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OPINIÃO DO PORTAL
Terça-Feira, 17 de Dezembro de 2013

O superintendente da Caixa Econômica Federal argumenta que a instituição “tem todo o interesse de que as obras sejam realizadas de acordo com o que prevê o projeto, inclusive tomando medidas judiciais quando necessárioâ€. É uma postura inteligente e madura, dentro do que se espera de um agente público com a importância do banco estatal.


O grande problema do Minha Casa Minha Vida, no entanto, é justamente a má qualidade dos projetos. No dia 23 de maio de 2011, o Análise em Foco mostrava como um dos empreendimentos do programa em Blumenau apresentava problemas graves antes mesmo de ser entregue aos moradores – clique aqui e confira. Infiltrações e rachaduras, que já se pronunciavam nas paredes e janelas.


Depois disso novos problemas foram aparecendo, à medida em que novos empreendimentos foram sendo entregues aos mutuários. Se por trás das manifestações ocorridas durante a audiência pública desta segunda-feira há ou não motivações políticas, como gostam de sugerir por vezes partes envolvidas em questões polêmicas como esta, é o que menos importa. O fato é que os empreendimentos do Minha Casa Minha Vida deixam, sim, muito a desejar em termos de qualidade e infraestrutura.


Deixam muito a desejar também como ferramenta de inclusão social, pois famílias de baixa renda são reunidas às centenas em um novo lugar sem nenhum tipo de acompanhamento multidisciplinar, para que aprendam a conviver em condomínio e se organizar como grupo social. O resultado é que ninguém se entende e o clima depois de um tempo começa a pesar.


Quem voltar na história para fazer comparações, possivelmente concluirá que o padrão de moradia popular adotado pelo Minha Casa Minha Vida não difere muito dos programas habitacionais que, na década de 1960, iniciaram o processo de favelização das grandes cidades. Pessoas são amontoadas umas em cima das outras – ou ao lado, no caso dos condomímios horizontais – para conviver em infraestrutura duvidosa e sem nenhum tipo de mediação social por parte do poder público.


Neste contexto, talvez não seja um exagero abrir CPI para investigar a execução do programa, como chegaram a sugerir faixas e cartazes levados para a audiência pública desta segunda-feira. Ou permitirão que o Brasil continue plantando hoje as sementes das favelas de amanhã?


 




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