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GOVERNO GASTOU MAIS E ARRECADOU MENOS EM 2009
Sexta-Feira, 05 de Fevereiro de 2010

A bomba relógio é um artefato explosivo que possui data e hora para ser acionado, ou seja, é um relógio que acionará uma bomba grudada nele conforme foi programado. A grande sacada desse artefato é que explode de forma tardia e de maneira que o autor não precise estar na cena do crime.


Embora muito comuns em filmes americanos que tratam de espionagem ou de temas policiais, os verdadeiros especialistas parecem ser os políticos brasileiros, e, nesse caso, o governo brasileiro.


A União tem aumentado sistematicamente suas despesas, enquanto cai a sua arrecadação. Para se ter ideia da dinheirama que é isso tudo, nos oito primeiros meses de 2009, as receitas do governo caíram 1,5% em relação ao mesmo período de 2008, mas as despesas cresceram 16,1% no ano.


Falando em dinheiro, as despesas, que, no período de janeiro a agosto de 2008, eram de R$ 306 bilhões, saltaram para R$ 356 bilhões em igual período de 2009. As receitas totais, que somaram R$ 462 bilhões nos oito primeiros meses de 2009, atingiram R$ 466 bilhões em igual período de 2008. Ou seja, estamos falando que o governo brasileiro gastou R$ 50 bilhões a mais do que no ano anterior, ao mesmo tempo em que diminuiu a sua receita em R$ 8 bilhões. Isso é perigoso, Sim.


De acordo com o Tesouro Nacional, as despesas com pessoal subiram 25,36% no primeiro bimestre de 2009. Isso significa que o problema dessa gastança é que ela está acontecendo não em investimentos, o que seria uma benção para a sociedade produtiva, e que paga impostos e promove o desenvolvimento do país, mas estamos falando em aumento de pessoal, ou seja, custos diretos na folha de pagamento do governo (criação de cargos comissionados, contratação de concursados, etc).


Resta ao governo federal, caso não tenhamos um aumento real de arrecadação, cortar despesas, porém, é provável que esses cortes ocorram, principalmente, nos investimentos e infraestrutura, repasses aos Estados e nos orçamentos do Congresso Nacional.


Temo também que o governo federal use a queda na arrecadação para convencer o congresso e a população da necessidade de se criar novos impostos, que já batem a inacreditável carga tributária de 40%. Nós que pagamos sentimos no bolso essa situação.


Por isso tudo falei em bomba relógio, o aumento com os custos de pessoal (ainda mais em esfera pública), se não for compensado com uma arrecadação compatível, é sempre perigoso, pois se tornando um custo fixo (como está sendo o caso), suga recursos para investimentos em infra-estrutura, força um aumento na arrecadação (mais impostos) e pode estimular ainda a emissão de mais moeda (causador da inflação).  Essa bomba não será sentida no governo Lula (e ele sabe disso), mas sim nos próximos anos, independentemente do partido que assumir o próximo governo. Será uma verdadeira herança maldita, e se essa bomba não for desarmada logo, no final ela vai mesmo é explodir no nosso bolso.


 


Por Malcon Tafner, reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci, professor do Instituto Catarinense de Pós-Graduação (ICPG) e gestor do Grupo Uniasselvi.



 




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