Para fechar nossa Retrospectiva 2009, publicamos a segunda parte da lista de fatos que escolhemos para produzir esta série de análises opinativas, abordando alguns dos acontecimentos mais relevantes do ano que chegou ao fim no último Réveillon.
Procuramos nos ater à quela que é nossa principal vocação: interpretar fatos, para dar ao internauta a possibilidade de entender a notÃcia, e não apenas consumi-la. É também a nossa mais importante missão: traduzir os acontecimentos.
Procuramos mesclar fatos internacionais, nacionais e regionais, sem preocupação com a cronologia ou temática de cada acontecimento. Nos guiamos pela relevância e amplitude dos episódios.
A seguir, você confere os últimos cinco dos 10 fatos que escolhemos para analisar:
1) CONFERÊNCIA DE COPENHAGEN
A Conferência de Copenhagen foi, sem dúvida, a grande decepção do ano. Quando toda a humanidade esperava que os lÃderes do Globo chegassem a um acordo sobre a necessidade de se poupar a natureza das agressões que estão colocando em risco a vida na Terra, eles saÃram de lá sem se entender e cada um olhando apenas para o próprio umbigo.
Barack Obama, que tinha no encontro a última oportunidade para surpreender o mundo e fazer milhões de pessoas voltarem a acreditar nele como o salvador da espécie, fez igual a Bush: foi lá, apertou mãos, deu alguns sorrisos, discursou e voltou correndo para a Casa Branca fazer mais fogo nas chaminés da indústria norteamericana.
A China, por sua vez, usou como escudo humano os 300 milhões de chineses que ainda vivem na miséria no paÃs de Mao Tse Tung e Deng Xiaoping, que a ferro e fogo implantaram no gigante asiático o que se chama hoje de socialismo de mercado.
Alegando que é preciso tirar essa gente da indigência, os chineses dizem que não podem diminuir o ritmo de sua economia, que cresce quase 15% ao ano. Já a pobre natureza, não precisa de cuidado algum, na ótica deles. Esquecem que o crescimento sustentado depende do uso racional dos recursos naturais. Daqui a 300 anos, quando não houver mais matas, petróleo e minério de ferro, eles voltarão a ser a república medieval e faminta que eram até meados do século 20.
O problema é que, até lá, talvez tenham destruÃdo todo o planeta para resolver um problema que eles próprios criaram: miséria e o atraso.
2) OLIMPÃADA NO BRASIL
Depois de garantir a Copa do Mundo de 2014, o Brasil foi escolhido, em 2009, sede das OlimpÃadas de 2016. Metade do paÃs é contra e metade a favor. Quem é a favor, argumenta que o evento irá reforçar a infraestrutura do Rio de Janeiro (foto) e disseminar o Brasil como rota turÃstica para visitantes do mundo inteiro.
Quem é contra sustenta que se gastará horrores de dinheiro para se erguer elefantes brancos que depois custarão caro para serem mantidos ou acabarão se transformando em matéria prima para pichadores e desocupados.
Mas a verdade é que todas as grandes cidades do mundo, a maioria delas localizada em continentes ricos, disputam o evento com muita dedicação. As estatÃsticas mostram que a ampla maioria das OlimpÃadas foi realizada no primeiro mundo.
E a turma do PIB mundial, há que se reconhecer, não costuma dar pontos sem nó, ou colocar pregos sem estopa.
Eles sabem farejar boas oportunidades de negócio, e a OlimpÃadas, de acordo com o faro deles, é excelente negócio. E então, quem tem razão?
3) O TÃTULO DO FLAMENGO
ImpossÃvel não considerar o campeonato do clube carioca como um evento marcante do ano que passou. Com a maior torcida do maior paÃs do futebol do planeta, no esporte que mais move pessoas e dinheiro, o triunfo do Urubu merece registro por mostrar que, minimamente organizado, um clube de futebol pode produzir excelentes resultados.
O Flamengo organizado? Sabe-se que não, infelizmente. Mas é justamente a desorganização do time que reforça a conclusão: se foi capaz de ganhar um tÃtulo aos trancos e barrancos, o que não faria se, no lugar de sanguessugas, tivesse dirigentes de verdade no comando?
Possivelmente se tornaria um Real Madrid ou um Barcelona, pelo tamanho de sua torcida e pela projeção do futebol brasileiro no exterior. E toda a máquina futebolÃstica nacional ganharia muito se o Flamengo extrapolasse fronteiras. Ou o Corinthians, que é outro clube de massa, entre outras agremiações do Brasil.
Vigorosa como é para gerar emprego e renda, a indústria do futebol acabaria faturando e investindo mais em solo brasileiro, melhorando a qualidade dos espetáculos e garantindo mais segurança para o torcedor. Um verdadeiro ciclo virtuoso. Tudo depende de uma renovação da cartolagem. Ou melhor, da extinção desta espécie daninha.
4) A VOLTA DE MICHAEL SCHUMACHER ÀS PISTAS
A volta de um mito do esporte à s disputas é sempre um acontecimento incomum. Tem altÃssimo nÃvel na escala do valor-notÃcia, um conceito jornalÃstico que atribui pesos de importância aos fatos narrados pela imprensa.
No caso de Schumacher, isto se amplifica pelo peso da própria carreira do alemão voador. Nos 14 anos em que competiu na Fórmula 1, acumulou quase todos os recordes da categoria, com exceção do números de GPs disputados, que é de Rubens Barrichello. Paralelo só existe no tênis, esporte em que o suÃço Roger Federer detém boa parte das marcas.
Um terceiro elemento interessante marca a volta de Schumacher: ela se dá em um momento de ascensão dos “idosos†da categoria. Num esporte em que se começa a ficar velho aos 28 anos, o último campeonato foi disputado por Jenson Button, de 31 anos, e Rubens Barrichelo, de 37. Schumacher voltará aos 41 anos, e Jacques Villeneuve, de 38, anda conversando bastante nos bastidores para tentar voltar à principal categoria do automobilismo mundial.
Mark Webber, de 37 anos, seguirá ao lado de Sebastian Vettel na bem sucedida Red Bull.
Alé de Barrichello, é claro, que, aos 38 anos, será primeiro piloto da consagrada equipe Willians. 2010 será mesmo o ano dos "vovôs" da Fórmula 1.
5) BLUMENAU PERDE OS JASC
Depois de seis tÃtulos consecutivos, Blumenau perdeu os Jogos Abertos de Santa Catarina para Florianópolis, que fora também a última equipe a bater a hegemonia blumenauense no maior evento esportivo do Estado.
Para se ter ideia, nas 49 edições da competição, criada em 1960, Blumenau só não foi campeã em 9. Ou seja: os blumenauenses são donos de nada menos que 81,6% dos tÃtulos dos Jasc. É um domÃnio digno de potência.