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QUEM PERDER A ELEIÇÃO TAMBÉM PRECISA PENSAR NO BRASIL
Segunda-Feira, 08 de Setembro de 2014

EDITORIAL AeF


Caríssimos senhores candidatos a presidente da república, nós, brasileiros, queremos fazer um pedido muito especial aos que perderem a eleição: não promovam, junto com seus partidos, movimentos revanchistas para dificultar a vida de quem ganhar. Exerçam uma oposição firme e fiscalizadora, mas responsável e propositiva.


Um pedido que se deve dirigir principalmente ao PT, que no passado já fez uma oposição para lá de irresponsável  e oportunista â€“ sendo contra, por exemplo, à proposta de criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, enviada ao Congresso pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e aprovada pelo Parlamento, a despeito do comportamento injustificável dos deputados petistas.


Pois a LRF foi o grande marco da administração pública no Brasil, organizando as contas do governo, dificultando a vida dos gestores mais irresponsáveis e permitindo à União ter alguma coisa em caixa para investir – embora seja menos que o mínimo desejável para um país que arrecada tanto com impostos. De qualquer forma, sem a Lei de Responsabilidade Fiscal, a situação seria ainda pior.


A própria farra proselitista dos petistas, que entregaram-se de corpo e alma a perdulária política assistencialista (que deu resultado inicial, por um lado, e levou a uma conversão em massa do eleitorado, por outro) jamais teria sido possível sem a organização das contas públicas, sem os limites da responsabilidade fiscal.


Aprendizado e elegância


Espera-se que agora, num eventual cenário de vitória da oposição (conjectura factível no momento, pelo que indicam as pesquisas), o PT utilize o aprendizado obtido em 12 anos de poder para se comportar com mais decência e responsabilidade do outro lado do balcão. Num momento em que analistas demonstram temor pelo que poderia vir a ser uma oposição petista no caso de derrota da presidenta Dilma Rousseff, é de se esperar que, na hipótese de não vencer a eleição, o partido mostre, enfim, que está ao lado do Brasil, e não apenas de seus próprios interesses. Seria hora de mostrar que tem fair play, que sabe jogar com elegância, que mereceria voltar ao poder em momento oportuno.


Quanto aos demais candidatos, não há muito o que temer, pelo que já demonstraram nos últimos 12 anos. O PSDB de Aécio Neves foi praticamente um cordeirinho, não se sabe exatamente se por respeito à instituição e à governabilidade  ou por rabo preso. O fato é que fez uma oposição para lá de limitada. Já o PSB foi governo por 11 anos e seis meses e agora, pelo que se anda vendo nas denúncias do Mensalão 2, pode ter que falar menos do que gostaria no caso de ir pro banco de reserva. 


Nervos


De qualquer forma, a distância do poder pode mexer com os nervos de ambos e levá-los a um sentimento de revanchismo, a uma luta pela desmoralização do PT no caso da reeleição de Dilma. Pois é preciso, definitivamente, que tragam um exemplo diferente. Que façam uma oposição mais eficiente do que a feita até agora, mas sem as apelações já feitas pelos petistas no passado.


E o PMDB, pode, enfim, virar oposição? Difícil, realmente muito difícil acreditar nisso. De qualquer forma, o próximo presidente, se não for Dilma, bem que poderia tentar governar sem entregar ministérios para Michel, Renan, Sarney e sua turma. Só para descobrirmos se o espírito de civilidade e respeito à democracia que eles dizem ter é princípio ou apenas frase de efeito para época de eleição.




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