Análise em Foco > Personalidade
ENTRE AVANÇOS E RETROCESSOS, RISCO PERMANECE
Domingo, 22 de Dezembro de 2013

OPINIÃO DO ANÃLISE


O combate ao desmatamento da Amazônia obteve avanços significativos nos últimos anos. Pelo menos de acordo com os dados oficiais que se conhece, pode-se concluir que a morte de Chico Mendes não foi em vão.


No ano de sua morte, em 1988, foram desmatados 27,7 mil quilômetros quadrados de selva. Em 2013, segundo números preliminares do Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites (Prodes) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área desmatada foi de 5,8 mil quilômetros quadrados (entre agosto de 2012 e o mesmo mês de 2013), a segunda menor marca desde 1988 – 2012 foi o ano que registrou o menor patamar, com 4,5 mil quilômetros quadrados.


O problema, contudo, é que os cerca de 5 mil quilômetros quadrados que ainda estão sendo derrubados todos os anos são muita coisa. Equivalem a quase 20 municípios de algumas regiões amazônicas. Neste ritmo, darão à grande selva o mesmo destino que deram a sua prima-irmã, a Mata Atlântica, da qual hoje resta menos de 10% de remanescente original.


O argumento agora é de que os desmates na Amazônia são feitos em área inferiores a 25 hectares, invisíveis ao olhar dos satélites, ou na época do inverno amazônico, quando a alta nebulosidade dificulta a ação dos mesmos. Se for este o problema, que tratem de fazer a vigilância por terra, então, reforçando os efetivos, a frota e os equipamentos dos agentes fiscalizadores.


O que não se pode é ter outra meta que não seja o desmatamento zero da Amazônia, pois, cedo ou tarde, neste ritmo, ela vai sucumbir. Que cessem a gastança desenfreada da administração pública, para sobrar mais dinheiro no caixa da União. Assim se poderá investir bem mais na preservação da floresta. A manutenção de políticas assistencialistas e métodos perdulários de gestão, que hoje desperdiçam recursos públicos ao ritmo de uma hemorragia, trarão muito menos benefícios ao país do que a preservação de seu maior patrimônio natural.


Brasil só salvará a floresta se fizer uma revisão profunda de seus paradigmas de gestão e organização federativa. Do jeito que as coisas vão, terminaremos quebrados financeiramente e com um deserto no lugar da água, das árvores e dos animais que hoje fazem do Norte do país um dos biomas mais ricos do Planeta.


Abram o olho, senhores, pois logo será tarde demais. Se não fizerem nada, dentro de alguns anos estaremos chegando a outra conclusão, infelizmente: a de que a morte de Chico Mendes foi, sim, em vão.




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