Apesar de alguns surtos positivos aqui e ali, estourando como pipocas no meio de uma panela de milho queimado, o paÃs não vai nada bem. É só olhar para os números, que não mentem jamais, num plano geral.
O setor público, depois de mais de uma década, voltou a ter déficit primário no mês de agosto – e o pior: com as autoridades econômicas afirmando que isso não é um problema. Esta conta considera tudo que a máquina pública arrecada e tudo que ela gasta, desconsiderando apenas o pagamento dos juros da dÃvida. Desde 2001, quando o Banco Central iniciou a série histórica, o Tesouro registrava superávit primário em agosto, economizando dinheiro para pagar os juros da dÃvida pública (que ainda faz o paÃs ter déficit nominal em suas contas).
Lembrando: o principal problema do Brasil, que atravanca o crescimento e gera inflação, é o peso excessivo do Estado, que torra o dinheiro do cidadão e das empresas com ineficiência, corrupção e burocracia. Os recursos saem da sociedade através dos impostos e não retornam na mesma medida através de serviços e investimentos. Isso impede o paÃs de investir mais do que 18% de seu PIB em produção (a China, por exemplo, investe quase 40%) e esmaga a geração de renda e riquezas, permitindo ainda que as empresas possam reajustar preços ao invés de produzir mais na hora de adequar a oferta à demanda e equilibrar a relação entre produção e consumo.
Para constatar isso, basta ir a uma concessionária e checar o tempo de espera para um automóvel customizado do jeito que o cliente quer. O paÃs cresce pouco, mas a indústria automobilÃstica trabalha sem capacidade ociosa e com margem de lucro belÃssima, graças ao endividamento do consumidor, estimulado pelo governo. Quem ganha mais nessa história?