brasil.


Vigorosa como é para gerar emprego e renda, a indústria do futebol acabaria faturando e investindo mais em solo brasileiro, melhorando a qualidade dos espetáculos e garantindo mais segurança para o torcedor. Um verdadeiro ciclo virtuoso. Tudo depende de uma renovação da cartolagem. Ou melhor, da extinção desta espécie daninha. 


4) A VOLTA DE MICHAEL SCHUMACHER ÀS PISTAS


A volta de um mito do esporte às disputas é sempre um acontecimento incomum. Tem altíssimo nível na escala do valor-notícia, um conceito jornalístico que atribui pesos de importância aos fatos narrados pela imprensa.


No caso de Schumacher, isto se amplifica pelo peso da própria carreira do alemão voador. Nos 14 anos em que competiu na Fórmula 1, acumulou quase todos os recordes da categoria, com exceção do números de GPs disputados, que é de Rubens Barrichello. Paralelo só existe no tênis, esporte em que o suíço Roger Federer detém boa parte das marcas.


Um terceiro elemento interessante marca a volta de Schumacher: ela se dá em um momento de ascensão dos “idosos†da categoria. Num esporte em que se começa a ficar velho aos 28 anos, o último campeonato foi disputado por Jenson Button, de 31 anos, e Rubens Barrichelo, de 37. Schumacher voltará aos 41 anos, e Jacques Villeneuve, de 38, anda conversando bastante nos bastidores para tentar voltar à principal categoria do automobilismo mundial.


Mark Webber, de 37 anos, seguirá ao lado de Sebastian Vettel na bem sucedida Red Bull. 


Alé de Barrichello, é claro, que, aos 38 anos, será primeiro piloto da consagrada equipe Willians. 2010 será mesmo o ano dos "vovôs" da Fórmula 1.


5) BLUMENAU PERDE OS JASC


Depois de seis títulos consecutivos, Blumenau perdeu os Jogos Abertos de Santa Catarina para Florianópolis, que fora também a última equipe a bater a hegemonia blumenauense no maior evento esportivo do Estado.


Para se ter ideia, nas 49 edições da competição, criada em 1960, Blumenau só não foi campeã em 9. Ou seja: os blumenauenses são donos de nada menos que 81,6% dos títulos dos Jasc. É um domínio digno de potência.

Uma potência que, no entanto, vem sofrendo ataques da concorrência e precisa se mexer para manter a hegemonia. Só nesta década, Blumenau perdeu três títulos nos Jasc, todos para Florianópolis.



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